6 de julho de 2010

Quanto Vale um Egresso?




Vídeo-documentário que eu e um amigo da faculdade fizemos como resultado do I Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão (2009), promovido pelo Instituto Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos. O vídeo tem como objetivo compreender as dificuldades de reintegração social de egressos do sistema penitenciário, abordando o tema de uma maneira humanizada.

Direção: Leandro Siqueira e Renato Santana

Em agosto de 2010, o Jornal da Gazeta fez uma matéria sobre o documentário.
Também em agosto, o Estadão divulgou o vídeo em sua página na internet.

Repórter MAM

O tarefa era visitar o Museu de Arte Moderna de São Paulo e fazer uma reportagem sobre a exposição. Eu e uma amiga (o trabalho era dupla) resolvemos apresentar o texto de uma forma diferente: diagramado em uma revista. O resultado ficou bem bacana. Confiram!


Português Hiperbólico 5

Ela era dócil, um pouco difícil, odiava o ócio, resolveu então abrir um negócio. Montou um consórcio e me largou no altar por um dos sócios, um argentino dono de um palácio. Veio o divórcio. Eu já sabia que a vida não era fácil, mas tudo parece ter um "que" de fictício. Me sinto um lixo, uma peça antiga, um fóssil. Eu quero um beijo e um pedaço de carinho embrulhado num 'abrácio'. Joguem fora o ursinho de pelúcia.

Português Hiperbólico 4

Ele tinha medo de lugar fechado: era claustrofóbico. Um dia ficou preso no elevador: foi catastrófico. O jeito foi relaxar: com alucinógenos. No final foi resgatado: por paramédicos.

A Minas, o que é de Minas

Para quem fala de amor, o meu carinho.
Para quem fala de Deus, a minha benção.
Para quem falam de paz, o meu sossego.
Para os que falam de Minas, um pão de queijo.

Português Hiperbólico 3

Seu Castilho era um velho com problema nos olhos. Só comia macarrão ao alho e óleo. Um dia, porém, lhe serviram com molho. E logo ele esbrabejou: "Que caralho!"

Crescer e aparecer

Eu fico imaginando se aquelas mulheres de comercial de cerveja, na época em que eram crianças, e alguém lhes perguntava o que queriam ser quando crescessem, respondiam: "um estereótipo".

Português Hiperbólico 2

Mais do que grande, o tombo foi gigante. Ela me disse toda saltitante: "Amor, tenho um amante". Foi estonteante. Seria a minha vida um conto de Cervantes ou a realidade é assim mesmo, deveras dilacerante? Perguntei titubeante: "Não me amas como antes?" A resposta foi cortante. Fiquei triste. E não rimei mais por nenhum instante.

Olha só que coisa estranha

Seus olhos eram pintados, sua boca sedutora
Só usava minissaia e rebolava a noite toda
Ela até que era bonita, mas não sabia lavar louça
Daria uma boa modelo, mas não uma boa esposa
Esses versos são sim machistas, porém nada escabroso
Pior seria se eu dissesse, que essa moça é um moço

Resumo da Ópera: Dom Quixote

Dom Quixote era um cara estranho, achava que vivia num sonho e, embora fosse risonho, nunca foi de morder a fronha. Gostava de Dulcinéia, foram juntos tomar banho, ela riu de seu "tamanho" e ele ficou todo tristonho. Desde então foi algo medonho, desgarrou-se de seu rebanho e ao lhe perguntarem sobre moinhos, respondia:
- Deles, eu ganho.

Ode ao pé e derivados

Ele possuía próteses no lugar de pernas. E ainda assim corria maratonas todos os anos. Era um bom atleta. Porém, certa vez, a prótese quebrou-se ao meio durante uma corrida, perto da linha de chegada, fazendo-o perder uma prova quase certa. Quem diria: a perna o havia deixado na mão. Seria ele um verdadeiro pé frio?

O jeito era relaxar, comer um pé de moleque e talvez, quem sabe, dançar um pouco. Ouvira dizer que ele era um dos melhores pé de valsa da cidade. Outros, porém, me diziam que ele não passava de um pé rapado. Na dúvida, fiquei com um pé atrás. Afinal de contas, não dá para levar tudo o que dizem ao pé da letra. Mas amanhã será um novo dia e, na próxima corrida, que ele comece com o pé direito.

Toda essa história, sem pé nem cabeça, me foi contada ao pé do ouvido por uma senhora que conheci no metrô. Estava de pé, e ela, sentada. Ao abaixar-me para conversarmos pude reparar nos pés de galinha que marcavam fortemente seu já bem usado rosto. Que seja tudo verdade, pois contar mentiras é dar tiro no próprio pé. Como diz o ditado: mentira tem perna curta.

Contou-me também que era atriz. "De cinema?", perguntei. "Não, de teatro", esclareceu-me. Inclusive, estava a caminho da sala de espetáculos. Apresentaria-se dentro de pouco tempo numa readaptação de Footloose. "Pois então quebre a perna", respondi, desejando-lhe sorte. Ela sorriu e me agradeceu pelos votos de sucesso. Em retribuição, me deu um pé de coelho para me proteger. Despedimo-nos e fui para casa.

No caminho resolvi passar no supermercado. Não sei por que, mas estava com uma vontade louca de comprar um pé de alface. No caixa, reparei numa mulher grávida que encontrava dificuldades em embrulhar suas compras. Ela me viu e pediu ajuda. Fingi que não a vi fui embora dando uma de João sem braço.

Ao chegar em casa não encontrei ninguém. Vi um recado de minha esposa no criado-mudo: “Querido, fui embora”. Meu Deus, ela pôs o pé na estrada! O jeito era apertar os passos e descobrir para onde ela havia ido. Bati o pé decidido que iria encontrá-la, seja onde for que ela estivesse. Nem que precisasse ir a todos os hotéis do Estado, arrombando quarto por quarto com um pé de cabra. Na ânsia, fui atropelado. O final de tudo não foi dos melhores: bati as botas.

A saga de João Amélio

Eram 2 horas quando João Amélio sentiu seu coração bater mais rápido. Às 3h, ele parou. Às 4h, já era tarde quando a família chegou em casa. Às 5h, entrou na ambulância. Às 6h, chegou ao hospital. Às 7h, foi atendido. Mas no fundo nem precisava. Às 8h, foi dado como morto. Nunca conheci João Amélio. Nem antes nem depois das três.

Resumo da ópera: Supermam

Ele era um super-homem, com superpoderes
Dos seus olhos saía um raio laser
Seu verdadeiro nome era Clark Kent
Um apaixonado por Lois Lane

Português Hiperbólico 1

Ela era prática e decorava bolos com uma espátula: de cholocate, de avelã ou de amendôas da Malásia. Originária das mãos de um autor de mente mágica, levava uma vida bem bucólica. Transparecia uma aura angélica e nostálgica. Quem essa é essa criatura enigmática de quem eu falo nessas rimas hiperbólicas: seria ela a tranquila Dona Benta ou a psicodélica Tia Anastácia?

O dia de do Carmo

Maria do Carmo acorda todos os dias às 4h30 da manhã para trabalhar. Às 5, sai do banho. Às 5h20, toma café. Às 6, tranca o portão de casa. Às 6h50, desce do ônibus. Às 7h15, é encochada no metrô. É o ponto alto do seu dia. Nunca conheci Maria do Carmo. Nem no sentido Jabaquara ou Tucuruvi.

5 de julho de 2010

Síndrome de João e Maria

Com a aproximação do Natal, a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a de lojas abarrotada de pessoas em busca de presentes. Já para quem passa o 24 de dezembro na cozinha, contudo, a preocupação é com o preparo da ceia. Não raramente, costuma-se haver um abundância de comida nessa época que deixa qualquer um banquete real no chinelo. Aliás, há de se convir que a comida se inseriu de tal forma na cultura brasileira, que é humanamente impossível a prática de dietas e regimes alimentares. A disposição dos feriados e de outras datas comemorativas no calendário é feita de tal maneira que compreende-se porque 43,3% da população brasileira que vive nas capitais estão acima do peso, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.

Em 25 de dezembro, temos o Natal, período no qual comida não é problema: come-se peru, pernil, tender, arroz, farofa, peixe, nozes, castanhas, frutas cristalizadas, frutas secas, frutas em calda, panetone, chocotone e, para não pesar demais, uma saladinha, claro. Tudo bem que às vezes as pessoas mais comida do que comem - vai ver é o tal espírito natalino, notoriamente generoso -, mas que o Natal representa o ápice do pecado da gula, não há como negar.

Acabou o Natal, e você então pensa: “Ah, agora eu vou entrar naquele regime que há tento tempo eu estou pensando em fazer”. Ledo engano. Você e sua família cozinharam uma variedade enorme de pratos; é comida para a semana toda. Após constatar essa fatalidade, você se resigna e se esforça ao máximo no nobre objetivo de evitar o desperdício de alimentos.

Quando a semana vai se aproximando de seu fim, você percebe mais uma verdade da qual não é possível fugir: o Ano Novo. A segunda data mais “engordativa“ do nosso calendário acontece exatamente uma semana após a mais “engordativa”. Coincidência? Sim, coincidência. Mas, convenhamos, uma infeliz coincidência para mim, para você e para todos que querem perder aqueles quilinhos a mais, agregados durante o Natal.

O cardápio do Ano Novo, vulgo Réveillon, não difere muito das iguarias natalinas. Inclua agora cem gramas de lentilha, cachos de uva, uma romã, nhoque e algumas garrafas de cidra. Nessa época do ano você só não vê mais comida do que formas de simpatias e gente vestindo branco.
Acabou o Ano Novo! Você agora está definitivamente de regime. Não há volta em relação a isso. É verão, todo mundo corre pelas ruas exibindo seus abdomens sarados, e você também quer fazer parte deste seleto grupo.

Pouco mais de um mês fazendo trinta longos minutos de exercícios quase diários e tentando ao máximo não comer em excesso, você se surpreende mais uma vez: “skindô-skindô”, lá vem o Carnaval. E pior: junto com aquele feriado prolongado.

Aí já viu, né? Litros e litros de cerveja, petiscos, frituras e mais cerveja se acumulando na sua barriga. Quando finalmente a folia acaba, vem aquele feriado prolongado e como se não bastasse a sua empresa ainda deixou os funcionários assistirem as apurações das escolas do Rio e de São Paulo em casa. Você vivenciará então três dias de nervosismo e ansiedade para saber se nesse ano sua escola finalmente vai levar o título. Agora, leitor, me diga: qual é o melhor jeito de curar a ansiedade? Exatamente... comendo! Mais cerveja, mais fritura e mais cerveja.

É, companheiro, seu começo de ano não foi dos melhores, mas agora está tudo sob controle... porém, não sob o seu. Já se passou pouco mais de um mês desde as suas últimas aventuras alimentícias. Você já até começou a notar um músculo ou outro que antes não via. Já está pensando nas férias de meio de ano e naquela viagem à praia onde você, finalmente, vai poder exibir seu peitoral recém-esculpido. Mas é como diz o ditado: felicidade de pobre dura pouco (porque se você fosse rico já teria feito uma lipoaspiração e terminado com tudo isso). Você olha para o horizonte cronológico que se apresenta a você e de repente se depara com o inevitável: o coelhinho da páscoa pulando com uma cesta de chocolate.

Cá entre nós, não há como resistir aos encantos da Páscoa; o que dirá, então, aos “encantos” do chocolate, ainda mais na forma de ovo, ou de coelho, ou de cenoura, ou de castelo... Não há quem não goste de chocolate. Ele sim é o símbolo do pecado. Sempre desconfie de quem lhe disser que eva mordeu uma maçã ao sucumbir aos pecados mundanos. Sua mordida foi, sim, numa barra de chocolate. A questão é que um pedaço mínimo de chocolate possui um milhão e trezentas calorias. Então por menos que você coma, não há como fugir de dar adeus àqueles músculos que você tão bem havia recepcionado.

Bom, a Páscoa acaba e você imagina o que mais esta por vir, correto? É hora da Festa Junina, meu caro. Prepare-se para comer todo tipo de comida à base de milho, chimarrão, maçã doce, algodão doce, galinha na panela, galinhada, galinha ao forno, galinha doce e toda e qualquer forma que uma galinha puder ser preparada comestivelmente.

O ano já passou de sua metade e já foi possível perceber o poder da comida em nossa cultura. Simplesmente, não há regime que resista. Parece que o universo conspira contra os gordinhos. Assim, você passará dias, semanas e até meses lamentado-se pelo triste fado que lhe corroera o futuro... e, claro, comendo essas lamentações. Tudo isso ocorre sem levar-se em considerações outras datas com potencial de engorda como aniversários, dia dos pais, dia das mães e festas típicas às quais costuma-se ir.

Não sei a quem tanto interessa um mundo recheado de pessoas mais gordinhas. Só sei que precisamos agir, levantar da cadeira e fazer algo a respeito. Mas enquanto a gente não decide como tudo isso vai ser organizado... eu vou na cozinha preparar um lanchinho e já volto.

4 de julho de 2010

Convite TCC

Como já comentei certa vez, design gráfico é uma das minhas "paixões". Embora me falte conhecimento na área, é sem dúvida algum um divertimento no qual pretendo me aprofundar. Abaixo segue uma variação da capa do meu TCC, que eu acabei transformando em um convite para o dia da minha banca. Até que ficou legal.

3 de julho de 2010

Brasil volta para casa

Ah, o futebol! Paixão nacional. Em anos de Copa do Mundo, então: tesão nacional. Após uma campanha decepcionante no mundial da África do Sul, a (horrível) imprensa esportiva já definiu seus vilões: Felipe Melo e Dunga.

Diferentemente da visão deveras simplificadora que acomete nossa (horrível) imprensa esportiva, eu acredito que nada é preto no branco, oito ou oitenta. hà variações a serem consideradas. No caso do desempenho da seleção, é importante observar-se erros e acertos desde quadriênio no qual o técnico Dunga esteve à frente de seu comando.

ERROS

- Convocação: eu entendo que os critérios adotados pelo Dunga não tenham sido meramente técnicos. Ele se preocupou também em levar jogadores de sua confiança e que formassem um grupo forte e unido. Acredito que não há fórmulas definidas de sucesso – sobretudo no imprevisível e mágico universo do futebol. Há diversas linhas de ação para que um treinador aja e, dentro de cada uma delas, é possível realizar um trabalho bem sucedido, um time campeão.

De qualquer maneira, a falta de um meia mais ofensivo para fazer a composição com Kaká me pareceu uma insistência inócua do Dunga. Isso não apenas vai contra a história do futebol brasileiro (e portanto ele deu pessoalidade demais à seleção, sendo ela um patrimônio de todos), como também limita técnica e taticamente qualquer equipe. Não custa nada ter uma alternativa a mais para variar partidas mais complicadas.

É um erro relativamente grave, mas que, tendo em vista a forma como a seleção foi eliminada, é atenuado conforme apontamentos feitos abaixo, nas considerações sobre os acertos da seleção na Copa.

- Insistência: por mais unido que fosse o grupo, insistir com alguns jogadores como o Michel Bastos foi um erro. Faltou ao Dunga sensibilidade para substituir alguns jogadores em momentos-chaves das partidas. Faltou também, consequentemente, melhor aproveitamento do banco.

- Trabalho Psicológico: a forma como se deu a eliminação brasileira, mostrou que os jogadores estavam desfocados em relação ao grande objetivo do hexacampeonato. Ou entraram excessivamente confiantes – o que os levou à derrota; ou entraram focados, mas o gol de empate holandês (e posteriormente o da virada) lhes atacaram de tal maneira, que eles não souberam assimilar o resultado adverso (ao contrário dos holandeses, que se mantiveram inabalados, mesmo enquanto estavam perdendo) – o que os levou à derrota.

Adendo de 8 de julho: Apesar da derrota para a Holanda numa das semi-finais, o Uruguai fez uma campanha belíssima nessa Copa e pode inclusive terminá-la com um belo terceiro lugar. Essa situação me fez aumentar um pouco mais a culpa de Dunga e também, claro, do próprio time brasileiro. Se Oscar Tabárez, tecnico do Uruguai, conseguiu levar uma equipe limitada, como é o caso da uruguaia (apesar de bons talentos individuais como Lugano, Suárez e Forlán) à decisão de terceiro lugar, porque o Brasil não conseguiu, tendo um time melhor? Tudo bem que pegou a finalista Holanda no meio do caminho, que de fato tem um time melhor. Mas mesmo assim, faltou um pouco de garra à seleção.

Os jogos do Uruguai, por exemplo, foram todos emocionantes, excitantes. Sem contar que eles possuem um craque (Forlán) que decidiu várias das partidas. E isso faltou ao Brasil. Um jogador decisivo. Um Craque. O cara que batesse no peito e chamasse a responsabilidade para si.

Kaká, a princípio, seria esse jogador decisivo. Mas devido à sua contusão, não pode sê-lo nessa Copa. E a seguinte constatação me entristece: tirando o Kaká, não há jogador brasileiro que decide jogo? Quem seria esse cara? Ronaldinho Gaúcho, Robinho? Duvido muito. Será que faltou talento a essa geração brasileira?

ACERTOS

- Convocação: sim, ao mesmo tempo em que foi um erro, ela foi um acerto. Por isso que eu digo que a campanha brasileira não pode ser vista por um viés simplificador, ou seja, como faz a nossa (horrível) imprensa esportiva.

Bom, já apontei o porquê de ter considerado a convocação do Dunga um erro. Agora, uma vez convocada e uma vez que a bola começou a rolar em solo sulafricano, o Brasil mostrou sim futebol para ir longe na competição. De certo não mostrou o melhor futebol de todos, mas era razoável. Não fazia jus às seleções de outrora, mas era o suficiente para chegar numa semi-final, por exemplo; ou até mesmo a uma final, quem sabe. Sem contar que a história do esporte bretão já nos mostrou, em diversas ocasiões, que um apanhando de bons nomes não é o suficiente para se alcançar o sucesso: 2006 está aí, recente na nossa memória.

O que faltou ao Brasil, mais do que qualidade técnica (quem diria, por exemplo, que jogadores como Elano e Ramires fariam falta à seleção), foi inteligência emocional. Embora tenha feito um primeiro tempo genial contra a Holanda, fez um segundo desastroso. Jogadores como Robinho, Kaká, Lúcio e Gilberto Silva, por exemplo, que deveriam ter feito chover em campo naquele momento de adversidade e de pressão holandesa, simplesmente sumiram. Ignoraram seus papéis de liderança, suas experiências em decisões, e deixaram se abater.

Convocar Ronaldinho Gaúcho, Ganso, Neymar ou Pelé não faria diferença naquele instante. Porque não tínhamos jogadores ruins em campo, mas sim um time morto. Ironicamente, um dos pontos que o Dunga tanto valorizou, que foi o de montar um grupo unido e de jogadores com paixão pela camisa amarela, foi o que nos derrubou na Copa do Mundo. São contradições que não se explicam.

- Paixão: trazer de volta paixão pela seleção brasileira, tanto dos jogadores (que agora querem mesmo vestir a amarelinhas) como dos torcedores, que mesmo não gostando da convocação, acreditava e torcia muito para que o Brasil fosse longe.

- Imprensa: colocar a (horrível) imprensa esportiva no lugar dela, montando uma barreira contra os boatos e intrigas que toda hora surgem foi um grande feito. Chamar o Alex Escobar de cagão, como fez o Dunga, sem dúvida alguma é um ato desnecessário. Mas mostrar-se inabalado aos sutis insultos dos palpiteiros de plantão, que usam e abusam de seu poder midiático para impor suas ideias, foi um mérito muito digno do Dunga. Ao longo desses quatro anos foram ofensas à sua educação, ao seu trabalho, misturando o pessoal com o profissional. A (horrível) imprensa esportiva brasileira mereceu!

- Tática: o Brasil tinha um bom esquema tático, sobretudo na parte defesniva, sempre muito bem postada. Não apenas a zaga, que é muito boa, como também a marcação desde o meio de campo. O ataque, óbvio, deixou a desejar: resultado de um estilo defensivo do técnico Dunga e da falta de inspiração de volantes que sabem sair com a bola, mas que nesse Mundial erravam passes como nunca vi. Pode ser considerado um erro também, uma vez que a convocação tem influência na armação tática da equipe.

Pois bem, essas são apenas alguma considerações referentes ao trabalho do Dunga frente a seleção, especialmente durante a Copa do Mundo de 2010. Como é possível perceber, não é um objeto fácil de analisar. Muito pelo contrário, é extremamente complexo. Por isso acho importante analisar e entender o que houve de bom e o que houve de ruim – porque certamente existiram variações desses dois fatores.

Não é apenas a concentração em Weggis ou o meião do Roberto Carlos que causam a derrota de uma seleção. Não é apenas a expulsão do Felipe Melo ou mau humor do Dunga que nos tiraram o hexa.

2 de julho de 2010

Toca Raul!

Galera, quando eu estava no quarto semestre da faculdade, eu e uns amigos fizemos um rádio-documentário sobre um dos maiores ícones do rock nacional, o grande Raul Seixas. Na barra lateral direita do blog, aliás, é possível encontrar o link pelo qual é possível ouvir o documentário na íntegra. São 16 minutos recheados de música e de declarações emocionantes de amigos e familiares de Raul.

O trabalho final com bem interessante. Tanto que acabamos inscrevendo-o no concurso da Rádio Cultura AM, aqui de São Paulo, que incentiva a produção radiofônica universitária. Lucidez de um Maluco foi exibido logo no primeiro dia.

28 de dezembro de 2008

Cuidado

Desde jovem ela guardava todas as embalagens de bombons que seus antigos amores lhe davam. Era como todas as outras garotas. Porém, um dia acordou e percebeu que seu diário estava cheio de formigas.

24 de dezembro de 2008

Natal em tempos de crise...

Em tempos em que a humanidade esteve submetida a uma forte crise econômica mundial, espero que, em 2009, todos vocês, caros leitores, tenham muita felicidade, alegria, sucesso profissional, saúde, mas, acima de tudo, muita liquidez!!

8 de dezembro de 2008

Consciência

Ela meu deu dez centavos a mais no troco. Uma parte de mim queria ficar o dinheiro. Mas a outra me convenceu do contrário. Devolvi. Oras, eram apenas dez centavos! Talvez eu seja ético demais.

3 de dezembro de 2008

Precaução

Juca era precavido demais. Na brincadeira de amigo-secreto da empresa, esqueceu quem havia tirado no sorteio. Resolveu comprar presentes para todo mundo. Eram 58 funcionários.

3 de setembro de 2008

Questões sobre o iogurte

Muitas pessoas dizem que a jogatina é algo perigoso. Bem, eu tenho uma opinião diferente sobre isso. Eu sempre fui uma pessoa muito forte, não só fisicamente quanto mentalmente também. Essa minha personalidade intensa fez com que eu pudesse evitar situações ao longo da minha vida, que poderiam ter me levado ao caminho do mal. Dito isto, é com orgulho que eu reconheço que, depois do álcool, das drogas, da comida, dos remédios de tarja preta, do cigarro, do açúcar e da cola, a jogatina é uma das poucas coisas nas quais eu já me viciei.

Hoje, eu quero contar-lhes sobre minha experiência pessoal em enfrentar esse problema e como eu pude superá-lo. Uma história tão impressionante que estou inclusive pensando em escrever um livro de auto-ajuda para auxiliar outros que sofrem do mesmo mal e, claro, ganhar muito dinheiro.

Tudo começou quando eu era apenas uma criança. Eu estava fazendo um trabalho qualquer para ser entregue na faculdade no dia seguinte quando uma amiga me ligou e perguntou se eu não queria ir até sua casa para jogarmos pôquer. Como eu sabia que o trabalho não valia nota mesmo - era apenas para aumentar meu conhecimento e intelecto - eu o deixei de lado e fui até a casa de minha amiga. O que eu não sabia é que ela vivia numa casa de prostituição.

Isso, até certo ponto, foi um inconveniente, pois eu estava num lugar que me remetia a todos os meus vícios anteriores. Depois de duas horas de jogo, eu estava ficando louco com o barulho das pessoas fazendo sexo, com a fumaça que dominava o ambiente, com o cheiro forte do absinto que ela bebia, enfim, era uma sensação horrível - parecia um domingo em família.

Apesar de toda a pressão, fui forte e consegui resistir à tentação de me entregar aos diversos pecados que me rondavam. Ao unir toda a minha força interior, consegui manter-me sereno e agi normalmente durante a partida de pôquer. Depois de já estarmos nus e em estado alterado de consciência, essa minha amiga (cujo nome não me lembro, mas minha melhor amiga, sem dúvidas) propôs que começássemos a apostar. Eu achei a idéia interessante, mas o que nós poderíamos apostar? Ela recomendou que apostássemos dinheiro, mas eu estava sem um centavo no bolso. Aliás, não tinha nem bolso naquele momento. Então, ela teve a idéia de apostarmos cerveja, mas, devido aos meus problemas prévios com a bebida, achei melhor dizer não. Ela então propôs cigarros e heroína, mas, novamente, eu tive que declinar. Após muita discussão sobre o que apostaríamos, finalmente chegamos a um consenso: iogurte.

Sim, iogurte. Havia de sobra na geladeira e portanto por que não usá-los? E lá fomos nós. Eu comecei a ganhar todas as partidas e, claro, mais e mais iogurte. Eu estava feliz! No pôquer normal existem aquelas fichas coloridas que representam a quantidade de dinheiro que você aposta. No pôquer com iogurte - o que eu prefiro chamar de pogurt (lê-se "pogurt") - o iogurte em si representa o valor posto em jogo, que varia de acordo com o sabor.

Obviamente, o Parmalat desnatado com nozes e vitaminado com lactobacilos casei shirota é o mais valioso de todos. No pogurt, mesmo se você for de "all in" pode ser que você não consiga cobrir a aposta inicial caso ela inclua um desses. Não quero me gabar, mas eu até que tinha vários. Minha amiga, no final do jogo, coitada!, ficou apenas com um integral de cenoura com mel e um feito de leite de tofu (impressiona-me como hoje em dia fazem tudo com tofu. Esses japoneses...).

Enfim, para encurtar a história, duas semanas depois, quando eu saía da cadeia após ter tentado roubar a seção de laticínios e derivados de um supermercado e pesando 150 quilos, eu finalmente percebi que eu, de fato, tinha um problema: mau hálito. Comer tanto iogurte acabou me fazendo mal. Meus amigos e familiares disseram que o problema era mais sério, que envolvia vício em jogo e em iogurte. Delírios à parte, eu disse que era apenas impressão deles. Eu estava normal, iogurtemente normal.

Concluindo, depois de um ano em coma, eu finalmente melhorei. E tudo por que eu sempre fui uma pessoa de mente forte. Espero que isso possa ajudar todos vocês a progredirem em suas vidas. Nunca cedam às tentações. E resistam como eu.

29 de janeiro de 2008

"Só consegue alguma coisa quem se dedica muito"

Como esse é um blog feito por um estudante de jornalismo, resolvi colocar aqui uma entrevista que fiz em outubro de 2006 com o jornalista Marco Antônio Rodrigues, mais conhecido pelos seus comentários no programa esportivo Arena SporTV. A entrevista foi feita para um trabalho sobre telejornalismo.

Acredito que seja algo útil não apenas para quem estuda Jornalismo, como também para quem goste de se informar e de saber o que pensa um profissional da maior emissora televisiva do país.

O texto contém diversos erros de português e repetições exageradas, pois é a transcrição não revisada da entrevista. Tentei tirar os erros mais gritantes, mas de qualquer forma acredito que não há nada que interfira a compreensão do texto.

Marco Antonio Rodrigues é nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, e é formado em Jornalismo pela ECA-USP e já trabalhou na Gazeta Esportiva, no Diário Popular, na Folha de São Paulo, no Jornal da Tarde, na Tv Record e na Tv Gazeta. Na Rede Globo, onde trabalha há 28 anos, comanda o jornalismo de todas as emissoras afiliadas e é o responsável pela implementação do atual modelo do SPTV. Seu único chefe é Carlos Henrique Schroedder.

Na sua opinião, a televisão tem mais o papel de entreter ou de educar?

Olha, eu acho que num país como o Brasil, tão carente de informação, de cultura, de educação, a televisão não pode esquecer do papel de educar, de informar. É lógico que tem que ter entretenimento também. Isso a televisão faz muito bem. A televisão brasileira é muito competente, especialmente a Globo, no entretenimento. Acho que a parte jornalística de informar, isso a TV brasileira, para mim, de forma geral, faz muito bem. A TV que eu trabalho, a TV Globo, faz maravilhosamente bem. A parte de educação que eu acho que é uma parte que nós estamos devendo. Acho que o país tem de fazer um esforço pela educação e a TV, que é um veículo comercial, tem que dar uma contribuição na educação do país. As iniciativas são tímidas, temos boas iniciativas, mas são muito tímidas em relação ao déficit educacional que tem no Brasil. Nós precisamos de uma cruzada na educação, senão o Brasil não vai sair disso.

E você acha que a televisão tem qual importância nisso?

A televisão é importantíssima. A televisão é o principal veículo. Para você ter uma idéia, 80% dos brasileiros se informam pela televisão. Oitenta por cento! O brasileiro não tem dinheiro para comprar informação. A grande massa do país, mais de 80% do país, não tem dinheiro para comprar jornal. Não compra jornal, não compra internet, não compra a informação paga. A informação de graça é a televisão. Então a televisão tem um papel fundamental. O país vive na frente da televisão. Nós que trabalhamos numa emissora com a audiência que a Globo tem, sabemos muito bem disso.

Com o limite de tempo, os telejornais conseguem exercer o papel de educadores?

O dia tem limite, né: vinte e quatro horas. Os jornais também. Os jornais não estão no papel de educar. Os jornais acabam educando, porque o sujeito bem informado vai se reeducando também. Mas não é isso. A informação nós fazemos bem. Conheço televisões do mundo todo, e o Brasil tem um bom jornalismo. Hoje nós temos um jornalismo muito bom. A TV Globo tem 5,5 horas de jornalismo por dia. Isso é um espaço muito importante, contribui na educação. Mas na educação mesmo, programas de educação, isso nós estamos devendo. Nós temos até o “Telecurso”, só que é muito cedo. Eu acho que nós temos que ajudar o Brasil nesse sentido.

O principal problema para a televisão assumir o papel de educadora mesmo seria a questão comercial?

Sem dúvida. O problema é o seguinte: televisão tem que ter audiência. Para ter audiência é mais fácil fazer um entretenimento de qualidade. Jornalismo também dá audiência, dá credibilidade, dá dinheiro, dá anúncio para televisão. Nós precisamos descobrir uma maneira que não seja na marra, que não seja imposta pelos órgãos públicos, temos que descobrir uma forma de atrair o povo para programas de qualidade, programas educativos. Se em último caso a televisão não conseguir, que seja na marra, que seja por força de lei. Nós não podemos virar as costas para educação, na minha humilde opinião.

Você acha que culpam demais a televisão pela falha do Estado?

Mas não se trata de culpar a televisão. A televisão é um bem de serviço público, concessionária do serviço público. Como concessionária do serviço público, e eu falo como jornalista, falo como uma pessoa que trabalha há 35 anos na televisão, falo com sentimento de cidadão. Eu como cidadão, como jornalista, acho que a televisão não está para cobrir o que o Estado não consegue fazer. Não é nada disso. A televisão tem uma capacidade de influenciar no país impressionante, o país vive na frente da televisão. No Brasil inteiro as pessoas vêem muito televisão. E temos que aproveitar isso pra ajudar na educação. O Brasil tem uma falha educacional muito grande, acho que a televisão tem que fazer alguma coisa, temos que trabalhar pelo país. Acho que essa é a questão.

Quais as principais características do telejornal?

O telejornal tem que informar o que acontece no Brasil e no mundo. O cidadão tem o direito da informação. O cidadão livre tem direito à informação, e a gente tem que veicular tudo o que acontece, tudo o que é relevante no país e no mundo. Acho que a televisão cobre isso muito bem. O jornalismo está muito desenvolvido. A tecnologia ajuda muito o jornalismo. Hoje você entra de qualquer lugar do mundo ao vivo; vai ser cada vez mais. Estamos começando a tv digital. As revoluções tecnológicas vão provocar uma eficiência no jornalismo cada vez maior. Quando eu cheguei aqui há 28 anos o trabalho era à base de filme e laboratório. Não tinha nem na emissora, tinha que fazer a reportagem, mandar para o laboratório no centro da cidade e esperar quatro horas pela revelação. Então as coisas se modificaram absurdamente. E eu acho que no jornalismo, na informação... O que é jornalismo para mim? Jornalismo para mim é prestação de serviço público, é fazer coisa que tenha interesse público, isso é jornalismo. Na acepção da palavra, na mais pura definição de jornalismo, para mim é levantar assunto, discussões e soluções de interesse público, isso é jornalismo. Isso é televisão. Umas mais, outras menos, outras nenhum, nada!, mas isso a televisão, como forma geral, faz muito bem.

A tv digital vai trazer uma influência direta para o telejornalismo, vai mudar alguma coisa?

Ela vai aumentar a eficiência do jornalismo. Nós vamos ter mais canais especializados, mais segmentos. Então hoje nós temos a GloboNews, o SporTV, canal 24 horas de jornalismo, canal 24 horas de esporte. Nós vamos ter isso para todo mundo, não só para o assinante do cabo. Acho que o jornalismo tem um caminho muito forte na tv digital.

Quando se fala em telejornalismo, pode-se pôr a CNN como maior símbolo?

Olha, a CNN representou, ali naquela primeira guerra do Iraque, uma grande novidade mundial. Mas o povo não vê CNN, nós estamos muito longe disso, o povo mal fala português. O povo mal entende o que os telejornais estão dizendo. Você imagina em inglês. Realmente, a CNN é uma referência para nós jornalistas, mas no Brasil a coisa é diferente.

Eu gostaria que você citasse um telejornal brasileiro que tenha inovado de certa forma?

O Bom Dia Brasil, da TV Globo, é um belo telejornal. Tem inovado na forma. No conteúdo, ele é um pouco seletivo. Acho que para quem assiste os telejornais da TV Globo: Bom Dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Jornal das 10, da GloboNews para quem tem cabo, está razoavelmente bem informado.

Você acha então que a televisão tem um papel significante na sociedade, ela influencia as pessoas?

Sem dúvida. Nada influencia mais a sociedade, hoje, do que a televisão.

A linguagem nos telejornais é informal ou ela precisa ser mais objetiva mesmo?

A linguagem é objetiva, o problema é que nós temos um seriíssimo problema de linguagem. Nós aqui classe média, você que estuda em uma universidade boa, eu que me formei na USP, nós entendemos tudo o que se passa nos telejornais, Mas o povo tem uma dificuldade muito grande para entender. Você sabe que tem dois Brasis aí, né? Um Brasil que foi para a escola – o Brasil que estudou –, e um Brasil em que o sujeito é semi-analfabeto. E esse Brasil semi-analfabeto é imenso, e ele vê televisão, e ele não entende muito dos assuntos. Nós temos uma dificuldade muito grande. Eu trabalhei muito nisso, muitos anos e com muita pesquisa. Eu acompanhei e a gente tem uma grande dificuldade em comunicação. O público não entende sigla. Teve um tempo - ano passado, retrasado - que falou-se um tempão sobre Reforma Tributária. O povo não sabe o que é Reforma Tributária. Então, a gente tem que aprimorar. Fazer entender-se para o grande povo é uma arte difícil e que tem que ser procurada com muita vontade.

Eu já vi opiniões dizendo que o telejornalismo local é uma nova tendência. Eu queria saber a sua opinião.

É. Eu fiz o novo projeto do SPTV, em São Paulo, em 1998, que foi o jornalismo comunitário. Eu fui o editor-chefe, implantei esse novo jornal. Eu acho que cada vez mais o cidadão, não só aqui, no mundo inteiro, quer saber mais das coisas que estão mais próximas a ele. A tendência é o jornalismo local crescer de tamanho e o nacional diminuir. Isso já é assim nos Estados Unidos, já é assim na Europa.

Mas vai chegar a substituir os nacionais?

Não. O cara sempre vai querer saber do país e do mundo, mas vai querer saber muito mais das coisas que estão próximas, que diz respeito à vida dele. Então, eu vejo que o jornalismo local vai crescer ainda mais.

O jornalismo sempre foi uma tradição da Globo. A Record, assim como o SBT, também estão investindo em telejornais. Porque é tão importante ter um telejornal na grade da emissora?

Porque senão não tem credibilidade. O Silvio Santos não gosta de jornal, não gosta de jornalista, mas o mercado o obrigou a contratar jornalista, para o canal dele não ser um canal só de programa de auditório. Então, eles contratam jornalistas, porque jornalismo dá credibilidade para a emissora, tem público, tem audiência, tem patrocinador, é bom para o mercado.

Porque o telejornalismo do SBT não fez sucesso ainda?

Porque não se faz nada de repente, não existe milagre em jornalismo. Enquanto, por exemplo, a TV Globo faz jornalismo há 40 anos, o SBT faz há um ano e meio, dois. Em um ano e meio, dois, não dá pra fazer... Não tem milagre. Tem que ter maturação. Para conquistar o telespectador é difícil, leva tempo. Tem que investir e persistir.

O fator comercial tem uma influência na produção dos telejornais?

Não, nenhuma, nenhum, nenhuma. Trabalho na TV Globo há 28 anos, o (departamento) comercial não tem nada a ver com o jornalismo. O cara do jornalismo não responde ao comercial. Isso, aqui em televisão séria, não existe. As pessoas sabem. Um telejornal tem que ser isento, senão ele perde a credibilidade. A notícia corre no mercado, pega mal, então a imagem é tudo, a nossa credibilidade é tudo, e a gente tem que lutar muito para preservar. Não tem cabimento, esse tipo de coisa não existe. Posso falar para você que não existe. Aqui não existe. Jornalismo é credibilidade, se arranhar isso fica ruim, o produto fica ruim, fica desacreditado. Não serve.

Você pode citar um caso de falta de credibilidade?

Bom, posso citar o Gugu. O que o Gugu fez, até hoje ele sofre violentamente, o canal SBT sofre... Aquele negócio do Gugu mentir, de fazer uma entrevista forjada é exemplar na tv brasileira, na imprensa brasileira. Aquilo lá trouxe um prejuízo irreparável para a carreira dele. Ele perdeu audiência, perdeu dinheiro, perdeu patrocinador, ele estava no auge. O público se sentiu enganado, o público foi enganado por ele. O público odeia ser enganado, você não pode enganá-lo. Ele é fiel com você, ele te assiste, ele acredita em você. Então, esse caso do Gugu foi o maior exemplo de mau jornalismo. Ele tentou fazer jornalismo, fez uma picaretagem e se deu muito mal.

A televisão é um meio bem instantâneo. Em situações como os ataques do PCC em São Paulo, no começo do ano, como conciliar tudo isso? Porque você tem que apurar a noticia, mas também não pode perder a notícia, tem que veicular no jornal...

É, mas a televisão tem uma responsabilidade que a internet, por exemplo, não tem. A internet põe qualquer porcaria no ar, informação sem checar nada, e depois corrige. E depois, você vê tanta coisa que vai para a internet e não se confirma. Hoje não, tem alguns sites que estão saindo com mais seriedade, tem vários sites que são sérios. A televisão tem um cuidado muito grande porque atinge um público muito grande. Aqui o lema é o seguinte: não tem certeza, não vai para o ar. Só vai para o ar na hora que tem certeza. Aí a gente consegue as coisas, cobertura, porque tem um bando de profissionais de altíssima qualidade, super bem treinados, e mandam de louco quando acontece alguma coisa. O sangue do jornalista é aquele de se dedicar, de apurar, de levantar; e tem dado certo.

E, na sua opinião, como foi a cobertura da imprensa em geral no caso do PCC?

Foi bom, foi uma cobertura boa. Eu vejo a imprensa num grande momento no Brasil, num grande momento. Eu passei pela ditadura, por crises econômicas nos veículos de comunicação. Hoje eu vejo um momento de grande liberdade em todo grande órgão de comunicação, tanto jornal impresso quanto TV, rádio... Hoje o brasileiro está bem informado sobre o que acontece no país. Se não sabe mais é porque quem faz as coisas erradas esconde bem, porque a gente trabalha para fazer a coisa direito. Acho que a imprensa vive um belo momento.

Como você definiria o jornalismo da Rede Globo?

É um jornalismo que se aprimora cada vez mais. É um jornalismo que discute internamente os seus problemas. É um jornalismo que se esforça para evoluir. É um jornalismo que cada vez mais está prestando serviço público. É um jornalismo que denuncia, que apura. É um telejornalismo responsável, não é sensacionalista, que goza, felizmente, de grande credibilidade, que trabalha orientado para fazer um jornalismo imparcial. O melhor momento da história do jornalismo da TV Globo, eu vejo nesse momento. É um jornalismo voltado para os interesses da população.

Se você pudesse definir telejornalismo em uma palavra, qual seria?

Informação.

Eu gostaria de saber como começou a sua história no jornalismo?

Eu tinha 15 anos de idade, morava em Araraquara, fui trabalhar num jornal por necessidade. Comecei a escrever num jornal impresso. Vim para São Paulo e entrei na ECA (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), em 1972. Para sobreviver em São Paulo, comecei a trabalhar em um jornal. Trabalhei na Gazeta Esportiva, no Diário Popular, na Folha de São Paulo, no Jornal da Tarde, onde trabalhei 12 anos como repórter especial, trabalhei na TV Record, na TV Gazeta, fiz um monte de “frila” (trabalhos como freelancer) e estou na TV Globo há 28 anos.

Você tem algum telejornal da sua preferência?

Eu sou um viciado em comunicação. Assisto a todos os telejornais que tem pela frente. A televisão fica ligada na GloboNews o tempo inteiro. Eu assisto esporte, jornais e leio jornais diários e revista. Todo mundo que quer ser jornalista um dia, que é estudante, ou é jornalista, tem que ler compulsivamente notícia, em todos os meios. Hoje é uma delicia, tem internet, tem jornal impresso, tem revista, tem televisão 24 horas por dia falando de notícias. Eu acho isso muito bom.

E seu jornal preferido é mesmo o Bom Dia Brasil?

Não, não tenho nenhuma preferência. É um jornal que eu gosto de ver todo dia. Um jornal que dá um bom panorama político, econômico, um pouquinho de cultura, mas é imprescindível ver tudo. Cada um tem o seu estilo, porque cada um é feito para o horário que ele vai a o ar. A televisão é habito, hábito do dia-a-dia, hábito do que o sujeito está fazendo em casa. Então de manhã o ritmo é um; à tarde, à noite o ritmo tem que ser outro; mais à noite, no “Jornal da Globo”, o ritmo é reflexivo. Eu como estou ficando velhinho, acordo cedo, eu gosto do bom Dia São Paulo, do Bom Dia Brasil (rindo).

O que você tem a dizer para quem está começando agora?

Suar a camisa. Ninguém é gênio, não cai nada do céu, tem que trabalhar muito. Tenho 35 anos de profissão, e só consegue alguma coisa quem se dedica muito, precisa gostar muito desse “troço”. Precisa gostar, precisa ler, precisa ser viciado em informação. Uma geração que tem que ler internet, tem que ler jornal, tem que ler literatura, tem que ler autores brasileiro para conhecer a cultura nacional, tem que ser viciado em informação, até bula de remédio tem que ler. Tem que ser o dia inteiro. Ler e entender um pouco de tudo, muito de nada, e muito de tudo.

19 de dezembro de 2007

Não é uma simples locadora

Eu nunca muito fui de assistir filmes. No entanto, agora que estou de férias, resolvi reservar algum tempo para a apreciação da sétima arte. Decidi então, semana passada, fazer um cadastro na locadora aqui da rua de casa. Uma verdadeira epopéia!

A primeira tentativa foi falha, pois era necessário levar meu RG, meu CPF e um comprovante de residência. Como o número do meu CPF está registrado na própria identidade eu não achei necessário levá-lo para fazer o cadastro, mas o atendente insistiu que o CPF era de uma importância vital. Não adiantou argumentar.

Cansado, voltei no dia seguinte, levando um comprovante, um RG e duas vezes o CPF. Os dois últimos passaram pelo crivo do atendente, diga-se de passagem, nenhum pouco simpático. Mas o comprovante, coitado, era muito antigo. Na verdade, era uma correspondência de 2003! Essa juventude perdeu a noção do que é velho e do que é novo. O que são quatro anos? Se pegarmos desde a existência da humanidade, veremos que quatro anos é um cuspe cronológico! Se eu fosse um camundongo, tudo bem, quatro anos me faria muita falta... era só o que me faltava.

A locadora já está com o meu número de identidade e com o número do meu CPF, para que ela vai querer o meu endereço? Por acaso, se eu atrasar a devolução de algum filme, eles vão mandar alguém à minha casa para me matar? Eu até imagino a cena. Lá estou eu descansando ao som da nona sinfonia de Beethoven, preparando um chá de camomila silvestre, quando, de repente, um brutamonte arromba a minha porta e diz: “Pelo jeito você gostou demais de ‘Sexta-feira 13’, né?, então agora eu vou te mostrar o porquê ela considerada o dia do azar”.

Sabe, eu já estava quase mandando o atendendo tomar banho (e não, não seria na Lagoa Azul) quando decidi acatar com sua arbitrariedade e voltei no dia seguinte com um comprovante mais recente. Cadastro feito, carteira brega fabricada, fui procurara um filme para alugar. Até que não foi muito difícil; os cinco metros quadrados do estabelecimento fizeram com que eu não me prolongasse em minha busca.

Acabei escolhendo os filmes “A Rainha” e “Casa de Areia”. Os dois filmes são fantásticos. Gostei mais do primeiro pelo enredo mais costurado. A trilha também é magnífica. O que mais me encantou foi um detalhe logo no início, quando os créditos começam a aparecer e a rainha está posando para um quadro e de repente vira o rosto e olha direto pra gente ao mesmo tempo que há uma mudança na música de fundo e o nome do filme aparece!

Mas por enquanto é isso! Agora é esperar para ver quais provações eu terei que passar na minha próxima ida a A LOUCADORA!!!!

29 de outubro de 2007

Cultura a cada estação

CULTURA A CADA ESTAÇÃO
Metrô de São Paulo leva arte e cultura para os diversos cantos da cidade

Alexandre Azzene e Renato Santana

O Metrô é uma das instituições públicas que mais goza de prestígio junto à população paulistana. Para melhorar o relacionamento com seus usuários e visitantes, escolheu como melhores instrumentos as artes e a cultura, no seu sentido mais amplo.

Atualmente, 30 estações recebem o total de 84 obras de artes de 58 artistas plásticos brasileiros, entre eles: Alex Flemming, Tomie Otake, José Roberto Aguilar e Cláudio Tozzi. São esculturas, painéis, instalações e pinturas que colorem o trajeto dos milhões de passageiros e humanizam esse meio de transporte, quebrando um pouco da sua frieza. Hoje, quando uma estação é projetada, já se prevê o lugar para obras artísticas.

Mas além do acervo permanente, o Metrô ainda possui vários outros mecanismos de promoção da arte. Um bom exemplo são as exposições, espalhadas por estações de todas as linhas. É possível apreciar o trabalho de artistas desconhecidos, assim como de famosos também. Dia 28 de maio, por exemplo, na estação Paraíso, o repórter Maurício Kubrusly promoverá um bate-papo sobre o seu livro, Me Leva Brasil. A programação completa dos eventos do Metrô pode ser conferida em seu próprio site.

“Qualquer pessoa pode enviar uma proposta ao Metrô desde que o projeto seja bem estruturado e adequado. Para ser democrático pedimos aos interessados que acessem o site www.metro.sp.gov.br entre no link Cultura, e Como Expor No Metrô. Assim o interessado conhece o regulamento e ele mesmo avalia se o projeto é adequado”, explica Ingrid Campos, Coordenadora de Ação Cultural do Metrô.

Ao lado do Projeto Arte no Metrô (acervo de obras permanentes) foi instituído o Projeto Ação Cultural, que caracteriza-se por ações continuadas de cunho artístico-cultural que têm por objetivo agregar qualidade ao relacionamento da instituição com seus usuários e à vida cultural da cidade. Aliás, ele retrata bem como o Metrô é bem-sucedido nas suas investidas de relacionamento com a população, pois usa bem o fato de ser um local de fácil acesso, e ponto de encontro de grande parcela dos cidadãos de São Paulo. Aproximadamente, 3 milhões de pessoas passam pelo Metrô diariamente.

Mas se você acha que todas essas ações já são o bastante, você se engana. Voltadas para o aspecto cultural, desde 2004, as Bibliotecas Embarque na Leitura objetivam estimular o hábito da leitura nos usuários do Metrô. Localizadas nas estações Luz, Paraíso e Sé, elas contam com um acervo de mais de quinze mil títulos. Para alugar os livros é preciso fazer um cadastro mediante apresentação de RG, CPF e comprovantes de residência (originais e uma cópia simples), além de uma foto 3x4. Segundo Ingrid, há projetos para se aumentar o número dessas bibliotecas.

Todas essas ações são reconhecidas pelo público. “Alguns usuários se manifestam positivamente e outros negativamente (...), mas sempre com comentários interessantes. O mais importante é realmente despertar algum sentimento nas pessoas, provocar, mostrar arte”, conclui Ingrid. Com tudo isso o Metrô de São Paulo justifica sua imagem de qualidade e eficiência, construída ao longo de seus 33 anos de história.


Ainda na linha de estímulo à leitura, o Metrô possui 18 máquinas de vender livros, que propiciam aos passageiros adquirirem obras literárias e manuais técnicos a baixos preços. A idéia surgiu do empresário Fábio Bueno Netto, que inicialmente pretendia comercializar livros já sem custo de direitos autorais. O plano deu tão certo que várias pessoas procuram sua empresa para que disponibilizem determinado livro nas máquinas. Os livros mais vendidos são O Código Civil e o manual do Excel, programa para computador que cria planilhas eletrônicas.

Um idioma esquecido

Essa foi a primeira reportagem que eu escrevi como estudante de Jornalaismo, ainda no segundo semestre.

UM IDIOMA ESQUECIDO

Habeas corpus. A priori. A posteriori. Honoris causa. Vinculum juris. Persona grata. Secundum legem. In apicibus juris. Nemo judex sine lege. Damnum ex delicto.
Provavelmente, a maioria das pessoas não conhece o significado de boa parte das expressões acima. Alguns, talvez, nem saibam em que idioma elas estão. Para estes que não sabem, a resposta é: em latim.

Idioma oficial do antigo Império Romano, o latim nasceu na Itália e foi se disseminando por toda a Europa e parte da Ásia conforme os romanos dominavam outros povos. Logo no início da expansão do império, foi adotado pela Igreja Católica como dialeto oficial (e ainda o é, até hoje) e deu origem às chamadas línguas latinas como o português, o espanhol, o italiano e o francês. Após a queda do Império Romano, o latim, em sua forma original, foi abandonado.

Mesmo sendo uma língua quase morta, o latim ainda é muito utilizado no meio legal. Juristas, magistrados e advogados usam constantemente o latim para significar certas ações ou processos de cunho jurídico. Esse uso freqüente se deve ao fato de que o direito brasileiro é inspirado no direito romano, trazendo em suas raízes, portanto, parte de suas características. Todavia, apesar de ser aplicado em grande escala e de forma corriqueira na área jurídica, o idioma latino não é ensinado em praticamente nenhuma faculdade do país. Como pode, então, alguém falar de algo sem saber?

O Prof. Dr. Amador Paes de Almeida, coordenador do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esclarece: “(...) para se conhecer um instituto jurídico é imprescindível remontar-se à sua origem”, e explica que a disciplina de Direito Romano tem exatamente a função de fazer com que o aluno conheça as instituições romanas. Paes de Almeida não acha que seja necessário a criação de uma disciplina voltada exclusivamente ao estudo do latim, até mesmo por ele ser um idioma de difícil compreensão e de uso restrito nos dias atuais.
Já o professor Jeremias Alves Pereira Filho, professor de Direito Processual Civil Aplicado, acha que se torna mais fácil o entendimento das línguas latinas como o português (ferramenta crucial para a prática jurídica) quando se conhece a sua origem, mas acha “muito difícil” que o latim volte como disciplina individual em qualquer curso de Direito.

Ao serem perguntados, todos os alunos, sem exceção, desaprovaram um possível retorno do idioma como matéria obrigatória.

Entretanto, tanto o professor Jeremias como o professor Amador tiveram aulas de latim enquanto alunos, e hoje fazem parte do corpo docente de uma das mais tradicionais faculdades de direito do país. A escola com o melhor desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006 ensina latim. Já há alguns anos, a reprovação nos testes da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) é expressa em elevados números. Não estaria aí, portanto, uma lacuna vazia na formação técnica e humana dos discentes de Direito? Sem dúvida alguma que sim.

21 de outubro de 2007

O Mackenzie é esse

Como todos sabem, o Mackenzie é uma instituição confessional, ou seja, ele assume seu caráter religioso. Entretanto, ele não consegue impedir que, diariamente, milhares de seus alunos cometam, por todo o campus, os famosos sete pecados capitais. O I&D teve acesso exclusivo a um relatório enviado ao conselho diretivo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, no qual a universidade revela sua preocupação com seus jovens "infiéis". O relatório possui um total de 13 páginas. Veja abaixo alguns trechos:

CAPÍTULO 1: GULA
"Verificamos que, dentre todos os estabelecimentos resididos no Mackenzie, o de nome Benjamim Abrahão é o que mais apresenta riscos aos alunos. Por meio do uso de substâncias torpes, tais como pavês, trufas, sanduíches e croissants de frango com catupiry, queijo com presunto e o mais novo, peito de peru, a organização consegue atrair ao pecado praticamente todos os que por sua frente passam. Além do mais, as enormes filas formadas pelos infiéis, digo, alunos, atrapalham o bom fluxo na praça de alimentação. Medidas precisam ser tomadas o quanto antes."

CAPÍTULO 2: IRA
"Ao analisarmos o comportamento dos estudantes no campus, em sala de aula e nas demais instalações da universidade, percebemos que os mesmos, de maneira súbita, começam a entrar em um estado de raiva extrema. Esse comportamento se dá, principalmente, ao saírem do AFA (Atendimento Financeiro ao Aluno), da Secretaria Geral (quase sempre quando reclamam de faltas dadas injustamente) ou após as Vistas de Provas (nestes casos, o comportamento agressivo é somado à situações de comoção extrema). Ressaltamos que medidas precisam ser tomadas o quanto antes, pois alunos sob tais níveis de perturbação podem atrapalhar a boa espiritualidade da universidade e ficarem mais propensos a DP's ...e não é isso o que queremos."

CAPÍTULO 3: AVAREZA
"A avareza é um dos pecados mais frequentemente cometidos no ambiente de nossa universidade. Porém, surpreendemente, percebemos que o objeto principal de apego dos alunos não é o dinheiro - tendo em vista as enormes filas nos estabelecimentos da praça de alimentação e o valor das mensalidades -, mas, sim, os livros das bibliotecas. Chega a ser impressionante a afeição que os alunos demonstram, mantendo por tanto tempo os livros sob custódia. Por mais alta multa que isso resulte, eles não parecem se importar com o custo de seus atos. Alegrar-nos-ia muito saber que nossos discentes não se apegam ao dinheiro (que o Mackenzie tanto despreza), mas eles nada mais fazem do que trocar uma idolatria por outra. Além disso, notamos também que há o que denominamos de "avaros imateriais", aqueles alunos que, ao invés de mostrarem exacerbado apego a dado objeto, constroem uma forte relação de carinho com as disciplinas que cursam. Não sabemos ainda se eles são afeitos à matéria em sim ou ao professor que as ministra, todavia, ressaltamos que, o quanto antes, medidas sejam tomadas a respeito."

"PS: o pecado da avareza não se restringe apenas aos alunos. As lanchonetes da universidade, em especial a Boulevard, localizada no terceiro andar do prédio da Piauí, demonstram grande apego ao recheio de seus lanches. Informações mais detalhadas no próximo relatório."

CAPÍTULO 4: INVEJA
"Esse pecado, em particular, não se refere tanto aos alunos, mas, sim, mais aos professores. Notamos que determinados professores invejam o comportamento de certos alunos, passando a imitá-los em alguns sentidos. Talvez pelos alunos terem um limite de 25% das aulas as quais podem faltar, os professores parecem querer gozar do mesmo direito. Alguns, por iniciativa própria, inclusive, chegam a beirar o mesmo nível de ausências.”

“Outra comportamento suspeito, agora sim em relação aos alunos, é a freqüente reclamação que eles fazem ao preço das mensalidades. Após realizarmos uma ampla pesquisa, tanto qualitativa quanto quantitativa, seguindo as normas da ABNT, constatamos que, para os alunos, o preço ideal da mensalidade deveria ser reduzido, no mínimo, em 40%. Logo, concluímos (ainda conforme os métodos estabelecidos previamente) que esses mesmos alunos invejam demais alunos de outras instituições tais como UNICID, UNINOVE, UNIP, UNICEF, UNIBANCO e Unidos da Tijuca. Quase 80% deles revelaram que se transferiria para essas universidades caso elas também tivessem instalada em seus espaços físicos alguma unidade do Benjamim Abrahão. Não queremos ser repetitivos, mas repetimos que medidas precisam ser tomadas a respeito."

CAPÍTULO 5: SOBERBA
"A soberba é um dos pecados com menor ocorrência no Mackenzie. Entretanto, o exagero na ação dos outros compensa o desempenho modesto deste. Até agora, em nossas análises iniciais, notamos que os soberbos se concentram, em sua quase totalidade, entre os alunos de comunicação. Esses alunos costumam se gabar de freqüentarem um prédio isolado do campus - e que inclusive fala -, de pertencerem à faculdade com mais projetos de iniciação científica aprovados de toda a Universidade e, finalmente, por terem, logo na porta de suas instalações, o Dog do Kabelo, estabelecimento gastronômico de maior prestígio entre eles. Por mais orgulho que essa realidade possa causar, lembramos que a ostentação exagerada desses fatos pode ser prejudicial aos demais alunos, professores e funcionários da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Logo, damos a seguinte recomendação: tomem medidas o quanto antes!"

CAPÍTULO 6: PREGUIÇA
“É comum ver alunos não querendo ter aulas ou constantemente saindo delas antes de seu término. Pobres coitados. Além de se esforçarem para entender o que os professores ensinam, ainda são obrigados a agüentarem cinco horas diárias de intensas e desnecessárias aulas. Assim, uma das medidas que recomendamos que sejam tomadas é a diminuição da carga horária dos alunos para duas horas e meia diárias. Assim, eles terão mais tempo de se dedicarem aos estudos, já que essa é grande reclamação que tanto fazem. Por outro lado, notamos que os professores e coordenadores, esses sim, são isentos de qualquer vestígio de preguiça. O tempo, que quase sempre gira em torno de semanas em responder um único e-mail, ou ainda o prazo de oito ou dez dias para a impressão de um formulário ou atestado, deve-se exclusivamente ao fato deles despenderem todo esse tempo justamente para realizarem tais tarefas, já que estas são de grande complexidade."

"Observação: medidas precisam ser tomadas a respeito."

CAPÍTULO 7: LUXÚRIA
Apesar de ainda incipiente, o pecado da luxúria já começa a ser percebido em algumas localidades do campus. De acordo com nossas apurações, os diretórios acadêmicos são os principais incubadores de luxúria de toda a universidade, fazendo jus a essa nossa constatação por meio de suas inúmeras "festas". Para não cometermos nenhum tipo de difamação ou acusação gratuita, fomos verificar como se davam algumas dessas festas realizadas pelos DA's. Para que tivéssemos uma menor margem de erro e maior nível de precisão em nossas análises, fomos, exatamente, a 35 dessas festas. Além disso, passamos duas semanas freqüentando seus espaços físicos participando de suas atividade recreativas, tais como sinuca, truco, rodas de violão e outras. Ao fim, concluímos que os diretórios deveriam ter sua existência extinta, pois promovem a imoralidade e contrastam com os bons costumes pregados pelo Mackenzie. No entanto, devido ao seu valoroso papel de promotores da educação, realizado pelo serviço de fotocópia, ou seja, de disseminação e democratização do conhecimento, eles merecem uma segunda chance, obviamente, uma vez que se adaptem às medidas que forem tomadas para corrigir essa distorção.

Tendo em vista a atitude de seus universitários, a Universidade Presbiteriana Mackenzie resolveu lançar um guia para que eles encontrem o bom caminho. Intitulado de “Os Dez Mandamentos Mackenzistas”, o documento sagrado têm o seguinte conteúdo:

1) Não cobiçarás o croissant alheio
2) Guardarás o período de aula para o estudo
3) Não faltarás nem pedirás bolsa em vão
4) Honrarás a sua mensalidade
5) Não pegarás mais de duas dependências por semestre
6) Comparecerás sempre ao Dia do Mackenzie Voluntário
7) Não incomodarás os professores com e-mails
8) Praticarás sempre Educação Física
9) Não jogarás truco na universidade
10) Não violarás os firewalls do prédio 10

É bom saber que o Mackenzie está sempre antenado com o que acontece na universidade e toma sempre boas medidas a respeito do que quer que seja.

16 de setembro de 2007

A ordem do discurso

Semana passada eu tive que fazer um trabalho sobre Michel Foucault e seu livro, “A Ordem do Discurso”. Apesar das dificuldades, pois é um texto extremamente complexo e que requer várias leituras igualmente minuciosas, eu achei que seria uma boa idéia expor a explicação do texto aqui para que vocês leitores tivessem acesso a um tipo de informação extremamente valiosa.

A Ordem do Discurso é uma publicação baseada na aula inaugural de Foucault no Collége de France. Nela, Foucault fala da relação entre discurso e poder.

É controlando os nossos discursos que as instituições mantêm o poder. Assim, há diversas formas de controle ou de exclusão do discurso. São excluídos aqueles que vão contra a ordem vigente. Foucault fala de dois tipos de controle do discurso: os externos e os internos.

As formas de controle externo do discurso, Foucault chama de sistemas de exclusão. São procedimentos que impedem a criação do discurso, embora não seu pensamento. Você pode pensar um discurso, mas não pode pronunciá-lo. São três os sistemas de exclusão:

1) Interdições: A interdição: Foucault fala especificamente de três tipos de interdições (embora suas formas possam ser as mais variadas): tabu do objeto, ritual da circunstância e direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala.

a. a palavra proibida ou tabu do objeto: há certas coisas, há determinados assuntos dos quais não podemos falar, que não podem entrar em nosso discurso. Dentre esses assuntos, os dois principais são a sexualidade e a política.
b. ritual da circunstância: há determinados discursos que só podem ser anunciados em determinadas ocasiões.
c. direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala: há determinados discursos que só podem ser proferidos por determinados sujeitos.

Todas essas barreiras, essas interdições, acabam por tolher a potencialidade do discurso, logo, o seu poder. É a velha história: você nunca pode dizer o que quiser, quando quiser e como bem entender. Ou então: quem fala o que não quer, ouve o que não quer.

2) Oposição entre razão e loucura: Se eu digo o que é proibido ou contrario alguma das interdições eu sou taxado de louco. Segundo Foucault, “louco é aquele cujo discurso não circula como o dos outros”. Na História há vários exemplos disso, principalmente de cientistas que contrariavam as verdades estabelecidas de suas respectivas épocas. Mesmo se você estiver falando a verdade, seu discurso não vai ser aceito.

3) Vontade de verdade: Todo mundo quer que seu discurso seja aceito como verdade, pois isso é o mesmo que ter poder. O discurso nem precisa ser de fato verdadeiro; basta que ele seja passado como tal. Só que caso ele não seja aceito como verdadeiro, há o risco da exclusão, de ser taxado como louco. Sempre houve, e ainda há, em nossa cultura a noção de oposição entre certo e errado. Há uma verdade, e o resto não o é. “Essa divisão histórica deu sem dúvida a forma geral à nossa vontade de saber”.

Tendo isso em vista, nós não devemos olhar apenas a verdade, mas também, e principalmente, a vontade dessa verdade. Porque a verdade do discurso acaba sempre mascarando a sua vontade de verdade (devido ao apoio institucionalizado desta). Logo, nós ignoramos essa vontade de verdade como sendo “uma prodigiosa maquinaria destinada a excluir todos aqueles que procuraram contorná-la e recolocá-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verdade assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura”.

Essas três formas de exclusão impedem que o indivíduo anuncie seu discurso (ou faça com que ele tema anunciá-lo). Eles “tendem a exercer sobre os outros discursos uma espécie de pressão e como que um poder de coerção”. Assim sendo, o discurso acaba se desenhando como uma forma de dominação. Um exemplo é o discurso jurídico, que usa uma linguagem excessivamente técnica e complicada. Isso faz com que o cidadão comum seja excluído desse campo discursivo e acabe como conseqüência lógica não brigando pelos seus direitos. No jornalismo também há isso, como o famoso “economês” usados nos cadernos de economia. Uma linguagem técnica que impede a compreensão do texto. São textos feitos para quem já entende do assunto, o que perpertua a concentração do poder, do discurso.

É importante lembrar que nenhum enunciado é neutro. Portanto, sempre desconfie de tudo o que você ler. O titulo, a imagem, cada uma das palavras, tudo possui um significado e não é escolhido à toa.

Quando o discurso pode ser dito, ele esbarra no que Foucault chama de “procedimentos de controle e delimitação do discurso”. Ou seja, os processos internos, que também são três.

1) O comentário: nós sempre estamos nos remetendo a outros discursos. Quase tudo o que falamos já foi dito uma outra vez, porém de forma diferente, com outras palavras. O comentário é repetir um discurso já existente. É o que eu estou fazendo aqui. Ao explicar Foucault para vocês eu acabo limitando o sentido do texto.

2) O autor: a individualidade do autor limita o sentido do discurso. Se for “O” cara que estiver falando, tudo bem; se for um outro qualquer aí o discurso deste tem menos valor, é menos poderoso.

3) A disciplina: são regras pertencentes a determinado campo do saber ou ciência às quais o discurso deve se adaptar para ter validade ou credibilidade. Foucault cita o exemplo de Mendel, que por muitos anos não teve suas teorias sobre a hereditariedade aceita, pois elas iam de encontro à visão da Biologia da época. Obviamente, essas regras podem mudar de acordo com o tempo e com o lugar. Elas são difíceis de mudar, porque dessa forma quem as domina pode controlar quem participa do discurso.

Enfim, tudo isso serve para mostrar a importância de como todo o discurso está “contaminado” de ideologia e de interesses, já que todo ser humano age de maneira interessada, de acordo com o que lhe é benéfico. Assim, precisamos perder a ingenuidade que costumamos ter ao lermos um jornal, ao vermos uma propaganda, etc.

8 de setembro de 2007

FILE

A oitava edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica desse ano foi uma das piores coisas que eu já vi na vida. Na última semana da exposição, tão comentada por sites, blogs e jornais, nem metade das 23 obras (se é que eram tudo isso!) estavam funcionando corretamente. Se no dia nove de setembro, último dia da exposição, houvesse pouco mais de dez em perfeitas condições eu não me espantaria. Uma completa falta de organização. Além disso, havia poucos monitores que pudessem auxiliar o público no entendimentos das obras.

Nota: 3

6 de setembro de 2007

A pergunta que não quer calar


Da série "Perguntas que não querem calar":
Seria um ursinho da Mattel?

2 de setembro de 2007

Desabafos desvairados 6

Depois de assistir ao trailer do filme "Duro de Matar 4" eu fiquei pensando sobre esses filmes de ação: como pode?

Como pode um cara estar num caminhão, o caminhão ser alvejado de tiros por um avião militar, e ele sair ileso, sem nenhum ferimento, apenas com leves manchas de graxa no rosto?

Como pode ele saber o exato momento em que o carro vai explodir, e então pular dele numa rua movimentadíssima sem ser atropelado? Será que todo mocinho tem algum tipo de poder premonitório?

Como pode o vilão nunca matar o refém, mesmo quando não precisa mais dele?

Como pode um simples ser humano vencer um robô, um extraterrestre ou qualquer outro tipo de criatura 10 vezes mais rápida, inteligente e forte que ele?

Como pode?

29 de agosto de 2007

O nosso cinema

Li recentemente na coluna do Ancelmo Gois no Diário de São Paulo que a Associação Brasileira de Cineastas e a Associação Paulista de Cineastas apresentaram uma queixa ao Ministério Público contra da invasão de filme estrangeiros (entenda-se norte-americanos) nas nossas salas de cinemas.

Acredito que o MP nada pode fazer. Interferir nas regras de mercado envolvidas nessa situação seria totalmente antidemocrático.

O que se pode fazer, aí sim, é investir no cinema brasileiro e alçá-lo a um patamar tal que o possibilite competir com os outros cinemas.

Não adianta ficar chamando os Estados Unidos de imperialistas, de tentarem fazer com que sua cultura se sobreponha às demais. Do que adianta se a própria nem sequer é valorizada?

27 de agosto de 2007

Recall Mattel 2

A Mattel, continuando com a sua política de recall 100%, apresenta sua nova linha de brinquedos: menos tóxicos, menos perigosos, menos radioativos e, acima de tudo, mais divertidos!

O primeiro produto, a ser lançado no próximo mês, é o Forninho de Verdade, que agora deixa de ser vendido juntamente com o Botijãozinho de Verdade de meio litro de gás hélio. Assim, o Botijãozinho de Verdade será comercializado separadamente. Além disso, a temperatura máxima do Forninho de Verdade cai de 180 graus para apenas 65 graus.

Ainda, seguindo os nossos esforços de propiciar uma melhor experiência para as crianças que usam nossos brinquedos, outra novidade já começou a ser adotada.

Atualmente, nossa linha de bichinhos de pelúcia deixou de ser fabricada com o uso de pêlos de animais de verdade. Apesar de eles serem retirados do animal ainda vivo – mantendo uma textura e aparência digna da qualidade Mattel –, diversas reclamações e entidades como a Anvisa, A Vigilância Sanitária, o Ministério Público e ONU fizeram com que nós mudássemos nossa filosofia.

Essas são apenas algumas das diversas mudanças que a Mattel implantará na produção de seus brinquedos, melhorando o divertimento da criança brasileira.

25 de agosto de 2007

Diálogos do dia-a-dia 2

- Ah, Carlinha, nem te conto, viu!
- Mas você vai contar, não? Eu sei que você quer.
- Cansei!
- Cansou? Cansou do quê?
- Cansei de ser bonita.
- Oi?
- É, cansei disso, de tanto homem ficar assobiando na rua para mim, de não ser levada a sério, de ficar com mais de cinco homens numa mesma noite.
- Bem, algumas dessas coisas você mesma poderia evitar...
- Mas cansa tanto... Eu cheguei num momento em que eu preciso dar um direcionamento para a minha vida. Eu sei que você não sabe como é, mas é chato ser bonita. E daqui a pouco o tempo vai me alçançar e abusar de mim, assim como ele fez como você .
- Nossa, Rita, agradeço pelas suas doces e sutis palavras.
- Ah, amiga... que é isso...
- Mas enfim, não há motivos para você ficar assim tão preocupada. Até porque a beleza não é o seu único dote.
- É sim.
- Eu sempre achei que você tivesse talento na cozinha. O que você sabe preparar?
- Só pão com manteiga.
- ...Entendo. E costurar, você sabe?
- Da última vez que eu fiz tricô com a minha avó, eu quase perfurei o crânio do meu cachorro. Uma longa história. Te conto depois. Falando nisso, que barulho de cachorro é esse?
- Um cachorro.
- Seu?
- Meu.
- Nossa, como ele late, né?
- Bom, pior seria se ele miasse.
- Verdade...
...
- Alguma vez, por acaso, ele já...
- Não, nunca!
- Eh... faz sentido
- Enfim, Rita, acho que precisa relaxar, refletir um pouco e ver qual é o verdadeiro motivo desse seu... can-saço.
- Sabe, dia desses eu estava pensando em radicalizar. Pensei até em tingir meu cabelo de preto, mas você sabe, né? Hoje em dia se você não não é loira, você não é nada.
- Ri-ti-nhá, quer saber? Quem cansou agora fui eu!
- Hã?
- Cansei!! Canse de patricinhas superficiais como você. Cansei de gente que tem dinheiro e reclama de barriga cheia. Cansei de gente que diz que cansou sem fazer nada. Cansei de loira que tenta ser menos burra do que é. Cansei.
- Nossa, que agressividade, que estresse. Descansa um pouco.

17 de agosto de 2007

Recall Mattell

ATENÇÃO CONSUMIDORES:

A Mattel Brinquedos S.A. informa que está chamando todos os seus consumidores que adquiriram os bonecos Batman, Barbie e Polly nos últimos 8 meses. Verificamos que esses brinquedos contêm imãs que podem se desprender dos produtos e serem facilmente ingeridos por crianças.

Além disso, alguns deles podem conter excesso de chumbo na tinta usada para a pintura, assim como de urãnio, plutônio e/ou cianureto.

Ressaltamos, também, que alguns acessórios usados pela boneca Barbie nos modelos Barbie Surfistinha, Barbie Massagista Tailandesa e Barbie no Convento podem ou não conter objetos soltos em seu interior, tais como: pregos, parafusos, lâminas e outros materiais metálicos que nós não fomos capazes de identificar. Pedaços de borracha, comprimidos de ecstasy e trouxinhas de maconha também podem ser achados.

Ainda, as versões mais recentes de Batman Combatendo o Crime No Morro do Torto também apresentaram falhas técnicas em nossos testes de qualidade quando usadas por mais de dez minutos consecutivos, podendo ou não entrar em processo de combustão instantânea.

Assim, pedimos a compreensão de todos os nossos consumidores e que entrem em contanto conosco. Todos os brinquedos serão devidamente recolhidos, e o prejuízo ressarcido com a troca por um brinquedo similar - ou não - ou a devolução (ou não) de 25% de seu valor caso seja comprovado seu potencial letal.

19 de maio de 2007

Desabafos desvairados 5

Para quem está de regime ou simplesmente prefere consumir menos açúcar, uma boa opção são aqueles sucos dietéticos ou sucos light.

Foi justamente uma determinada marca desses tipos de sucos artificiais que me chamou a atenção dia desses.

Convenhamos que é normal esperar que esses sucos contenham menos calorias que os tradicionais, afinal, possuem menos açúcar. Eles não precisam ter zero caloria, mas alguns conseguem essa proeza.

Dia desses cheguei em casa e minha mãe disse que havia comprado um desses sucos. Para ser mais preciso da marca Zero Cal. Ela pediu que eu experimentasse um copo para ver o que eu achava o que prontamente fiz.

Após constatar que o suco era de fato muito bom, comentei como era interessante o fato de a pessoa tomar suco vontade, pois ele não era calórico. Qual não foi minha surpresa quando, num ato repentino de curiosidade, fui olhar a embalagem desse mesmo suco e que deparei com a mais improvável das informações: cada copo de suco Zero Cal, possuía nada mais, nada menos do que 6 (seis) calorias!

Como eu disse, não é de se esperar que todos os sucos light não contenham calorias, mas, no caso de um suco que se auto-intitula Zero Cal, desculpe, é sim!

Confesso que sinto um certo “quê” de propaganda enganosa nisso. Se você perguntasse para qualquer um quantas calorias deve ter um produto que se chama Zero Cal, qual a resposta seria unanimidade?

29 de abril de 2007

Desabafos desvairados 4

Quando eu estava no hall do meu prédio, esperando pelo elevador, eu ouvi a zeladora comentando com uma senhora que a síndica não gosta que qualquer estranho entre no prédio
Após um certo tempo que meu raciocínio, já não tão ágil, fez uso para processar a informação, eu me perguntei: "qualquer estranho"?
Como assim? Se fosse um estranho famoso, aí tudo bem?Aquele estranho que ela não conhece não pode entrar no prédio, mas se for aquele que ela vê todo dia, amigo de infância... esse pode entrar.
Muito estranho isso...

Mas por mais estranho que tudo isso pareça, mais estranhos ainda são os malditos elevadores.A pior coisa do mundo é ter que esperar pelo elevador. Bom, não é a pior coisa do mundo... mas uma das, com certeza!Ele é prova viva (talvez nem tanto) da validade da fatídica Lei de Murphy. Se você estiver atrasado e com pressa para ir à algum compromisso, desista de usá-lo. Vá de escada.

Parece que ele sente seu desespero, e resovle parar em todos os andares anteriores ao seu para que sua aflição seja ainda maior. É isso que o move - além dos cabos. Isso sem contar quando ele passa direto pelo seu andar como se as leis da matématica nao existissem; como se repentianamente, após o nono andar viesse o décimo primeiro. Detalhe: vocé está no 10º. Se você perceber que ele erá mesmo parar em seu andar, desista também. Estará lotado. Lotado a tal ponto de que nem se você fosse uma daquelas supermodelos que se alimentam de uma ervilha por dia você conseguiria entrar. E pense pelo lado bom. Ao ir de escada, você se exercita fisicamente e ainda contribiu para a não-profileração do efeito-estufa.

Não tenho certeza se "não-proliferação" e "efeito-estufa" estão corretamente escritos. Apesar de precisar conhecer bem as normas ortográficas que regem nossa língua, confesso que me falta uma aplicação maior em tal tarefa. Mas é que é tão legal usar hífen, vocês não acham?

Eu acho superbacana, quer dizer... super-bacana. Mesmo que às vezes isso trombe com as leis do Português, acho que vale a pena ousar um-pouco e sair do lugar-comum, tão óbvio-redundante.