Eu nunca muito fui de assistir filmes. No entanto, agora que estou de férias, resolvi reservar algum tempo para a apreciação da sétima arte. Decidi então, semana passada, fazer um cadastro na locadora aqui da rua de casa. Uma verdadeira epopéia!
A primeira tentativa foi falha, pois era necessário levar meu RG, meu CPF e um comprovante de residência. Como o número do meu CPF está registrado na própria identidade eu não achei necessário levá-lo para fazer o cadastro, mas o atendente insistiu que o CPF era de uma importância vital. Não adiantou argumentar.
Cansado, voltei no dia seguinte, levando um comprovante, um RG e duas vezes o CPF. Os dois últimos passaram pelo crivo do atendente, diga-se de passagem, nenhum pouco simpático. Mas o comprovante, coitado, era muito antigo. Na verdade, era uma correspondência de 2003! Essa juventude perdeu a noção do que é velho e do que é novo. O que são quatro anos? Se pegarmos desde a existência da humanidade, veremos que quatro anos é um cuspe cronológico! Se eu fosse um camundongo, tudo bem, quatro anos me faria muita falta... era só o que me faltava.
A locadora já está com o meu número de identidade e com o número do meu CPF, para que ela vai querer o meu endereço? Por acaso, se eu atrasar a devolução de algum filme, eles vão mandar alguém à minha casa para me matar? Eu até imagino a cena. Lá estou eu descansando ao som da nona sinfonia de Beethoven, preparando um chá de camomila silvestre, quando, de repente, um brutamonte arromba a minha porta e diz: “Pelo jeito você gostou demais de ‘Sexta-feira 13’, né?, então agora eu vou te mostrar o porquê ela considerada o dia do azar”.
Sabe, eu já estava quase mandando o atendendo tomar banho (e não, não seria na Lagoa Azul) quando decidi acatar com sua arbitrariedade e voltei no dia seguinte com um comprovante mais recente. Cadastro feito, carteira brega fabricada, fui procurara um filme para alugar. Até que não foi muito difícil; os cinco metros quadrados do estabelecimento fizeram com que eu não me prolongasse em minha busca.
Acabei escolhendo os filmes “A Rainha” e “Casa de Areia”. Os dois filmes são fantásticos. Gostei mais do primeiro pelo enredo mais costurado. A trilha também é magnífica. O que mais me encantou foi um detalhe logo no início, quando os créditos começam a aparecer e a rainha está posando para um quadro e de repente vira o rosto e olha direto pra gente ao mesmo tempo que há uma mudança na música de fundo e o nome do filme aparece!
Mas por enquanto é isso! Agora é esperar para ver quais provações eu terei que passar na minha próxima ida a A LOUCADORA!!!!
19 de dezembro de 2007
Não é uma simples locadora
29 de outubro de 2007
Cultura a cada estação
CULTURA A CADA ESTAÇÃO
Metrô de São Paulo leva arte e cultura para os diversos cantos da cidade
Metrô de São Paulo leva arte e cultura para os diversos cantos da cidade
Alexandre Azzene e Renato Santana
O Metrô é uma das instituições públicas que mais goza de prestígio junto à população paulistana. Para melhorar o relacionamento com seus usuários e visitantes, escolheu como melhores instrumentos as artes e a cultura, no seu sentido mais amplo.
Atualmente, 30 estações recebem o total de 84 obras de artes de 58 artistas plásticos brasileiros, entre eles: Alex Flemming, Tomie Otake, José Roberto Aguilar e Cláudio Tozzi. São esculturas, painéis, instalações e pinturas que colorem o trajeto dos milhões de passageiros e humanizam esse meio de transporte, quebrando um pouco da sua frieza. Hoje, quando uma estação é projetada, já se prevê o lugar para obras artísticas.
Mas além do acervo permanente, o Metrô ainda possui vários outros mecanismos de promoção da arte. Um bom exemplo são as exposições, espalhadas por estações de todas as linhas. É possível apreciar o trabalho de artistas desconhecidos, assim como de famosos também. Dia 28 de maio, por exemplo, na estação Paraíso, o repórter Maurício Kubrusly promoverá um bate-papo sobre o seu livro, Me Leva Brasil. A programação completa dos eventos do Metrô pode ser conferida em seu próprio site.
“Qualquer pessoa pode enviar uma proposta ao Metrô desde que o projeto seja bem estruturado e adequado. Para ser democrático pedimos aos interessados que acessem o site www.metro.sp.gov.br entre no link Cultura, e Como Expor No Metrô. Assim o interessado conhece o regulamento e ele mesmo avalia se o projeto é adequado”, explica Ingrid Campos, Coordenadora de Ação Cultural do Metrô.
Ao lado do Projeto Arte no Metrô (acervo de obras permanentes) foi instituído o Projeto Ação Cultural, que caracteriza-se por ações continuadas de cunho artístico-cultural que têm por objetivo agregar qualidade ao relacionamento da instituição com seus usuários e à vida cultural da cidade. Aliás, ele retrata bem como o Metrô é bem-sucedido nas suas investidas de relacionamento com a população, pois usa bem o fato de ser um local de fácil acesso, e ponto de encontro de grande parcela dos cidadãos de São Paulo. Aproximadamente, 3 milhões de pessoas passam pelo Metrô diariamente.
Mas se você acha que todas essas ações já são o bastante, você se engana. Voltadas para o aspecto cultural, desde 2004, as Bibliotecas Embarque na Leitura objetivam estimular o hábito da leitura nos usuários do Metrô. Localizadas nas estações Luz, Paraíso e Sé, elas contam com um acervo de mais de quinze mil títulos. Para alugar os livros é preciso fazer um cadastro mediante apresentação de RG, CPF e comprovantes de residência (originais e uma cópia simples), além de uma foto 3x4. Segundo Ingrid, há projetos para se aumentar o número dessas bibliotecas.
Todas essas ações são reconhecidas pelo público. “Alguns usuários se manifestam positivamente e outros negativamente (...), mas sempre com comentários interessantes. O mais importante é realmente despertar algum sentimento nas pessoas, provocar, mostrar arte”, conclui Ingrid. Com tudo isso o Metrô de São Paulo justifica sua imagem de qualidade e eficiência, construída ao longo de seus 33 anos de história.
Ainda na linha de estímulo à leitura, o Metrô possui 18 máquinas de vender livros, que propiciam aos passageiros adquirirem obras literárias e manuais técnicos a baixos preços. A idéia surgiu do empresário Fábio Bueno Netto, que inicialmente pretendia comercializar livros já sem custo de direitos autorais. O plano deu tão certo que várias pessoas procuram sua empresa para que disponibilizem determinado livro nas máquinas. Os livros mais vendidos são O Código Civil e o manual do Excel, programa para computador que cria planilhas eletrônicas.
Um idioma esquecido
Essa foi a primeira reportagem que eu escrevi como estudante de Jornalaismo, ainda no segundo semestre.
UM IDIOMA ESQUECIDO
Habeas corpus. A priori. A posteriori. Honoris causa. Vinculum juris. Persona grata. Secundum legem. In apicibus juris. Nemo judex sine lege. Damnum ex delicto.
Provavelmente, a maioria das pessoas não conhece o significado de boa parte das expressões acima. Alguns, talvez, nem saibam em que idioma elas estão. Para estes que não sabem, a resposta é: em latim.
Idioma oficial do antigo Império Romano, o latim nasceu na Itália e foi se disseminando por toda a Europa e parte da Ásia conforme os romanos dominavam outros povos. Logo no início da expansão do império, foi adotado pela Igreja Católica como dialeto oficial (e ainda o é, até hoje) e deu origem às chamadas línguas latinas como o português, o espanhol, o italiano e o francês. Após a queda do Império Romano, o latim, em sua forma original, foi abandonado.
Mesmo sendo uma língua quase morta, o latim ainda é muito utilizado no meio legal. Juristas, magistrados e advogados usam constantemente o latim para significar certas ações ou processos de cunho jurídico. Esse uso freqüente se deve ao fato de que o direito brasileiro é inspirado no direito romano, trazendo em suas raízes, portanto, parte de suas características. Todavia, apesar de ser aplicado em grande escala e de forma corriqueira na área jurídica, o idioma latino não é ensinado em praticamente nenhuma faculdade do país. Como pode, então, alguém falar de algo sem saber?
O Prof. Dr. Amador Paes de Almeida, coordenador do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esclarece: “(...) para se conhecer um instituto jurídico é imprescindível remontar-se à sua origem”, e explica que a disciplina de Direito Romano tem exatamente a função de fazer com que o aluno conheça as instituições romanas. Paes de Almeida não acha que seja necessário a criação de uma disciplina voltada exclusivamente ao estudo do latim, até mesmo por ele ser um idioma de difícil compreensão e de uso restrito nos dias atuais.
Já o professor Jeremias Alves Pereira Filho, professor de Direito Processual Civil Aplicado, acha que se torna mais fácil o entendimento das línguas latinas como o português (ferramenta crucial para a prática jurídica) quando se conhece a sua origem, mas acha “muito difícil” que o latim volte como disciplina individual em qualquer curso de Direito.
Ao serem perguntados, todos os alunos, sem exceção, desaprovaram um possível retorno do idioma como matéria obrigatória.
Entretanto, tanto o professor Jeremias como o professor Amador tiveram aulas de latim enquanto alunos, e hoje fazem parte do corpo docente de uma das mais tradicionais faculdades de direito do país. A escola com o melhor desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006 ensina latim. Já há alguns anos, a reprovação nos testes da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) é expressa em elevados números. Não estaria aí, portanto, uma lacuna vazia na formação técnica e humana dos discentes de Direito? Sem dúvida alguma que sim.
UM IDIOMA ESQUECIDO
Habeas corpus. A priori. A posteriori. Honoris causa. Vinculum juris. Persona grata. Secundum legem. In apicibus juris. Nemo judex sine lege. Damnum ex delicto.
Provavelmente, a maioria das pessoas não conhece o significado de boa parte das expressões acima. Alguns, talvez, nem saibam em que idioma elas estão. Para estes que não sabem, a resposta é: em latim.
Idioma oficial do antigo Império Romano, o latim nasceu na Itália e foi se disseminando por toda a Europa e parte da Ásia conforme os romanos dominavam outros povos. Logo no início da expansão do império, foi adotado pela Igreja Católica como dialeto oficial (e ainda o é, até hoje) e deu origem às chamadas línguas latinas como o português, o espanhol, o italiano e o francês. Após a queda do Império Romano, o latim, em sua forma original, foi abandonado.
Mesmo sendo uma língua quase morta, o latim ainda é muito utilizado no meio legal. Juristas, magistrados e advogados usam constantemente o latim para significar certas ações ou processos de cunho jurídico. Esse uso freqüente se deve ao fato de que o direito brasileiro é inspirado no direito romano, trazendo em suas raízes, portanto, parte de suas características. Todavia, apesar de ser aplicado em grande escala e de forma corriqueira na área jurídica, o idioma latino não é ensinado em praticamente nenhuma faculdade do país. Como pode, então, alguém falar de algo sem saber?
O Prof. Dr. Amador Paes de Almeida, coordenador do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esclarece: “(...) para se conhecer um instituto jurídico é imprescindível remontar-se à sua origem”, e explica que a disciplina de Direito Romano tem exatamente a função de fazer com que o aluno conheça as instituições romanas. Paes de Almeida não acha que seja necessário a criação de uma disciplina voltada exclusivamente ao estudo do latim, até mesmo por ele ser um idioma de difícil compreensão e de uso restrito nos dias atuais.
Já o professor Jeremias Alves Pereira Filho, professor de Direito Processual Civil Aplicado, acha que se torna mais fácil o entendimento das línguas latinas como o português (ferramenta crucial para a prática jurídica) quando se conhece a sua origem, mas acha “muito difícil” que o latim volte como disciplina individual em qualquer curso de Direito.
Ao serem perguntados, todos os alunos, sem exceção, desaprovaram um possível retorno do idioma como matéria obrigatória.
Entretanto, tanto o professor Jeremias como o professor Amador tiveram aulas de latim enquanto alunos, e hoje fazem parte do corpo docente de uma das mais tradicionais faculdades de direito do país. A escola com o melhor desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006 ensina latim. Já há alguns anos, a reprovação nos testes da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) é expressa em elevados números. Não estaria aí, portanto, uma lacuna vazia na formação técnica e humana dos discentes de Direito? Sem dúvida alguma que sim.
21 de outubro de 2007
O Mackenzie é esse
Como todos sabem, o Mackenzie é uma instituição confessional, ou seja, ele assume seu caráter religioso. Entretanto, ele não consegue impedir que, diariamente, milhares de seus alunos cometam, por todo o campus, os famosos sete pecados capitais. O I&D teve acesso exclusivo a um relatório enviado ao conselho diretivo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, no qual a universidade revela sua preocupação com seus jovens "infiéis". O relatório possui um total de 13 páginas. Veja abaixo alguns trechos:
CAPÍTULO 1: GULA
"Verificamos que, dentre todos os estabelecimentos resididos no Mackenzie, o de nome Benjamim Abrahão é o que mais apresenta riscos aos alunos. Por meio do uso de substâncias torpes, tais como pavês, trufas, sanduíches e croissants de frango com catupiry, queijo com presunto e o mais novo, peito de peru, a organização consegue atrair ao pecado praticamente todos os que por sua frente passam. Além do mais, as enormes filas formadas pelos infiéis, digo, alunos, atrapalham o bom fluxo na praça de alimentação. Medidas precisam ser tomadas o quanto antes."
CAPÍTULO 2: IRA
"Ao analisarmos o comportamento dos estudantes no campus, em sala de aula e nas demais instalações da universidade, percebemos que os mesmos, de maneira súbita, começam a entrar em um estado de raiva extrema. Esse comportamento se dá, principalmente, ao saírem do AFA (Atendimento Financeiro ao Aluno), da Secretaria Geral (quase sempre quando reclamam de faltas dadas injustamente) ou após as Vistas de Provas (nestes casos, o comportamento agressivo é somado à situações de comoção extrema). Ressaltamos que medidas precisam ser tomadas o quanto antes, pois alunos sob tais níveis de perturbação podem atrapalhar a boa espiritualidade da universidade e ficarem mais propensos a DP's ...e não é isso o que queremos."
CAPÍTULO 3: AVAREZA
"A avareza é um dos pecados mais frequentemente cometidos no ambiente de nossa universidade. Porém, surpreendemente, percebemos que o objeto principal de apego dos alunos não é o dinheiro - tendo em vista as enormes filas nos estabelecimentos da praça de alimentação e o valor das mensalidades -, mas, sim, os livros das bibliotecas. Chega a ser impressionante a afeição que os alunos demonstram, mantendo por tanto tempo os livros sob custódia. Por mais alta multa que isso resulte, eles não parecem se importar com o custo de seus atos. Alegrar-nos-ia muito saber que nossos discentes não se apegam ao dinheiro (que o Mackenzie tanto despreza), mas eles nada mais fazem do que trocar uma idolatria por outra. Além disso, notamos também que há o que denominamos de "avaros imateriais", aqueles alunos que, ao invés de mostrarem exacerbado apego a dado objeto, constroem uma forte relação de carinho com as disciplinas que cursam. Não sabemos ainda se eles são afeitos à matéria em sim ou ao professor que as ministra, todavia, ressaltamos que, o quanto antes, medidas sejam tomadas a respeito."
"PS: o pecado da avareza não se restringe apenas aos alunos. As lanchonetes da universidade, em especial a Boulevard, localizada no terceiro andar do prédio da Piauí, demonstram grande apego ao recheio de seus lanches. Informações mais detalhadas no próximo relatório."
CAPÍTULO 4: INVEJA
"Esse pecado, em particular, não se refere tanto aos alunos, mas, sim, mais aos professores. Notamos que determinados professores invejam o comportamento de certos alunos, passando a imitá-los em alguns sentidos. Talvez pelos alunos terem um limite de 25% das aulas as quais podem faltar, os professores parecem querer gozar do mesmo direito. Alguns, por iniciativa própria, inclusive, chegam a beirar o mesmo nível de ausências.”
“Outra comportamento suspeito, agora sim em relação aos alunos, é a freqüente reclamação que eles fazem ao preço das mensalidades. Após realizarmos uma ampla pesquisa, tanto qualitativa quanto quantitativa, seguindo as normas da ABNT, constatamos que, para os alunos, o preço ideal da mensalidade deveria ser reduzido, no mínimo, em 40%. Logo, concluímos (ainda conforme os métodos estabelecidos previamente) que esses mesmos alunos invejam demais alunos de outras instituições tais como UNICID, UNINOVE, UNIP, UNICEF, UNIBANCO e Unidos da Tijuca. Quase 80% deles revelaram que se transferiria para essas universidades caso elas também tivessem instalada em seus espaços físicos alguma unidade do Benjamim Abrahão. Não queremos ser repetitivos, mas repetimos que medidas precisam ser tomadas a respeito."
CAPÍTULO 5: SOBERBA
"A soberba é um dos pecados com menor ocorrência no Mackenzie. Entretanto, o exagero na ação dos outros compensa o desempenho modesto deste. Até agora, em nossas análises iniciais, notamos que os soberbos se concentram, em sua quase totalidade, entre os alunos de comunicação. Esses alunos costumam se gabar de freqüentarem um prédio isolado do campus - e que inclusive fala -, de pertencerem à faculdade com mais projetos de iniciação científica aprovados de toda a Universidade e, finalmente, por terem, logo na porta de suas instalações, o Dog do Kabelo, estabelecimento gastronômico de maior prestígio entre eles. Por mais orgulho que essa realidade possa causar, lembramos que a ostentação exagerada desses fatos pode ser prejudicial aos demais alunos, professores e funcionários da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Logo, damos a seguinte recomendação: tomem medidas o quanto antes!"
CAPÍTULO 6: PREGUIÇA
“É comum ver alunos não querendo ter aulas ou constantemente saindo delas antes de seu término. Pobres coitados. Além de se esforçarem para entender o que os professores ensinam, ainda são obrigados a agüentarem cinco horas diárias de intensas e desnecessárias aulas. Assim, uma das medidas que recomendamos que sejam tomadas é a diminuição da carga horária dos alunos para duas horas e meia diárias. Assim, eles terão mais tempo de se dedicarem aos estudos, já que essa é grande reclamação que tanto fazem. Por outro lado, notamos que os professores e coordenadores, esses sim, são isentos de qualquer vestígio de preguiça. O tempo, que quase sempre gira em torno de semanas em responder um único e-mail, ou ainda o prazo de oito ou dez dias para a impressão de um formulário ou atestado, deve-se exclusivamente ao fato deles despenderem todo esse tempo justamente para realizarem tais tarefas, já que estas são de grande complexidade."
"Observação: medidas precisam ser tomadas a respeito."
CAPÍTULO 7: LUXÚRIA
Apesar de ainda incipiente, o pecado da luxúria já começa a ser percebido em algumas localidades do campus. De acordo com nossas apurações, os diretórios acadêmicos são os principais incubadores de luxúria de toda a universidade, fazendo jus a essa nossa constatação por meio de suas inúmeras "festas". Para não cometermos nenhum tipo de difamação ou acusação gratuita, fomos verificar como se davam algumas dessas festas realizadas pelos DA's. Para que tivéssemos uma menor margem de erro e maior nível de precisão em nossas análises, fomos, exatamente, a 35 dessas festas. Além disso, passamos duas semanas freqüentando seus espaços físicos participando de suas atividade recreativas, tais como sinuca, truco, rodas de violão e outras. Ao fim, concluímos que os diretórios deveriam ter sua existência extinta, pois promovem a imoralidade e contrastam com os bons costumes pregados pelo Mackenzie. No entanto, devido ao seu valoroso papel de promotores da educação, realizado pelo serviço de fotocópia, ou seja, de disseminação e democratização do conhecimento, eles merecem uma segunda chance, obviamente, uma vez que se adaptem às medidas que forem tomadas para corrigir essa distorção.
Tendo em vista a atitude de seus universitários, a Universidade Presbiteriana Mackenzie resolveu lançar um guia para que eles encontrem o bom caminho. Intitulado de “Os Dez Mandamentos Mackenzistas”, o documento sagrado têm o seguinte conteúdo:
1) Não cobiçarás o croissant alheio
2) Guardarás o período de aula para o estudo
3) Não faltarás nem pedirás bolsa em vão
4) Honrarás a sua mensalidade
5) Não pegarás mais de duas dependências por semestre
6) Comparecerás sempre ao Dia do Mackenzie Voluntário
7) Não incomodarás os professores com e-mails
8) Praticarás sempre Educação Física
9) Não jogarás truco na universidade
10) Não violarás os firewalls do prédio 10
É bom saber que o Mackenzie está sempre antenado com o que acontece na universidade e toma sempre boas medidas a respeito do que quer que seja.
CAPÍTULO 1: GULA
"Verificamos que, dentre todos os estabelecimentos resididos no Mackenzie, o de nome Benjamim Abrahão é o que mais apresenta riscos aos alunos. Por meio do uso de substâncias torpes, tais como pavês, trufas, sanduíches e croissants de frango com catupiry, queijo com presunto e o mais novo, peito de peru, a organização consegue atrair ao pecado praticamente todos os que por sua frente passam. Além do mais, as enormes filas formadas pelos infiéis, digo, alunos, atrapalham o bom fluxo na praça de alimentação. Medidas precisam ser tomadas o quanto antes."
CAPÍTULO 2: IRA
"Ao analisarmos o comportamento dos estudantes no campus, em sala de aula e nas demais instalações da universidade, percebemos que os mesmos, de maneira súbita, começam a entrar em um estado de raiva extrema. Esse comportamento se dá, principalmente, ao saírem do AFA (Atendimento Financeiro ao Aluno), da Secretaria Geral (quase sempre quando reclamam de faltas dadas injustamente) ou após as Vistas de Provas (nestes casos, o comportamento agressivo é somado à situações de comoção extrema). Ressaltamos que medidas precisam ser tomadas o quanto antes, pois alunos sob tais níveis de perturbação podem atrapalhar a boa espiritualidade da universidade e ficarem mais propensos a DP's ...e não é isso o que queremos."
CAPÍTULO 3: AVAREZA
"A avareza é um dos pecados mais frequentemente cometidos no ambiente de nossa universidade. Porém, surpreendemente, percebemos que o objeto principal de apego dos alunos não é o dinheiro - tendo em vista as enormes filas nos estabelecimentos da praça de alimentação e o valor das mensalidades -, mas, sim, os livros das bibliotecas. Chega a ser impressionante a afeição que os alunos demonstram, mantendo por tanto tempo os livros sob custódia. Por mais alta multa que isso resulte, eles não parecem se importar com o custo de seus atos. Alegrar-nos-ia muito saber que nossos discentes não se apegam ao dinheiro (que o Mackenzie tanto despreza), mas eles nada mais fazem do que trocar uma idolatria por outra. Além disso, notamos também que há o que denominamos de "avaros imateriais", aqueles alunos que, ao invés de mostrarem exacerbado apego a dado objeto, constroem uma forte relação de carinho com as disciplinas que cursam. Não sabemos ainda se eles são afeitos à matéria em sim ou ao professor que as ministra, todavia, ressaltamos que, o quanto antes, medidas sejam tomadas a respeito."
"PS: o pecado da avareza não se restringe apenas aos alunos. As lanchonetes da universidade, em especial a Boulevard, localizada no terceiro andar do prédio da Piauí, demonstram grande apego ao recheio de seus lanches. Informações mais detalhadas no próximo relatório."
CAPÍTULO 4: INVEJA
"Esse pecado, em particular, não se refere tanto aos alunos, mas, sim, mais aos professores. Notamos que determinados professores invejam o comportamento de certos alunos, passando a imitá-los em alguns sentidos. Talvez pelos alunos terem um limite de 25% das aulas as quais podem faltar, os professores parecem querer gozar do mesmo direito. Alguns, por iniciativa própria, inclusive, chegam a beirar o mesmo nível de ausências.”
“Outra comportamento suspeito, agora sim em relação aos alunos, é a freqüente reclamação que eles fazem ao preço das mensalidades. Após realizarmos uma ampla pesquisa, tanto qualitativa quanto quantitativa, seguindo as normas da ABNT, constatamos que, para os alunos, o preço ideal da mensalidade deveria ser reduzido, no mínimo, em 40%. Logo, concluímos (ainda conforme os métodos estabelecidos previamente) que esses mesmos alunos invejam demais alunos de outras instituições tais como UNICID, UNINOVE, UNIP, UNICEF, UNIBANCO e Unidos da Tijuca. Quase 80% deles revelaram que se transferiria para essas universidades caso elas também tivessem instalada em seus espaços físicos alguma unidade do Benjamim Abrahão. Não queremos ser repetitivos, mas repetimos que medidas precisam ser tomadas a respeito."
CAPÍTULO 5: SOBERBA
"A soberba é um dos pecados com menor ocorrência no Mackenzie. Entretanto, o exagero na ação dos outros compensa o desempenho modesto deste. Até agora, em nossas análises iniciais, notamos que os soberbos se concentram, em sua quase totalidade, entre os alunos de comunicação. Esses alunos costumam se gabar de freqüentarem um prédio isolado do campus - e que inclusive fala -, de pertencerem à faculdade com mais projetos de iniciação científica aprovados de toda a Universidade e, finalmente, por terem, logo na porta de suas instalações, o Dog do Kabelo, estabelecimento gastronômico de maior prestígio entre eles. Por mais orgulho que essa realidade possa causar, lembramos que a ostentação exagerada desses fatos pode ser prejudicial aos demais alunos, professores e funcionários da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Logo, damos a seguinte recomendação: tomem medidas o quanto antes!"
CAPÍTULO 6: PREGUIÇA
“É comum ver alunos não querendo ter aulas ou constantemente saindo delas antes de seu término. Pobres coitados. Além de se esforçarem para entender o que os professores ensinam, ainda são obrigados a agüentarem cinco horas diárias de intensas e desnecessárias aulas. Assim, uma das medidas que recomendamos que sejam tomadas é a diminuição da carga horária dos alunos para duas horas e meia diárias. Assim, eles terão mais tempo de se dedicarem aos estudos, já que essa é grande reclamação que tanto fazem. Por outro lado, notamos que os professores e coordenadores, esses sim, são isentos de qualquer vestígio de preguiça. O tempo, que quase sempre gira em torno de semanas em responder um único e-mail, ou ainda o prazo de oito ou dez dias para a impressão de um formulário ou atestado, deve-se exclusivamente ao fato deles despenderem todo esse tempo justamente para realizarem tais tarefas, já que estas são de grande complexidade."
"Observação: medidas precisam ser tomadas a respeito."
CAPÍTULO 7: LUXÚRIA
Apesar de ainda incipiente, o pecado da luxúria já começa a ser percebido em algumas localidades do campus. De acordo com nossas apurações, os diretórios acadêmicos são os principais incubadores de luxúria de toda a universidade, fazendo jus a essa nossa constatação por meio de suas inúmeras "festas". Para não cometermos nenhum tipo de difamação ou acusação gratuita, fomos verificar como se davam algumas dessas festas realizadas pelos DA's. Para que tivéssemos uma menor margem de erro e maior nível de precisão em nossas análises, fomos, exatamente, a 35 dessas festas. Além disso, passamos duas semanas freqüentando seus espaços físicos participando de suas atividade recreativas, tais como sinuca, truco, rodas de violão e outras. Ao fim, concluímos que os diretórios deveriam ter sua existência extinta, pois promovem a imoralidade e contrastam com os bons costumes pregados pelo Mackenzie. No entanto, devido ao seu valoroso papel de promotores da educação, realizado pelo serviço de fotocópia, ou seja, de disseminação e democratização do conhecimento, eles merecem uma segunda chance, obviamente, uma vez que se adaptem às medidas que forem tomadas para corrigir essa distorção.
Tendo em vista a atitude de seus universitários, a Universidade Presbiteriana Mackenzie resolveu lançar um guia para que eles encontrem o bom caminho. Intitulado de “Os Dez Mandamentos Mackenzistas”, o documento sagrado têm o seguinte conteúdo:
1) Não cobiçarás o croissant alheio
2) Guardarás o período de aula para o estudo
3) Não faltarás nem pedirás bolsa em vão
4) Honrarás a sua mensalidade
5) Não pegarás mais de duas dependências por semestre
6) Comparecerás sempre ao Dia do Mackenzie Voluntário
7) Não incomodarás os professores com e-mails
8) Praticarás sempre Educação Física
9) Não jogarás truco na universidade
10) Não violarás os firewalls do prédio 10
É bom saber que o Mackenzie está sempre antenado com o que acontece na universidade e toma sempre boas medidas a respeito do que quer que seja.
16 de setembro de 2007
A ordem do discurso
Semana passada eu tive que fazer um trabalho sobre Michel Foucault e seu livro, “A Ordem do Discurso”. Apesar das dificuldades, pois é um texto extremamente complexo e que requer várias leituras igualmente minuciosas, eu achei que seria uma boa idéia expor a explicação do texto aqui para que vocês leitores tivessem acesso a um tipo de informação extremamente valiosa.
A Ordem do Discurso é uma publicação baseada na aula inaugural de Foucault no Collége de France. Nela, Foucault fala da relação entre discurso e poder.
É controlando os nossos discursos que as instituições mantêm o poder. Assim, há diversas formas de controle ou de exclusão do discurso. São excluídos aqueles que vão contra a ordem vigente. Foucault fala de dois tipos de controle do discurso: os externos e os internos.
As formas de controle externo do discurso, Foucault chama de sistemas de exclusão. São procedimentos que impedem a criação do discurso, embora não seu pensamento. Você pode pensar um discurso, mas não pode pronunciá-lo. São três os sistemas de exclusão:
1) Interdições: A interdição: Foucault fala especificamente de três tipos de interdições (embora suas formas possam ser as mais variadas): tabu do objeto, ritual da circunstância e direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala.
a. a palavra proibida ou tabu do objeto: há certas coisas, há determinados assuntos dos quais não podemos falar, que não podem entrar em nosso discurso. Dentre esses assuntos, os dois principais são a sexualidade e a política.
b. ritual da circunstância: há determinados discursos que só podem ser anunciados em determinadas ocasiões.
c. direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala: há determinados discursos que só podem ser proferidos por determinados sujeitos.
Todas essas barreiras, essas interdições, acabam por tolher a potencialidade do discurso, logo, o seu poder. É a velha história: você nunca pode dizer o que quiser, quando quiser e como bem entender. Ou então: quem fala o que não quer, ouve o que não quer.
2) Oposição entre razão e loucura: Se eu digo o que é proibido ou contrario alguma das interdições eu sou taxado de louco. Segundo Foucault, “louco é aquele cujo discurso não circula como o dos outros”. Na História há vários exemplos disso, principalmente de cientistas que contrariavam as verdades estabelecidas de suas respectivas épocas. Mesmo se você estiver falando a verdade, seu discurso não vai ser aceito.
3) Vontade de verdade: Todo mundo quer que seu discurso seja aceito como verdade, pois isso é o mesmo que ter poder. O discurso nem precisa ser de fato verdadeiro; basta que ele seja passado como tal. Só que caso ele não seja aceito como verdadeiro, há o risco da exclusão, de ser taxado como louco. Sempre houve, e ainda há, em nossa cultura a noção de oposição entre certo e errado. Há uma verdade, e o resto não o é. “Essa divisão histórica deu sem dúvida a forma geral à nossa vontade de saber”.
Tendo isso em vista, nós não devemos olhar apenas a verdade, mas também, e principalmente, a vontade dessa verdade. Porque a verdade do discurso acaba sempre mascarando a sua vontade de verdade (devido ao apoio institucionalizado desta). Logo, nós ignoramos essa vontade de verdade como sendo “uma prodigiosa maquinaria destinada a excluir todos aqueles que procuraram contorná-la e recolocá-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verdade assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura”.
Essas três formas de exclusão impedem que o indivíduo anuncie seu discurso (ou faça com que ele tema anunciá-lo). Eles “tendem a exercer sobre os outros discursos uma espécie de pressão e como que um poder de coerção”. Assim sendo, o discurso acaba se desenhando como uma forma de dominação. Um exemplo é o discurso jurídico, que usa uma linguagem excessivamente técnica e complicada. Isso faz com que o cidadão comum seja excluído desse campo discursivo e acabe como conseqüência lógica não brigando pelos seus direitos. No jornalismo também há isso, como o famoso “economês” usados nos cadernos de economia. Uma linguagem técnica que impede a compreensão do texto. São textos feitos para quem já entende do assunto, o que perpertua a concentração do poder, do discurso.
É importante lembrar que nenhum enunciado é neutro. Portanto, sempre desconfie de tudo o que você ler. O titulo, a imagem, cada uma das palavras, tudo possui um significado e não é escolhido à toa.
Quando o discurso pode ser dito, ele esbarra no que Foucault chama de “procedimentos de controle e delimitação do discurso”. Ou seja, os processos internos, que também são três.
1) O comentário: nós sempre estamos nos remetendo a outros discursos. Quase tudo o que falamos já foi dito uma outra vez, porém de forma diferente, com outras palavras. O comentário é repetir um discurso já existente. É o que eu estou fazendo aqui. Ao explicar Foucault para vocês eu acabo limitando o sentido do texto.
2) O autor: a individualidade do autor limita o sentido do discurso. Se for “O” cara que estiver falando, tudo bem; se for um outro qualquer aí o discurso deste tem menos valor, é menos poderoso.
3) A disciplina: são regras pertencentes a determinado campo do saber ou ciência às quais o discurso deve se adaptar para ter validade ou credibilidade. Foucault cita o exemplo de Mendel, que por muitos anos não teve suas teorias sobre a hereditariedade aceita, pois elas iam de encontro à visão da Biologia da época. Obviamente, essas regras podem mudar de acordo com o tempo e com o lugar. Elas são difíceis de mudar, porque dessa forma quem as domina pode controlar quem participa do discurso.
Enfim, tudo isso serve para mostrar a importância de como todo o discurso está “contaminado” de ideologia e de interesses, já que todo ser humano age de maneira interessada, de acordo com o que lhe é benéfico. Assim, precisamos perder a ingenuidade que costumamos ter ao lermos um jornal, ao vermos uma propaganda, etc.
A Ordem do Discurso é uma publicação baseada na aula inaugural de Foucault no Collége de France. Nela, Foucault fala da relação entre discurso e poder.
É controlando os nossos discursos que as instituições mantêm o poder. Assim, há diversas formas de controle ou de exclusão do discurso. São excluídos aqueles que vão contra a ordem vigente. Foucault fala de dois tipos de controle do discurso: os externos e os internos.
As formas de controle externo do discurso, Foucault chama de sistemas de exclusão. São procedimentos que impedem a criação do discurso, embora não seu pensamento. Você pode pensar um discurso, mas não pode pronunciá-lo. São três os sistemas de exclusão:
1) Interdições: A interdição: Foucault fala especificamente de três tipos de interdições (embora suas formas possam ser as mais variadas): tabu do objeto, ritual da circunstância e direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala.
a. a palavra proibida ou tabu do objeto: há certas coisas, há determinados assuntos dos quais não podemos falar, que não podem entrar em nosso discurso. Dentre esses assuntos, os dois principais são a sexualidade e a política.
b. ritual da circunstância: há determinados discursos que só podem ser anunciados em determinadas ocasiões.
c. direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala: há determinados discursos que só podem ser proferidos por determinados sujeitos.
Todas essas barreiras, essas interdições, acabam por tolher a potencialidade do discurso, logo, o seu poder. É a velha história: você nunca pode dizer o que quiser, quando quiser e como bem entender. Ou então: quem fala o que não quer, ouve o que não quer.
2) Oposição entre razão e loucura: Se eu digo o que é proibido ou contrario alguma das interdições eu sou taxado de louco. Segundo Foucault, “louco é aquele cujo discurso não circula como o dos outros”. Na História há vários exemplos disso, principalmente de cientistas que contrariavam as verdades estabelecidas de suas respectivas épocas. Mesmo se você estiver falando a verdade, seu discurso não vai ser aceito.
3) Vontade de verdade: Todo mundo quer que seu discurso seja aceito como verdade, pois isso é o mesmo que ter poder. O discurso nem precisa ser de fato verdadeiro; basta que ele seja passado como tal. Só que caso ele não seja aceito como verdadeiro, há o risco da exclusão, de ser taxado como louco. Sempre houve, e ainda há, em nossa cultura a noção de oposição entre certo e errado. Há uma verdade, e o resto não o é. “Essa divisão histórica deu sem dúvida a forma geral à nossa vontade de saber”.
Tendo isso em vista, nós não devemos olhar apenas a verdade, mas também, e principalmente, a vontade dessa verdade. Porque a verdade do discurso acaba sempre mascarando a sua vontade de verdade (devido ao apoio institucionalizado desta). Logo, nós ignoramos essa vontade de verdade como sendo “uma prodigiosa maquinaria destinada a excluir todos aqueles que procuraram contorná-la e recolocá-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verdade assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura”.
Essas três formas de exclusão impedem que o indivíduo anuncie seu discurso (ou faça com que ele tema anunciá-lo). Eles “tendem a exercer sobre os outros discursos uma espécie de pressão e como que um poder de coerção”. Assim sendo, o discurso acaba se desenhando como uma forma de dominação. Um exemplo é o discurso jurídico, que usa uma linguagem excessivamente técnica e complicada. Isso faz com que o cidadão comum seja excluído desse campo discursivo e acabe como conseqüência lógica não brigando pelos seus direitos. No jornalismo também há isso, como o famoso “economês” usados nos cadernos de economia. Uma linguagem técnica que impede a compreensão do texto. São textos feitos para quem já entende do assunto, o que perpertua a concentração do poder, do discurso.
É importante lembrar que nenhum enunciado é neutro. Portanto, sempre desconfie de tudo o que você ler. O titulo, a imagem, cada uma das palavras, tudo possui um significado e não é escolhido à toa.
Quando o discurso pode ser dito, ele esbarra no que Foucault chama de “procedimentos de controle e delimitação do discurso”. Ou seja, os processos internos, que também são três.
1) O comentário: nós sempre estamos nos remetendo a outros discursos. Quase tudo o que falamos já foi dito uma outra vez, porém de forma diferente, com outras palavras. O comentário é repetir um discurso já existente. É o que eu estou fazendo aqui. Ao explicar Foucault para vocês eu acabo limitando o sentido do texto.
2) O autor: a individualidade do autor limita o sentido do discurso. Se for “O” cara que estiver falando, tudo bem; se for um outro qualquer aí o discurso deste tem menos valor, é menos poderoso.
3) A disciplina: são regras pertencentes a determinado campo do saber ou ciência às quais o discurso deve se adaptar para ter validade ou credibilidade. Foucault cita o exemplo de Mendel, que por muitos anos não teve suas teorias sobre a hereditariedade aceita, pois elas iam de encontro à visão da Biologia da época. Obviamente, essas regras podem mudar de acordo com o tempo e com o lugar. Elas são difíceis de mudar, porque dessa forma quem as domina pode controlar quem participa do discurso.
Enfim, tudo isso serve para mostrar a importância de como todo o discurso está “contaminado” de ideologia e de interesses, já que todo ser humano age de maneira interessada, de acordo com o que lhe é benéfico. Assim, precisamos perder a ingenuidade que costumamos ter ao lermos um jornal, ao vermos uma propaganda, etc.
8 de setembro de 2007
FILE
A oitava edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica desse ano foi uma das piores coisas que eu já vi na vida. Na última semana da exposição, tão comentada por sites, blogs e jornais, nem metade das 23 obras (se é que eram tudo isso!) estavam funcionando corretamente. Se no dia nove de setembro, último dia da exposição, houvesse pouco mais de dez em perfeitas condições eu não me espantaria. Uma completa falta de organização. Além disso, havia poucos monitores que pudessem auxiliar o público no entendimentos das obras.
Nota: 3
Nota: 3
6 de setembro de 2007
A pergunta que não quer calar
2 de setembro de 2007
Desabafos desvairados 6
Depois de assistir ao trailer do filme "Duro de Matar 4" eu fiquei pensando sobre esses filmes de ação: como pode?
Como pode um cara estar num caminhão, o caminhão ser alvejado de tiros por um avião militar, e ele sair ileso, sem nenhum ferimento, apenas com leves manchas de graxa no rosto?
Como pode ele saber o exato momento em que o carro vai explodir, e então pular dele numa rua movimentadíssima sem ser atropelado? Será que todo mocinho tem algum tipo de poder premonitório?
Como pode o vilão nunca matar o refém, mesmo quando não precisa mais dele?
Como pode um simples ser humano vencer um robô, um extraterrestre ou qualquer outro tipo de criatura 10 vezes mais rápida, inteligente e forte que ele?
Como pode?
Como pode um cara estar num caminhão, o caminhão ser alvejado de tiros por um avião militar, e ele sair ileso, sem nenhum ferimento, apenas com leves manchas de graxa no rosto?
Como pode ele saber o exato momento em que o carro vai explodir, e então pular dele numa rua movimentadíssima sem ser atropelado? Será que todo mocinho tem algum tipo de poder premonitório?
Como pode o vilão nunca matar o refém, mesmo quando não precisa mais dele?
Como pode um simples ser humano vencer um robô, um extraterrestre ou qualquer outro tipo de criatura 10 vezes mais rápida, inteligente e forte que ele?
Como pode?
29 de agosto de 2007
O nosso cinema
Li recentemente na coluna do Ancelmo Gois no Diário de São Paulo que a Associação Brasileira de Cineastas e a Associação Paulista de Cineastas apresentaram uma queixa ao Ministério Público contra da invasão de filme estrangeiros (entenda-se norte-americanos) nas nossas salas de cinemas.
Acredito que o MP nada pode fazer. Interferir nas regras de mercado envolvidas nessa situação seria totalmente antidemocrático.
O que se pode fazer, aí sim, é investir no cinema brasileiro e alçá-lo a um patamar tal que o possibilite competir com os outros cinemas.
Não adianta ficar chamando os Estados Unidos de imperialistas, de tentarem fazer com que sua cultura se sobreponha às demais. Do que adianta se a própria nem sequer é valorizada?
Acredito que o MP nada pode fazer. Interferir nas regras de mercado envolvidas nessa situação seria totalmente antidemocrático.
O que se pode fazer, aí sim, é investir no cinema brasileiro e alçá-lo a um patamar tal que o possibilite competir com os outros cinemas.
Não adianta ficar chamando os Estados Unidos de imperialistas, de tentarem fazer com que sua cultura se sobreponha às demais. Do que adianta se a própria nem sequer é valorizada?
27 de agosto de 2007
Recall Mattel 2
A Mattel, continuando com a sua política de recall 100%, apresenta sua nova linha de brinquedos: menos tóxicos, menos perigosos, menos radioativos e, acima de tudo, mais divertidos!
O primeiro produto, a ser lançado no próximo mês, é o Forninho de Verdade, que agora deixa de ser vendido juntamente com o Botijãozinho de Verdade de meio litro de gás hélio. Assim, o Botijãozinho de Verdade será comercializado separadamente. Além disso, a temperatura máxima do Forninho de Verdade cai de 180 graus para apenas 65 graus.
Ainda, seguindo os nossos esforços de propiciar uma melhor experiência para as crianças que usam nossos brinquedos, outra novidade já começou a ser adotada.
Atualmente, nossa linha de bichinhos de pelúcia deixou de ser fabricada com o uso de pêlos de animais de verdade. Apesar de eles serem retirados do animal ainda vivo – mantendo uma textura e aparência digna da qualidade Mattel –, diversas reclamações e entidades como a Anvisa, A Vigilância Sanitária, o Ministério Público e ONU fizeram com que nós mudássemos nossa filosofia.
Essas são apenas algumas das diversas mudanças que a Mattel implantará na produção de seus brinquedos, melhorando o divertimento da criança brasileira.
O primeiro produto, a ser lançado no próximo mês, é o Forninho de Verdade, que agora deixa de ser vendido juntamente com o Botijãozinho de Verdade de meio litro de gás hélio. Assim, o Botijãozinho de Verdade será comercializado separadamente. Além disso, a temperatura máxima do Forninho de Verdade cai de 180 graus para apenas 65 graus.
Ainda, seguindo os nossos esforços de propiciar uma melhor experiência para as crianças que usam nossos brinquedos, outra novidade já começou a ser adotada.
Atualmente, nossa linha de bichinhos de pelúcia deixou de ser fabricada com o uso de pêlos de animais de verdade. Apesar de eles serem retirados do animal ainda vivo – mantendo uma textura e aparência digna da qualidade Mattel –, diversas reclamações e entidades como a Anvisa, A Vigilância Sanitária, o Ministério Público e ONU fizeram com que nós mudássemos nossa filosofia.
Essas são apenas algumas das diversas mudanças que a Mattel implantará na produção de seus brinquedos, melhorando o divertimento da criança brasileira.
25 de agosto de 2007
Diálogos do dia-a-dia 2
- Ah, Carlinha, nem te conto, viu!
- Mas você vai contar, não? Eu sei que você quer.
- Cansei!
- Cansou? Cansou do quê?
- Cansei de ser bonita.
- Oi?
- É, cansei disso, de tanto homem ficar assobiando na rua para mim, de não ser levada a sério, de ficar com mais de cinco homens numa mesma noite.
- Bem, algumas dessas coisas você mesma poderia evitar...
- Mas cansa tanto... Eu cheguei num momento em que eu preciso dar um direcionamento para a minha vida. Eu sei que você não sabe como é, mas é chato ser bonita. E daqui a pouco o tempo vai me alçançar e abusar de mim, assim como ele fez como você .
- Nossa, Rita, agradeço pelas suas doces e sutis palavras.
- Ah, amiga... que é isso...
- Mas enfim, não há motivos para você ficar assim tão preocupada. Até porque a beleza não é o seu único dote.
- É sim.
- Eu sempre achei que você tivesse talento na cozinha. O que você sabe preparar?
- Só pão com manteiga.
- ...Entendo. E costurar, você sabe?
- Da última vez que eu fiz tricô com a minha avó, eu quase perfurei o crânio do meu cachorro. Uma longa história. Te conto depois. Falando nisso, que barulho de cachorro é esse?
- Um cachorro.
- Seu?
- Meu.
- Nossa, como ele late, né?
- Bom, pior seria se ele miasse.
- Verdade...
...
- Alguma vez, por acaso, ele já...
- Não, nunca!
- Eh... faz sentido
- Enfim, Rita, acho que precisa relaxar, refletir um pouco e ver qual é o verdadeiro motivo desse seu... can-saço.
- Sabe, dia desses eu estava pensando em radicalizar. Pensei até em tingir meu cabelo de preto, mas você sabe, né? Hoje em dia se você não não é loira, você não é nada.
- Ri-ti-nhá, quer saber? Quem cansou agora fui eu!
- Hã?
- Cansei!! Canse de patricinhas superficiais como você. Cansei de gente que tem dinheiro e reclama de barriga cheia. Cansei de gente que diz que cansou sem fazer nada. Cansei de loira que tenta ser menos burra do que é. Cansei.
- Nossa, que agressividade, que estresse. Descansa um pouco.
- Mas você vai contar, não? Eu sei que você quer.
- Cansei!
- Cansou? Cansou do quê?
- Cansei de ser bonita.
- Oi?
- É, cansei disso, de tanto homem ficar assobiando na rua para mim, de não ser levada a sério, de ficar com mais de cinco homens numa mesma noite.
- Bem, algumas dessas coisas você mesma poderia evitar...
- Mas cansa tanto... Eu cheguei num momento em que eu preciso dar um direcionamento para a minha vida. Eu sei que você não sabe como é, mas é chato ser bonita. E daqui a pouco o tempo vai me alçançar e abusar de mim, assim como ele fez como você .
- Nossa, Rita, agradeço pelas suas doces e sutis palavras.
- Ah, amiga... que é isso...
- Mas enfim, não há motivos para você ficar assim tão preocupada. Até porque a beleza não é o seu único dote.
- É sim.
- Eu sempre achei que você tivesse talento na cozinha. O que você sabe preparar?
- Só pão com manteiga.
- ...Entendo. E costurar, você sabe?
- Da última vez que eu fiz tricô com a minha avó, eu quase perfurei o crânio do meu cachorro. Uma longa história. Te conto depois. Falando nisso, que barulho de cachorro é esse?
- Um cachorro.
- Seu?
- Meu.
- Nossa, como ele late, né?
- Bom, pior seria se ele miasse.
- Verdade...
...
- Alguma vez, por acaso, ele já...
- Não, nunca!
- Eh... faz sentido
- Enfim, Rita, acho que precisa relaxar, refletir um pouco e ver qual é o verdadeiro motivo desse seu... can-saço.
- Sabe, dia desses eu estava pensando em radicalizar. Pensei até em tingir meu cabelo de preto, mas você sabe, né? Hoje em dia se você não não é loira, você não é nada.
- Ri-ti-nhá, quer saber? Quem cansou agora fui eu!
- Hã?
- Cansei!! Canse de patricinhas superficiais como você. Cansei de gente que tem dinheiro e reclama de barriga cheia. Cansei de gente que diz que cansou sem fazer nada. Cansei de loira que tenta ser menos burra do que é. Cansei.
- Nossa, que agressividade, que estresse. Descansa um pouco.
17 de agosto de 2007
Recall Mattell
ATENÇÃO CONSUMIDORES:
A Mattel Brinquedos S.A. informa que está chamando todos os seus consumidores que adquiriram os bonecos Batman, Barbie e Polly nos últimos 8 meses. Verificamos que esses brinquedos contêm imãs que podem se desprender dos produtos e serem facilmente ingeridos por crianças.
Além disso, alguns deles podem conter excesso de chumbo na tinta usada para a pintura, assim como de urãnio, plutônio e/ou cianureto.
Ressaltamos, também, que alguns acessórios usados pela boneca Barbie nos modelos Barbie Surfistinha, Barbie Massagista Tailandesa e Barbie no Convento podem ou não conter objetos soltos em seu interior, tais como: pregos, parafusos, lâminas e outros materiais metálicos que nós não fomos capazes de identificar. Pedaços de borracha, comprimidos de ecstasy e trouxinhas de maconha também podem ser achados.
Ainda, as versões mais recentes de Batman Combatendo o Crime No Morro do Torto também apresentaram falhas técnicas em nossos testes de qualidade quando usadas por mais de dez minutos consecutivos, podendo ou não entrar em processo de combustão instantânea.
Assim, pedimos a compreensão de todos os nossos consumidores e que entrem em contanto conosco. Todos os brinquedos serão devidamente recolhidos, e o prejuízo ressarcido com a troca por um brinquedo similar - ou não - ou a devolução (ou não) de 25% de seu valor caso seja comprovado seu potencial letal.
A Mattel Brinquedos S.A. informa que está chamando todos os seus consumidores que adquiriram os bonecos Batman, Barbie e Polly nos últimos 8 meses. Verificamos que esses brinquedos contêm imãs que podem se desprender dos produtos e serem facilmente ingeridos por crianças.
Além disso, alguns deles podem conter excesso de chumbo na tinta usada para a pintura, assim como de urãnio, plutônio e/ou cianureto.
Ressaltamos, também, que alguns acessórios usados pela boneca Barbie nos modelos Barbie Surfistinha, Barbie Massagista Tailandesa e Barbie no Convento podem ou não conter objetos soltos em seu interior, tais como: pregos, parafusos, lâminas e outros materiais metálicos que nós não fomos capazes de identificar. Pedaços de borracha, comprimidos de ecstasy e trouxinhas de maconha também podem ser achados.
Ainda, as versões mais recentes de Batman Combatendo o Crime No Morro do Torto também apresentaram falhas técnicas em nossos testes de qualidade quando usadas por mais de dez minutos consecutivos, podendo ou não entrar em processo de combustão instantânea.
Assim, pedimos a compreensão de todos os nossos consumidores e que entrem em contanto conosco. Todos os brinquedos serão devidamente recolhidos, e o prejuízo ressarcido com a troca por um brinquedo similar - ou não - ou a devolução (ou não) de 25% de seu valor caso seja comprovado seu potencial letal.
19 de maio de 2007
Desabafos desvairados 5
Para quem está de regime ou simplesmente prefere consumir menos açúcar, uma boa opção são aqueles sucos dietéticos ou sucos light.
Foi justamente uma determinada marca desses tipos de sucos artificiais que me chamou a atenção dia desses.
Convenhamos que é normal esperar que esses sucos contenham menos calorias que os tradicionais, afinal, possuem menos açúcar. Eles não precisam ter zero caloria, mas alguns conseguem essa proeza.
Dia desses cheguei em casa e minha mãe disse que havia comprado um desses sucos. Para ser mais preciso da marca Zero Cal. Ela pediu que eu experimentasse um copo para ver o que eu achava o que prontamente fiz.
Após constatar que o suco era de fato muito bom, comentei como era interessante o fato de a pessoa tomar suco vontade, pois ele não era calórico. Qual não foi minha surpresa quando, num ato repentino de curiosidade, fui olhar a embalagem desse mesmo suco e que deparei com a mais improvável das informações: cada copo de suco Zero Cal, possuía nada mais, nada menos do que 6 (seis) calorias!
Como eu disse, não é de se esperar que todos os sucos light não contenham calorias, mas, no caso de um suco que se auto-intitula Zero Cal, desculpe, é sim!
Confesso que sinto um certo “quê” de propaganda enganosa nisso. Se você perguntasse para qualquer um quantas calorias deve ter um produto que se chama Zero Cal, qual a resposta seria unanimidade?
Foi justamente uma determinada marca desses tipos de sucos artificiais que me chamou a atenção dia desses.
Convenhamos que é normal esperar que esses sucos contenham menos calorias que os tradicionais, afinal, possuem menos açúcar. Eles não precisam ter zero caloria, mas alguns conseguem essa proeza.
Dia desses cheguei em casa e minha mãe disse que havia comprado um desses sucos. Para ser mais preciso da marca Zero Cal. Ela pediu que eu experimentasse um copo para ver o que eu achava o que prontamente fiz.
Após constatar que o suco era de fato muito bom, comentei como era interessante o fato de a pessoa tomar suco vontade, pois ele não era calórico. Qual não foi minha surpresa quando, num ato repentino de curiosidade, fui olhar a embalagem desse mesmo suco e que deparei com a mais improvável das informações: cada copo de suco Zero Cal, possuía nada mais, nada menos do que 6 (seis) calorias!
Como eu disse, não é de se esperar que todos os sucos light não contenham calorias, mas, no caso de um suco que se auto-intitula Zero Cal, desculpe, é sim!
Confesso que sinto um certo “quê” de propaganda enganosa nisso. Se você perguntasse para qualquer um quantas calorias deve ter um produto que se chama Zero Cal, qual a resposta seria unanimidade?
29 de abril de 2007
Desabafos desvairados 4
Quando eu estava no hall do meu prédio, esperando pelo elevador, eu ouvi a zeladora comentando com uma senhora que a síndica não gosta que qualquer estranho entre no prédio
Após um certo tempo que meu raciocínio, já não tão ágil, fez uso para processar a informação, eu me perguntei: "qualquer estranho"?
Como assim? Se fosse um estranho famoso, aí tudo bem?Aquele estranho que ela não conhece não pode entrar no prédio, mas se for aquele que ela vê todo dia, amigo de infância... esse pode entrar.
Muito estranho isso...
Mas por mais estranho que tudo isso pareça, mais estranhos ainda são os malditos elevadores.A pior coisa do mundo é ter que esperar pelo elevador. Bom, não é a pior coisa do mundo... mas uma das, com certeza!Ele é prova viva (talvez nem tanto) da validade da fatídica Lei de Murphy. Se você estiver atrasado e com pressa para ir à algum compromisso, desista de usá-lo. Vá de escada.
Parece que ele sente seu desespero, e resovle parar em todos os andares anteriores ao seu para que sua aflição seja ainda maior. É isso que o move - além dos cabos. Isso sem contar quando ele passa direto pelo seu andar como se as leis da matématica nao existissem; como se repentianamente, após o nono andar viesse o décimo primeiro. Detalhe: vocé está no 10º. Se você perceber que ele erá mesmo parar em seu andar, desista também. Estará lotado. Lotado a tal ponto de que nem se você fosse uma daquelas supermodelos que se alimentam de uma ervilha por dia você conseguiria entrar. E pense pelo lado bom. Ao ir de escada, você se exercita fisicamente e ainda contribiu para a não-profileração do efeito-estufa.
Não tenho certeza se "não-proliferação" e "efeito-estufa" estão corretamente escritos. Apesar de precisar conhecer bem as normas ortográficas que regem nossa língua, confesso que me falta uma aplicação maior em tal tarefa. Mas é que é tão legal usar hífen, vocês não acham?
Eu acho superbacana, quer dizer... super-bacana. Mesmo que às vezes isso trombe com as leis do Português, acho que vale a pena ousar um-pouco e sair do lugar-comum, tão óbvio-redundante.
Após um certo tempo que meu raciocínio, já não tão ágil, fez uso para processar a informação, eu me perguntei: "qualquer estranho"?
Como assim? Se fosse um estranho famoso, aí tudo bem?Aquele estranho que ela não conhece não pode entrar no prédio, mas se for aquele que ela vê todo dia, amigo de infância... esse pode entrar.
Muito estranho isso...
Mas por mais estranho que tudo isso pareça, mais estranhos ainda são os malditos elevadores.A pior coisa do mundo é ter que esperar pelo elevador. Bom, não é a pior coisa do mundo... mas uma das, com certeza!Ele é prova viva (talvez nem tanto) da validade da fatídica Lei de Murphy. Se você estiver atrasado e com pressa para ir à algum compromisso, desista de usá-lo. Vá de escada.
Parece que ele sente seu desespero, e resovle parar em todos os andares anteriores ao seu para que sua aflição seja ainda maior. É isso que o move - além dos cabos. Isso sem contar quando ele passa direto pelo seu andar como se as leis da matématica nao existissem; como se repentianamente, após o nono andar viesse o décimo primeiro. Detalhe: vocé está no 10º. Se você perceber que ele erá mesmo parar em seu andar, desista também. Estará lotado. Lotado a tal ponto de que nem se você fosse uma daquelas supermodelos que se alimentam de uma ervilha por dia você conseguiria entrar. E pense pelo lado bom. Ao ir de escada, você se exercita fisicamente e ainda contribiu para a não-profileração do efeito-estufa.
Não tenho certeza se "não-proliferação" e "efeito-estufa" estão corretamente escritos. Apesar de precisar conhecer bem as normas ortográficas que regem nossa língua, confesso que me falta uma aplicação maior em tal tarefa. Mas é que é tão legal usar hífen, vocês não acham?
Eu acho superbacana, quer dizer... super-bacana. Mesmo que às vezes isso trombe com as leis do Português, acho que vale a pena ousar um-pouco e sair do lugar-comum, tão óbvio-redundante.
8 de abril de 2007
Desabafos desvairados 3
E aí, caro leitor, tudo bem? Digo caro leitor literalmente, porque acho difícil que este humilde blog tenha mais de um. Isso se eu próprio for excluído da contagem, caso contrário talvez sejam dois.
Mas enfim, eu não vim aqui para mostar minha frustração com a baixa frequência de leitores que meu blog cativa. O motivo por qual veio por meio desta (ai, que coisa horrível, né? parece carta daquelas secretária dos anos 50) é dividir com você(s?) uma percepção que me chamou a atenção dia desses.
Estava eu passando pelos apetitosos corredores que um supermercado aqui perto de casa decorou em motivo à Pascoa, quando reparei na enormidade de produtos com preços terminados em R$ X,99.
Sinceramente, por que isso? Além de dificultar o troco, o supermercado deve achar que o consumidor tem cara de troxa, certo?
- Nossa, olha o preço da caixa de bombons como está barato.
- R$ 4,99?! Não é possível, deve estar em promoção.
- Mas não estou vendo nenhuma plaquinha, nem nada...
- Nossa, pega logo umas três ou quatro. Lá no mercado da esquina eu tinha visto por R$ 5,00; convenhamos, um roubo!
Eu gostaria mesmo de saber por que eles fazem isso. Sem dúvida deve dar a impressão que ao não completar o valor das casas decimais, o produto sai mais em conta.
Oras, o produto poderia custar R$ 4,00 e ser vendido a R$ 4,99. "Pelo menos não é R$ 5,00", deve pensar o comprador.
Só que não pára por aí. Agora começam a surgir mercadorias com preços terminados em 0,98 centavos. Uma vez manjada a técnica dos 0,99 centavos, os empresário pensam em uma outra, não muito original há de se convir. Não basta que o mercado dê um desconto de um centavo apenas. Ele revê suas contas, o orçamento, diminui sua margem de lucro, faz algumas demissões para cortar despesas e, então, num ato de serviço ao consumidor, consegue dar a ele o desconto de dois centavos.
Graças à essa política dos mercados e mercearias nacionais, eu finalmente poderei comprar passagens para mim e para a minha família, para que possamos viajar à Nova Iorque nesse final de ano.
Obrigado Pão de Açúcar, obrigado Carrefour, obrigado Bom Preço, obrigado vendinha da dona Cecília.
A todos vocês, meu eterno agradecimento.
Mas enfim, eu não vim aqui para mostar minha frustração com a baixa frequência de leitores que meu blog cativa. O motivo por qual veio por meio desta (ai, que coisa horrível, né? parece carta daquelas secretária dos anos 50) é dividir com você(s?) uma percepção que me chamou a atenção dia desses.
Estava eu passando pelos apetitosos corredores que um supermercado aqui perto de casa decorou em motivo à Pascoa, quando reparei na enormidade de produtos com preços terminados em R$ X,99.
Sinceramente, por que isso? Além de dificultar o troco, o supermercado deve achar que o consumidor tem cara de troxa, certo?
- Nossa, olha o preço da caixa de bombons como está barato.
- R$ 4,99?! Não é possível, deve estar em promoção.
- Mas não estou vendo nenhuma plaquinha, nem nada...
- Nossa, pega logo umas três ou quatro. Lá no mercado da esquina eu tinha visto por R$ 5,00; convenhamos, um roubo!
Eu gostaria mesmo de saber por que eles fazem isso. Sem dúvida deve dar a impressão que ao não completar o valor das casas decimais, o produto sai mais em conta.
Oras, o produto poderia custar R$ 4,00 e ser vendido a R$ 4,99. "Pelo menos não é R$ 5,00", deve pensar o comprador.
Só que não pára por aí. Agora começam a surgir mercadorias com preços terminados em 0,98 centavos. Uma vez manjada a técnica dos 0,99 centavos, os empresário pensam em uma outra, não muito original há de se convir. Não basta que o mercado dê um desconto de um centavo apenas. Ele revê suas contas, o orçamento, diminui sua margem de lucro, faz algumas demissões para cortar despesas e, então, num ato de serviço ao consumidor, consegue dar a ele o desconto de dois centavos.
Graças à essa política dos mercados e mercearias nacionais, eu finalmente poderei comprar passagens para mim e para a minha família, para que possamos viajar à Nova Iorque nesse final de ano.
Obrigado Pão de Açúcar, obrigado Carrefour, obrigado Bom Preço, obrigado vendinha da dona Cecília.
A todos vocês, meu eterno agradecimento.
7 de abril de 2007
Poemas de uma mente sonhadora 3
Matou-me não poder mais vê-la
Matou-me vê-la sem me ver
A vida a qual sempre abraçamos
Como uma rosa meiga e doce
Mostrava agora seus espinhos
Abandonava o seu perfume
Trancava todas suas pétalas
E se deitava em terra fria
Que a cobria em tom de zelo
E sob a terra também ia
Todos os sonhos destruídos
Que desenhamos na areia
E se apagaram pelo mar
E sob a terra, ia escondido
Todo o silêncio do meu pranto
E um punhado da minha alma
O que mais fazer?
Quando chorar não mais consola;
E o grito já não mais acalma;
E o triste então se apresenta
Quando o Sol me dá as costas?
Tantas palavras foram ditas
Tantas declarações ouvidas
Tantas belezas foram vistas
Tantas carícias, foram lindas
Mas agora...
O que dizer só há adeus
O que ouvir não há mais nada
Meus olhos já não podem ver
Se escondem os dois atrás de lágrimas
Enquanto penso naqueles dias
Lembro de quando éramos ontem
De como a rosa me encantava
E, eu o cravo a cortejava
E me acolhia em suas plumas
A lapidava em bela jóia
E lhe ascendia em chama quente
Que me esquentava em noites claras
Daí o ontem acabou
O amanhã, pena, virá
Espero só o Jardineiro
A este cravo vir podar
Matou-me vê-la sem me ver
A vida a qual sempre abraçamos
Como uma rosa meiga e doce
Mostrava agora seus espinhos
Abandonava o seu perfume
Trancava todas suas pétalas
E se deitava em terra fria
Que a cobria em tom de zelo
E sob a terra também ia
Todos os sonhos destruídos
Que desenhamos na areia
E se apagaram pelo mar
E sob a terra, ia escondido
Todo o silêncio do meu pranto
E um punhado da minha alma
O que mais fazer?
Quando chorar não mais consola;
E o grito já não mais acalma;
E o triste então se apresenta
Quando o Sol me dá as costas?
Tantas palavras foram ditas
Tantas declarações ouvidas
Tantas belezas foram vistas
Tantas carícias, foram lindas
Mas agora...
O que dizer só há adeus
O que ouvir não há mais nada
Meus olhos já não podem ver
Se escondem os dois atrás de lágrimas
Enquanto penso naqueles dias
Lembro de quando éramos ontem
De como a rosa me encantava
E, eu o cravo a cortejava
E me acolhia em suas plumas
A lapidava em bela jóia
E lhe ascendia em chama quente
Que me esquentava em noites claras
Daí o ontem acabou
O amanhã, pena, virá
Espero só o Jardineiro
A este cravo vir podar
5 de abril de 2007
João e Maria e uns tantos outros...
Estou convencido de que a disposição dos feriados ao longo do ano é feita para nos engordar. Analise comigo:
Em 25 de dezembro, temos o Natal. Bem, isso provavelmente você já sabia. Nessa época do ano nós comemos muito. Comemos peru, pernil, tender, arroz, farofa, peixe, nozes e castanhas, frutas cristalizadas, frutas secas, frutas em calda, panetone, chocotone e, para não pesar demais, uma saladinha. Tudo bem que às vezes fazemos mais comida do que comemos - vai ver é o tal espírito natalino, notoriamente generoso -, mas que durante o Natal nós nos entregamos ao pecado da gula, isso é inegável.
Acabou o Natal, e você então pensa: “Agora eu vou maneirar”. Ledo engano. Você e sua família cozinharam uma variedade enorme de pratos, é comida para a semana toda. Após constatar essa fatalidade você se resigna e se esforça ao máximo no nobre objetivo de evitar o desperdício de alimentos.
Quando a semana vai se aproximando de seu fim, você percebe mais uma verdade da qual não é possível fugir: o Ano Novo. A segunda data mais “engordativa“ do nosso calendário acontece exatamente uma semana após a mais “engordativa”. Coincidência? Sim, coincidência. Mas, convenhamos, uma infeliz coincidência para mim, para você e para todos que querem perder aqueles quilinhos a mais, agregados durante o Natal.
O cardápio do Ano Novo, vulgo Reveillon, não difere muito das iguarias natalinas. Inclua agora cem gramas de lentilha, cachos de uva, uma romã, nhoque e algumas garrafas de cidra. Nessa época do ano você só não vê mais comida do que formas de simpatias e gente vestindo branco.
Acabou o Ano Novo! Você agora está definitivamente de regime. Não há volta em relação a isso. É verão, todo mundo corre pelas ruas exibindo seus abdomens sarados, e você também quer fazer parte deste não tão seleto grupo.
Pouco mais de um mês fazendo trinta longos minutos de exercícios quase diários e tentando ao máximo não comer em excesso, você se surpreende mais uma vez: oleleô, lá vem o Carnaval. E pior: ainda tem aquele feriado prolongado.
Aí já viu, né? Litros e litros de cerveja, petiscos, frituras e mais cerveja se acumulando na sua e na nossa pança. Quando finalmente a folia acaba, vem o feriado prolongado. Sua empresa deixou os funcionários assistirem as apurações das escolas do Rio e de São Paulo. Você ficará em casa, então, segunda, terça e quarta. Três dias de nervosismo e ansiedade para saber se nesse ano sua escola finalmente vai levar o título. Agora, leitor, me diga: qual é o melhor jeito de curar a ansiedade? Exatamente... comendo! Mais cerveja, mais fritura e mais cerveja.
É, companheiro, seu começo de ano não foi dos melhores, mas agora está tudo sob controle... só que não sob o seu.
Já se passou pouco mais de um mês desde as suas últimas aventuras alimentícias. Você já até começou a notar um músculo ou outro que antes não via. Já está pensando nas férias de meio de ano e naquela viagem à praia onde você, finalmente, vai poder exibir seu peitoral recém-esculpido. Mas é como diz o ditado: felicidade de pobre dura pouco (porque se você fosse rico já teria feito uma lipoaspiração e terminado com tudo isso). Quem é que vem lá, pulando? O maldito coelhinho da Páscoa.
Cá entre nós, não há como resistir aos encantos da Páscoa; o que dirá, então, aos “encantos” do chocolate, ainda mais na forma de ovo, ou de coelho, ou de cenoura, ou de cigarro... Não há quem não goste de chocolate. Ele sim é o símbolo do pecado. Acredito até que Eva não mordeu uma maçã ao sucumbir às tentações mundanas, mas sim, a uma deliciosa barra de Prestígio ou quem sabe a um maravilhoso Kinder Ovo. Provavelmente isso nunca chegou ao conhecimento geral devido aos interesses imperialistas norte-americanos. Mas isso não vem ao caso agora. A questão é que um pedaço mínimo de chocolate possui um milhão e trezentas calorias. Então por menos que você coma, não há como fugir de dar adeus àqueles músculos. A Páscoa acaba e você imagina o que mais esta por vir, correto?
É hora da Festa Junina. Prepare-se para comer todo tipo de comida à base de milho, chimarrão, maçã doce, algodão doce, galinha na panela, galinhada, galinha ao forno, galinha doce e toda e qualquer forma que uma galinha puder ser cozida. Lá se vão suas férias. Não há como resistir a uma galinha.
Agora, só no final do ano... logo depois do Natal... É amigo, parece que o universo conspira contra você. Você até pode tirar suas férias e ir à praia, mas que sentido faz se não puder tirar a camiseta? Como pode, Deus, um homem viver assim? Assim, você passará dias, semanas e até meses se lamentado pelo triste fado que lhe corroera o futuro, e comendo essas lamentações.
Tudo isso sem contar outras datas com potencial de engorda como o aniversário, dia dos pais ou das mães e festas típicas e aniversários aos quais você será convidado.
Todavia, como dizia o sábio chinês... ou era árabe? Ou seria tibetano?... Enfim, como dizia o sábio do Oriente (talvez do Médio): tudo tem um lado bom. Imagine se você fosse uma criança de dez, doze ou catorze anos. Além de todas essas datas comemorativas, você ainda sofreria pesados ataques calóricos do Dia das Crianças e do Dia de São Cosme e Damião. Depois não sabem por que nossas crianças estão cada vez mais rechonchudas e viciadas em Coca-Cola.
Não sei a quem tanto interessa um mundo recheado de pessoas mais gordinhas. Só sei que precisamos agir, levantar da cadeira e fazer algo a respeito. Mas enquanto a gente não decide como tudo isso vai ser organizado... eu vou na cozinha preparar um lanchinho e já volto.
Em 25 de dezembro, temos o Natal. Bem, isso provavelmente você já sabia. Nessa época do ano nós comemos muito. Comemos peru, pernil, tender, arroz, farofa, peixe, nozes e castanhas, frutas cristalizadas, frutas secas, frutas em calda, panetone, chocotone e, para não pesar demais, uma saladinha. Tudo bem que às vezes fazemos mais comida do que comemos - vai ver é o tal espírito natalino, notoriamente generoso -, mas que durante o Natal nós nos entregamos ao pecado da gula, isso é inegável.
Acabou o Natal, e você então pensa: “Agora eu vou maneirar”. Ledo engano. Você e sua família cozinharam uma variedade enorme de pratos, é comida para a semana toda. Após constatar essa fatalidade você se resigna e se esforça ao máximo no nobre objetivo de evitar o desperdício de alimentos.
Quando a semana vai se aproximando de seu fim, você percebe mais uma verdade da qual não é possível fugir: o Ano Novo. A segunda data mais “engordativa“ do nosso calendário acontece exatamente uma semana após a mais “engordativa”. Coincidência? Sim, coincidência. Mas, convenhamos, uma infeliz coincidência para mim, para você e para todos que querem perder aqueles quilinhos a mais, agregados durante o Natal.
O cardápio do Ano Novo, vulgo Reveillon, não difere muito das iguarias natalinas. Inclua agora cem gramas de lentilha, cachos de uva, uma romã, nhoque e algumas garrafas de cidra. Nessa época do ano você só não vê mais comida do que formas de simpatias e gente vestindo branco.
Acabou o Ano Novo! Você agora está definitivamente de regime. Não há volta em relação a isso. É verão, todo mundo corre pelas ruas exibindo seus abdomens sarados, e você também quer fazer parte deste não tão seleto grupo.
Pouco mais de um mês fazendo trinta longos minutos de exercícios quase diários e tentando ao máximo não comer em excesso, você se surpreende mais uma vez: oleleô, lá vem o Carnaval. E pior: ainda tem aquele feriado prolongado.
Aí já viu, né? Litros e litros de cerveja, petiscos, frituras e mais cerveja se acumulando na sua e na nossa pança. Quando finalmente a folia acaba, vem o feriado prolongado. Sua empresa deixou os funcionários assistirem as apurações das escolas do Rio e de São Paulo. Você ficará em casa, então, segunda, terça e quarta. Três dias de nervosismo e ansiedade para saber se nesse ano sua escola finalmente vai levar o título. Agora, leitor, me diga: qual é o melhor jeito de curar a ansiedade? Exatamente... comendo! Mais cerveja, mais fritura e mais cerveja.
É, companheiro, seu começo de ano não foi dos melhores, mas agora está tudo sob controle... só que não sob o seu.
Já se passou pouco mais de um mês desde as suas últimas aventuras alimentícias. Você já até começou a notar um músculo ou outro que antes não via. Já está pensando nas férias de meio de ano e naquela viagem à praia onde você, finalmente, vai poder exibir seu peitoral recém-esculpido. Mas é como diz o ditado: felicidade de pobre dura pouco (porque se você fosse rico já teria feito uma lipoaspiração e terminado com tudo isso). Quem é que vem lá, pulando? O maldito coelhinho da Páscoa.
Cá entre nós, não há como resistir aos encantos da Páscoa; o que dirá, então, aos “encantos” do chocolate, ainda mais na forma de ovo, ou de coelho, ou de cenoura, ou de cigarro... Não há quem não goste de chocolate. Ele sim é o símbolo do pecado. Acredito até que Eva não mordeu uma maçã ao sucumbir às tentações mundanas, mas sim, a uma deliciosa barra de Prestígio ou quem sabe a um maravilhoso Kinder Ovo. Provavelmente isso nunca chegou ao conhecimento geral devido aos interesses imperialistas norte-americanos. Mas isso não vem ao caso agora. A questão é que um pedaço mínimo de chocolate possui um milhão e trezentas calorias. Então por menos que você coma, não há como fugir de dar adeus àqueles músculos. A Páscoa acaba e você imagina o que mais esta por vir, correto?
É hora da Festa Junina. Prepare-se para comer todo tipo de comida à base de milho, chimarrão, maçã doce, algodão doce, galinha na panela, galinhada, galinha ao forno, galinha doce e toda e qualquer forma que uma galinha puder ser cozida. Lá se vão suas férias. Não há como resistir a uma galinha.
Agora, só no final do ano... logo depois do Natal... É amigo, parece que o universo conspira contra você. Você até pode tirar suas férias e ir à praia, mas que sentido faz se não puder tirar a camiseta? Como pode, Deus, um homem viver assim? Assim, você passará dias, semanas e até meses se lamentado pelo triste fado que lhe corroera o futuro, e comendo essas lamentações.
Tudo isso sem contar outras datas com potencial de engorda como o aniversário, dia dos pais ou das mães e festas típicas e aniversários aos quais você será convidado.
Todavia, como dizia o sábio chinês... ou era árabe? Ou seria tibetano?... Enfim, como dizia o sábio do Oriente (talvez do Médio): tudo tem um lado bom. Imagine se você fosse uma criança de dez, doze ou catorze anos. Além de todas essas datas comemorativas, você ainda sofreria pesados ataques calóricos do Dia das Crianças e do Dia de São Cosme e Damião. Depois não sabem por que nossas crianças estão cada vez mais rechonchudas e viciadas em Coca-Cola.
Não sei a quem tanto interessa um mundo recheado de pessoas mais gordinhas. Só sei que precisamos agir, levantar da cadeira e fazer algo a respeito. Mas enquanto a gente não decide como tudo isso vai ser organizado... eu vou na cozinha preparar um lanchinho e já volto.
20 de janeiro de 2007
Poemas de uma mente sonhadora 2
A dor que corre por as minhas veias
Se alastra dentro e fora do meu corpo
Corrói-me como um ácido teimoso
E faz-me ser sereno por completo
Atiça meus desejos mais distintos
Me corta como lâmina ardida
Constrói dentro de mim milhões de versos
Derruba cada estrofe em seguida
Arranja em meu peito tua mão
Sufoca-o de todo seu alento
Crava suas unhas e então
Belisca dele um grito de desejo
Assim, sem ir, eu vou de lá pra cá
Manchado pelas dores da paixão
São poucas quando vêem para ficar
São muitas quando vêem e depois vão
(Renato Santana)
Se alastra dentro e fora do meu corpo
Corrói-me como um ácido teimoso
E faz-me ser sereno por completo
Atiça meus desejos mais distintos
Me corta como lâmina ardida
Constrói dentro de mim milhões de versos
Derruba cada estrofe em seguida
Arranja em meu peito tua mão
Sufoca-o de todo seu alento
Crava suas unhas e então
Belisca dele um grito de desejo
Assim, sem ir, eu vou de lá pra cá
Manchado pelas dores da paixão
São poucas quando vêem para ficar
São muitas quando vêem e depois vão
(Renato Santana)
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