Com a aproximação do Natal, a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a de lojas abarrotada de pessoas em busca de presentes. Já para quem passa o 24 de dezembro na cozinha, contudo, a preocupação é com o preparo da ceia. Não raramente, costuma-se haver um abundância de comida nessa época que deixa qualquer um banquete real no chinelo. Aliás, há de se convir que a comida se inseriu de tal forma na cultura brasileira, que é humanamente impossível a prática de dietas e regimes alimentares. A disposição dos feriados e de outras datas comemorativas no calendário é feita de tal maneira que compreende-se porque 43,3% da população brasileira que vive nas capitais estão acima do peso, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.
Em 25 de dezembro, temos o Natal, período no qual comida não é problema: come-se peru, pernil, tender, arroz, farofa, peixe, nozes, castanhas, frutas cristalizadas, frutas secas, frutas em calda, panetone, chocotone e, para não pesar demais, uma saladinha, claro. Tudo bem que às vezes as pessoas mais comida do que comem - vai ver é o tal espírito natalino, notoriamente generoso -, mas que o Natal representa o ápice do pecado da gula, não há como negar.
Acabou o Natal, e você então pensa: “Ah, agora eu vou entrar naquele regime que há tento tempo eu estou pensando em fazer”. Ledo engano. Você e sua família cozinharam uma variedade enorme de pratos; é comida para a semana toda. Após constatar essa fatalidade, você se resigna e se esforça ao máximo no nobre objetivo de evitar o desperdício de alimentos.
Quando a semana vai se aproximando de seu fim, você percebe mais uma verdade da qual não é possível fugir: o Ano Novo. A segunda data mais “engordativa“ do nosso calendário acontece exatamente uma semana após a mais “engordativa”. Coincidência? Sim, coincidência. Mas, convenhamos, uma infeliz coincidência para mim, para você e para todos que querem perder aqueles quilinhos a mais, agregados durante o Natal.
O cardápio do Ano Novo, vulgo Réveillon, não difere muito das iguarias natalinas. Inclua agora cem gramas de lentilha, cachos de uva, uma romã, nhoque e algumas garrafas de cidra. Nessa época do ano você só não vê mais comida do que formas de simpatias e gente vestindo branco.
Acabou o Ano Novo! Você agora está definitivamente de regime. Não há volta em relação a isso. É verão, todo mundo corre pelas ruas exibindo seus abdomens sarados, e você também quer fazer parte deste seleto grupo.
Pouco mais de um mês fazendo trinta longos minutos de exercícios quase diários e tentando ao máximo não comer em excesso, você se surpreende mais uma vez: “skindô-skindô”, lá vem o Carnaval. E pior: junto com aquele feriado prolongado.
Aí já viu, né? Litros e litros de cerveja, petiscos, frituras e mais cerveja se acumulando na sua barriga. Quando finalmente a folia acaba, vem aquele feriado prolongado e como se não bastasse a sua empresa ainda deixou os funcionários assistirem as apurações das escolas do Rio e de São Paulo em casa. Você vivenciará então três dias de nervosismo e ansiedade para saber se nesse ano sua escola finalmente vai levar o título. Agora, leitor, me diga: qual é o melhor jeito de curar a ansiedade? Exatamente... comendo! Mais cerveja, mais fritura e mais cerveja.
É, companheiro, seu começo de ano não foi dos melhores, mas agora está tudo sob controle... porém, não sob o seu. Já se passou pouco mais de um mês desde as suas últimas aventuras alimentícias. Você já até começou a notar um músculo ou outro que antes não via. Já está pensando nas férias de meio de ano e naquela viagem à praia onde você, finalmente, vai poder exibir seu peitoral recém-esculpido. Mas é como diz o ditado: felicidade de pobre dura pouco (porque se você fosse rico já teria feito uma lipoaspiração e terminado com tudo isso). Você olha para o horizonte cronológico que se apresenta a você e de repente se depara com o inevitável: o coelhinho da páscoa pulando com uma cesta de chocolate.
Cá entre nós, não há como resistir aos encantos da Páscoa; o que dirá, então, aos “encantos” do chocolate, ainda mais na forma de ovo, ou de coelho, ou de cenoura, ou de castelo... Não há quem não goste de chocolate. Ele sim é o símbolo do pecado. Sempre desconfie de quem lhe disser que eva mordeu uma maçã ao sucumbir aos pecados mundanos. Sua mordida foi, sim, numa barra de chocolate. A questão é que um pedaço mínimo de chocolate possui um milhão e trezentas calorias. Então por menos que você coma, não há como fugir de dar adeus àqueles músculos que você tão bem havia recepcionado.
Bom, a Páscoa acaba e você imagina o que mais esta por vir, correto? É hora da Festa Junina, meu caro. Prepare-se para comer todo tipo de comida à base de milho, chimarrão, maçã doce, algodão doce, galinha na panela, galinhada, galinha ao forno, galinha doce e toda e qualquer forma que uma galinha puder ser preparada comestivelmente.
O ano já passou de sua metade e já foi possível perceber o poder da comida em nossa cultura. Simplesmente, não há regime que resista. Parece que o universo conspira contra os gordinhos. Assim, você passará dias, semanas e até meses lamentado-se pelo triste fado que lhe corroera o futuro... e, claro, comendo essas lamentações. Tudo isso ocorre sem levar-se em considerações outras datas com potencial de engorda como aniversários, dia dos pais, dia das mães e festas típicas às quais costuma-se ir.
Não sei a quem tanto interessa um mundo recheado de pessoas mais gordinhas. Só sei que precisamos agir, levantar da cadeira e fazer algo a respeito. Mas enquanto a gente não decide como tudo isso vai ser organizado... eu vou na cozinha preparar um lanchinho e já volto.
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