28 de dezembro de 2008

Cuidado

Desde jovem ela guardava todas as embalagens de bombons que seus antigos amores lhe davam. Era como todas as outras garotas. Porém, um dia acordou e percebeu que seu diário estava cheio de formigas.

24 de dezembro de 2008

Natal em tempos de crise...

Em tempos em que a humanidade esteve submetida a uma forte crise econômica mundial, espero que, em 2009, todos vocês, caros leitores, tenham muita felicidade, alegria, sucesso profissional, saúde, mas, acima de tudo, muita liquidez!!

8 de dezembro de 2008

Consciência

Ela meu deu dez centavos a mais no troco. Uma parte de mim queria ficar o dinheiro. Mas a outra me convenceu do contrário. Devolvi. Oras, eram apenas dez centavos! Talvez eu seja ético demais.

3 de dezembro de 2008

Precaução

Juca era precavido demais. Na brincadeira de amigo-secreto da empresa, esqueceu quem havia tirado no sorteio. Resolveu comprar presentes para todo mundo. Eram 58 funcionários.

3 de setembro de 2008

Questões sobre o iogurte

Muitas pessoas dizem que a jogatina é algo perigoso. Bem, eu tenho uma opinião diferente sobre isso. Eu sempre fui uma pessoa muito forte, não só fisicamente quanto mentalmente também. Essa minha personalidade intensa fez com que eu pudesse evitar situações ao longo da minha vida, que poderiam ter me levado ao caminho do mal. Dito isto, é com orgulho que eu reconheço que, depois do álcool, das drogas, da comida, dos remédios de tarja preta, do cigarro, do açúcar e da cola, a jogatina é uma das poucas coisas nas quais eu já me viciei.

Hoje, eu quero contar-lhes sobre minha experiência pessoal em enfrentar esse problema e como eu pude superá-lo. Uma história tão impressionante que estou inclusive pensando em escrever um livro de auto-ajuda para auxiliar outros que sofrem do mesmo mal e, claro, ganhar muito dinheiro.

Tudo começou quando eu era apenas uma criança. Eu estava fazendo um trabalho qualquer para ser entregue na faculdade no dia seguinte quando uma amiga me ligou e perguntou se eu não queria ir até sua casa para jogarmos pôquer. Como eu sabia que o trabalho não valia nota mesmo - era apenas para aumentar meu conhecimento e intelecto - eu o deixei de lado e fui até a casa de minha amiga. O que eu não sabia é que ela vivia numa casa de prostituição.

Isso, até certo ponto, foi um inconveniente, pois eu estava num lugar que me remetia a todos os meus vícios anteriores. Depois de duas horas de jogo, eu estava ficando louco com o barulho das pessoas fazendo sexo, com a fumaça que dominava o ambiente, com o cheiro forte do absinto que ela bebia, enfim, era uma sensação horrível - parecia um domingo em família.

Apesar de toda a pressão, fui forte e consegui resistir à tentação de me entregar aos diversos pecados que me rondavam. Ao unir toda a minha força interior, consegui manter-me sereno e agi normalmente durante a partida de pôquer. Depois de já estarmos nus e em estado alterado de consciência, essa minha amiga (cujo nome não me lembro, mas minha melhor amiga, sem dúvidas) propôs que começássemos a apostar. Eu achei a idéia interessante, mas o que nós poderíamos apostar? Ela recomendou que apostássemos dinheiro, mas eu estava sem um centavo no bolso. Aliás, não tinha nem bolso naquele momento. Então, ela teve a idéia de apostarmos cerveja, mas, devido aos meus problemas prévios com a bebida, achei melhor dizer não. Ela então propôs cigarros e heroína, mas, novamente, eu tive que declinar. Após muita discussão sobre o que apostaríamos, finalmente chegamos a um consenso: iogurte.

Sim, iogurte. Havia de sobra na geladeira e portanto por que não usá-los? E lá fomos nós. Eu comecei a ganhar todas as partidas e, claro, mais e mais iogurte. Eu estava feliz! No pôquer normal existem aquelas fichas coloridas que representam a quantidade de dinheiro que você aposta. No pôquer com iogurte - o que eu prefiro chamar de pogurt (lê-se "pogurt") - o iogurte em si representa o valor posto em jogo, que varia de acordo com o sabor.

Obviamente, o Parmalat desnatado com nozes e vitaminado com lactobacilos casei shirota é o mais valioso de todos. No pogurt, mesmo se você for de "all in" pode ser que você não consiga cobrir a aposta inicial caso ela inclua um desses. Não quero me gabar, mas eu até que tinha vários. Minha amiga, no final do jogo, coitada!, ficou apenas com um integral de cenoura com mel e um feito de leite de tofu (impressiona-me como hoje em dia fazem tudo com tofu. Esses japoneses...).

Enfim, para encurtar a história, duas semanas depois, quando eu saía da cadeia após ter tentado roubar a seção de laticínios e derivados de um supermercado e pesando 150 quilos, eu finalmente percebi que eu, de fato, tinha um problema: mau hálito. Comer tanto iogurte acabou me fazendo mal. Meus amigos e familiares disseram que o problema era mais sério, que envolvia vício em jogo e em iogurte. Delírios à parte, eu disse que era apenas impressão deles. Eu estava normal, iogurtemente normal.

Concluindo, depois de um ano em coma, eu finalmente melhorei. E tudo por que eu sempre fui uma pessoa de mente forte. Espero que isso possa ajudar todos vocês a progredirem em suas vidas. Nunca cedam às tentações. E resistam como eu.

29 de janeiro de 2008

"Só consegue alguma coisa quem se dedica muito"

Como esse é um blog feito por um estudante de jornalismo, resolvi colocar aqui uma entrevista que fiz em outubro de 2006 com o jornalista Marco Antônio Rodrigues, mais conhecido pelos seus comentários no programa esportivo Arena SporTV. A entrevista foi feita para um trabalho sobre telejornalismo.

Acredito que seja algo útil não apenas para quem estuda Jornalismo, como também para quem goste de se informar e de saber o que pensa um profissional da maior emissora televisiva do país.

O texto contém diversos erros de português e repetições exageradas, pois é a transcrição não revisada da entrevista. Tentei tirar os erros mais gritantes, mas de qualquer forma acredito que não há nada que interfira a compreensão do texto.

Marco Antonio Rodrigues é nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, e é formado em Jornalismo pela ECA-USP e já trabalhou na Gazeta Esportiva, no Diário Popular, na Folha de São Paulo, no Jornal da Tarde, na Tv Record e na Tv Gazeta. Na Rede Globo, onde trabalha há 28 anos, comanda o jornalismo de todas as emissoras afiliadas e é o responsável pela implementação do atual modelo do SPTV. Seu único chefe é Carlos Henrique Schroedder.

Na sua opinião, a televisão tem mais o papel de entreter ou de educar?

Olha, eu acho que num país como o Brasil, tão carente de informação, de cultura, de educação, a televisão não pode esquecer do papel de educar, de informar. É lógico que tem que ter entretenimento também. Isso a televisão faz muito bem. A televisão brasileira é muito competente, especialmente a Globo, no entretenimento. Acho que a parte jornalística de informar, isso a TV brasileira, para mim, de forma geral, faz muito bem. A TV que eu trabalho, a TV Globo, faz maravilhosamente bem. A parte de educação que eu acho que é uma parte que nós estamos devendo. Acho que o país tem de fazer um esforço pela educação e a TV, que é um veículo comercial, tem que dar uma contribuição na educação do país. As iniciativas são tímidas, temos boas iniciativas, mas são muito tímidas em relação ao déficit educacional que tem no Brasil. Nós precisamos de uma cruzada na educação, senão o Brasil não vai sair disso.

E você acha que a televisão tem qual importância nisso?

A televisão é importantíssima. A televisão é o principal veículo. Para você ter uma idéia, 80% dos brasileiros se informam pela televisão. Oitenta por cento! O brasileiro não tem dinheiro para comprar informação. A grande massa do país, mais de 80% do país, não tem dinheiro para comprar jornal. Não compra jornal, não compra internet, não compra a informação paga. A informação de graça é a televisão. Então a televisão tem um papel fundamental. O país vive na frente da televisão. Nós que trabalhamos numa emissora com a audiência que a Globo tem, sabemos muito bem disso.

Com o limite de tempo, os telejornais conseguem exercer o papel de educadores?

O dia tem limite, né: vinte e quatro horas. Os jornais também. Os jornais não estão no papel de educar. Os jornais acabam educando, porque o sujeito bem informado vai se reeducando também. Mas não é isso. A informação nós fazemos bem. Conheço televisões do mundo todo, e o Brasil tem um bom jornalismo. Hoje nós temos um jornalismo muito bom. A TV Globo tem 5,5 horas de jornalismo por dia. Isso é um espaço muito importante, contribui na educação. Mas na educação mesmo, programas de educação, isso nós estamos devendo. Nós temos até o “Telecurso”, só que é muito cedo. Eu acho que nós temos que ajudar o Brasil nesse sentido.

O principal problema para a televisão assumir o papel de educadora mesmo seria a questão comercial?

Sem dúvida. O problema é o seguinte: televisão tem que ter audiência. Para ter audiência é mais fácil fazer um entretenimento de qualidade. Jornalismo também dá audiência, dá credibilidade, dá dinheiro, dá anúncio para televisão. Nós precisamos descobrir uma maneira que não seja na marra, que não seja imposta pelos órgãos públicos, temos que descobrir uma forma de atrair o povo para programas de qualidade, programas educativos. Se em último caso a televisão não conseguir, que seja na marra, que seja por força de lei. Nós não podemos virar as costas para educação, na minha humilde opinião.

Você acha que culpam demais a televisão pela falha do Estado?

Mas não se trata de culpar a televisão. A televisão é um bem de serviço público, concessionária do serviço público. Como concessionária do serviço público, e eu falo como jornalista, falo como uma pessoa que trabalha há 35 anos na televisão, falo com sentimento de cidadão. Eu como cidadão, como jornalista, acho que a televisão não está para cobrir o que o Estado não consegue fazer. Não é nada disso. A televisão tem uma capacidade de influenciar no país impressionante, o país vive na frente da televisão. No Brasil inteiro as pessoas vêem muito televisão. E temos que aproveitar isso pra ajudar na educação. O Brasil tem uma falha educacional muito grande, acho que a televisão tem que fazer alguma coisa, temos que trabalhar pelo país. Acho que essa é a questão.

Quais as principais características do telejornal?

O telejornal tem que informar o que acontece no Brasil e no mundo. O cidadão tem o direito da informação. O cidadão livre tem direito à informação, e a gente tem que veicular tudo o que acontece, tudo o que é relevante no país e no mundo. Acho que a televisão cobre isso muito bem. O jornalismo está muito desenvolvido. A tecnologia ajuda muito o jornalismo. Hoje você entra de qualquer lugar do mundo ao vivo; vai ser cada vez mais. Estamos começando a tv digital. As revoluções tecnológicas vão provocar uma eficiência no jornalismo cada vez maior. Quando eu cheguei aqui há 28 anos o trabalho era à base de filme e laboratório. Não tinha nem na emissora, tinha que fazer a reportagem, mandar para o laboratório no centro da cidade e esperar quatro horas pela revelação. Então as coisas se modificaram absurdamente. E eu acho que no jornalismo, na informação... O que é jornalismo para mim? Jornalismo para mim é prestação de serviço público, é fazer coisa que tenha interesse público, isso é jornalismo. Na acepção da palavra, na mais pura definição de jornalismo, para mim é levantar assunto, discussões e soluções de interesse público, isso é jornalismo. Isso é televisão. Umas mais, outras menos, outras nenhum, nada!, mas isso a televisão, como forma geral, faz muito bem.

A tv digital vai trazer uma influência direta para o telejornalismo, vai mudar alguma coisa?

Ela vai aumentar a eficiência do jornalismo. Nós vamos ter mais canais especializados, mais segmentos. Então hoje nós temos a GloboNews, o SporTV, canal 24 horas de jornalismo, canal 24 horas de esporte. Nós vamos ter isso para todo mundo, não só para o assinante do cabo. Acho que o jornalismo tem um caminho muito forte na tv digital.

Quando se fala em telejornalismo, pode-se pôr a CNN como maior símbolo?

Olha, a CNN representou, ali naquela primeira guerra do Iraque, uma grande novidade mundial. Mas o povo não vê CNN, nós estamos muito longe disso, o povo mal fala português. O povo mal entende o que os telejornais estão dizendo. Você imagina em inglês. Realmente, a CNN é uma referência para nós jornalistas, mas no Brasil a coisa é diferente.

Eu gostaria que você citasse um telejornal brasileiro que tenha inovado de certa forma?

O Bom Dia Brasil, da TV Globo, é um belo telejornal. Tem inovado na forma. No conteúdo, ele é um pouco seletivo. Acho que para quem assiste os telejornais da TV Globo: Bom Dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Jornal das 10, da GloboNews para quem tem cabo, está razoavelmente bem informado.

Você acha então que a televisão tem um papel significante na sociedade, ela influencia as pessoas?

Sem dúvida. Nada influencia mais a sociedade, hoje, do que a televisão.

A linguagem nos telejornais é informal ou ela precisa ser mais objetiva mesmo?

A linguagem é objetiva, o problema é que nós temos um seriíssimo problema de linguagem. Nós aqui classe média, você que estuda em uma universidade boa, eu que me formei na USP, nós entendemos tudo o que se passa nos telejornais, Mas o povo tem uma dificuldade muito grande para entender. Você sabe que tem dois Brasis aí, né? Um Brasil que foi para a escola – o Brasil que estudou –, e um Brasil em que o sujeito é semi-analfabeto. E esse Brasil semi-analfabeto é imenso, e ele vê televisão, e ele não entende muito dos assuntos. Nós temos uma dificuldade muito grande. Eu trabalhei muito nisso, muitos anos e com muita pesquisa. Eu acompanhei e a gente tem uma grande dificuldade em comunicação. O público não entende sigla. Teve um tempo - ano passado, retrasado - que falou-se um tempão sobre Reforma Tributária. O povo não sabe o que é Reforma Tributária. Então, a gente tem que aprimorar. Fazer entender-se para o grande povo é uma arte difícil e que tem que ser procurada com muita vontade.

Eu já vi opiniões dizendo que o telejornalismo local é uma nova tendência. Eu queria saber a sua opinião.

É. Eu fiz o novo projeto do SPTV, em São Paulo, em 1998, que foi o jornalismo comunitário. Eu fui o editor-chefe, implantei esse novo jornal. Eu acho que cada vez mais o cidadão, não só aqui, no mundo inteiro, quer saber mais das coisas que estão mais próximas a ele. A tendência é o jornalismo local crescer de tamanho e o nacional diminuir. Isso já é assim nos Estados Unidos, já é assim na Europa.

Mas vai chegar a substituir os nacionais?

Não. O cara sempre vai querer saber do país e do mundo, mas vai querer saber muito mais das coisas que estão próximas, que diz respeito à vida dele. Então, eu vejo que o jornalismo local vai crescer ainda mais.

O jornalismo sempre foi uma tradição da Globo. A Record, assim como o SBT, também estão investindo em telejornais. Porque é tão importante ter um telejornal na grade da emissora?

Porque senão não tem credibilidade. O Silvio Santos não gosta de jornal, não gosta de jornalista, mas o mercado o obrigou a contratar jornalista, para o canal dele não ser um canal só de programa de auditório. Então, eles contratam jornalistas, porque jornalismo dá credibilidade para a emissora, tem público, tem audiência, tem patrocinador, é bom para o mercado.

Porque o telejornalismo do SBT não fez sucesso ainda?

Porque não se faz nada de repente, não existe milagre em jornalismo. Enquanto, por exemplo, a TV Globo faz jornalismo há 40 anos, o SBT faz há um ano e meio, dois. Em um ano e meio, dois, não dá pra fazer... Não tem milagre. Tem que ter maturação. Para conquistar o telespectador é difícil, leva tempo. Tem que investir e persistir.

O fator comercial tem uma influência na produção dos telejornais?

Não, nenhuma, nenhum, nenhuma. Trabalho na TV Globo há 28 anos, o (departamento) comercial não tem nada a ver com o jornalismo. O cara do jornalismo não responde ao comercial. Isso, aqui em televisão séria, não existe. As pessoas sabem. Um telejornal tem que ser isento, senão ele perde a credibilidade. A notícia corre no mercado, pega mal, então a imagem é tudo, a nossa credibilidade é tudo, e a gente tem que lutar muito para preservar. Não tem cabimento, esse tipo de coisa não existe. Posso falar para você que não existe. Aqui não existe. Jornalismo é credibilidade, se arranhar isso fica ruim, o produto fica ruim, fica desacreditado. Não serve.

Você pode citar um caso de falta de credibilidade?

Bom, posso citar o Gugu. O que o Gugu fez, até hoje ele sofre violentamente, o canal SBT sofre... Aquele negócio do Gugu mentir, de fazer uma entrevista forjada é exemplar na tv brasileira, na imprensa brasileira. Aquilo lá trouxe um prejuízo irreparável para a carreira dele. Ele perdeu audiência, perdeu dinheiro, perdeu patrocinador, ele estava no auge. O público se sentiu enganado, o público foi enganado por ele. O público odeia ser enganado, você não pode enganá-lo. Ele é fiel com você, ele te assiste, ele acredita em você. Então, esse caso do Gugu foi o maior exemplo de mau jornalismo. Ele tentou fazer jornalismo, fez uma picaretagem e se deu muito mal.

A televisão é um meio bem instantâneo. Em situações como os ataques do PCC em São Paulo, no começo do ano, como conciliar tudo isso? Porque você tem que apurar a noticia, mas também não pode perder a notícia, tem que veicular no jornal...

É, mas a televisão tem uma responsabilidade que a internet, por exemplo, não tem. A internet põe qualquer porcaria no ar, informação sem checar nada, e depois corrige. E depois, você vê tanta coisa que vai para a internet e não se confirma. Hoje não, tem alguns sites que estão saindo com mais seriedade, tem vários sites que são sérios. A televisão tem um cuidado muito grande porque atinge um público muito grande. Aqui o lema é o seguinte: não tem certeza, não vai para o ar. Só vai para o ar na hora que tem certeza. Aí a gente consegue as coisas, cobertura, porque tem um bando de profissionais de altíssima qualidade, super bem treinados, e mandam de louco quando acontece alguma coisa. O sangue do jornalista é aquele de se dedicar, de apurar, de levantar; e tem dado certo.

E, na sua opinião, como foi a cobertura da imprensa em geral no caso do PCC?

Foi bom, foi uma cobertura boa. Eu vejo a imprensa num grande momento no Brasil, num grande momento. Eu passei pela ditadura, por crises econômicas nos veículos de comunicação. Hoje eu vejo um momento de grande liberdade em todo grande órgão de comunicação, tanto jornal impresso quanto TV, rádio... Hoje o brasileiro está bem informado sobre o que acontece no país. Se não sabe mais é porque quem faz as coisas erradas esconde bem, porque a gente trabalha para fazer a coisa direito. Acho que a imprensa vive um belo momento.

Como você definiria o jornalismo da Rede Globo?

É um jornalismo que se aprimora cada vez mais. É um jornalismo que discute internamente os seus problemas. É um jornalismo que se esforça para evoluir. É um jornalismo que cada vez mais está prestando serviço público. É um jornalismo que denuncia, que apura. É um telejornalismo responsável, não é sensacionalista, que goza, felizmente, de grande credibilidade, que trabalha orientado para fazer um jornalismo imparcial. O melhor momento da história do jornalismo da TV Globo, eu vejo nesse momento. É um jornalismo voltado para os interesses da população.

Se você pudesse definir telejornalismo em uma palavra, qual seria?

Informação.

Eu gostaria de saber como começou a sua história no jornalismo?

Eu tinha 15 anos de idade, morava em Araraquara, fui trabalhar num jornal por necessidade. Comecei a escrever num jornal impresso. Vim para São Paulo e entrei na ECA (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), em 1972. Para sobreviver em São Paulo, comecei a trabalhar em um jornal. Trabalhei na Gazeta Esportiva, no Diário Popular, na Folha de São Paulo, no Jornal da Tarde, onde trabalhei 12 anos como repórter especial, trabalhei na TV Record, na TV Gazeta, fiz um monte de “frila” (trabalhos como freelancer) e estou na TV Globo há 28 anos.

Você tem algum telejornal da sua preferência?

Eu sou um viciado em comunicação. Assisto a todos os telejornais que tem pela frente. A televisão fica ligada na GloboNews o tempo inteiro. Eu assisto esporte, jornais e leio jornais diários e revista. Todo mundo que quer ser jornalista um dia, que é estudante, ou é jornalista, tem que ler compulsivamente notícia, em todos os meios. Hoje é uma delicia, tem internet, tem jornal impresso, tem revista, tem televisão 24 horas por dia falando de notícias. Eu acho isso muito bom.

E seu jornal preferido é mesmo o Bom Dia Brasil?

Não, não tenho nenhuma preferência. É um jornal que eu gosto de ver todo dia. Um jornal que dá um bom panorama político, econômico, um pouquinho de cultura, mas é imprescindível ver tudo. Cada um tem o seu estilo, porque cada um é feito para o horário que ele vai a o ar. A televisão é habito, hábito do dia-a-dia, hábito do que o sujeito está fazendo em casa. Então de manhã o ritmo é um; à tarde, à noite o ritmo tem que ser outro; mais à noite, no “Jornal da Globo”, o ritmo é reflexivo. Eu como estou ficando velhinho, acordo cedo, eu gosto do bom Dia São Paulo, do Bom Dia Brasil (rindo).

O que você tem a dizer para quem está começando agora?

Suar a camisa. Ninguém é gênio, não cai nada do céu, tem que trabalhar muito. Tenho 35 anos de profissão, e só consegue alguma coisa quem se dedica muito, precisa gostar muito desse “troço”. Precisa gostar, precisa ler, precisa ser viciado em informação. Uma geração que tem que ler internet, tem que ler jornal, tem que ler literatura, tem que ler autores brasileiro para conhecer a cultura nacional, tem que ser viciado em informação, até bula de remédio tem que ler. Tem que ser o dia inteiro. Ler e entender um pouco de tudo, muito de nada, e muito de tudo.