Estou convencido de que a disposição dos feriados ao longo do ano é feita para nos engordar. Analise comigo:
Em 25 de dezembro, temos o Natal. Bem, isso provavelmente você já sabia. Nessa época do ano nós comemos muito. Comemos peru, pernil, tender, arroz, farofa, peixe, nozes e castanhas, frutas cristalizadas, frutas secas, frutas em calda, panetone, chocotone e, para não pesar demais, uma saladinha. Tudo bem que às vezes fazemos mais comida do que comemos - vai ver é o tal espírito natalino, notoriamente generoso -, mas que durante o Natal nós nos entregamos ao pecado da gula, isso é inegável.
Acabou o Natal, e você então pensa: “Agora eu vou maneirar”. Ledo engano. Você e sua família cozinharam uma variedade enorme de pratos, é comida para a semana toda. Após constatar essa fatalidade você se resigna e se esforça ao máximo no nobre objetivo de evitar o desperdício de alimentos.
Quando a semana vai se aproximando de seu fim, você percebe mais uma verdade da qual não é possível fugir: o Ano Novo. A segunda data mais “engordativa“ do nosso calendário acontece exatamente uma semana após a mais “engordativa”. Coincidência? Sim, coincidência. Mas, convenhamos, uma infeliz coincidência para mim, para você e para todos que querem perder aqueles quilinhos a mais, agregados durante o Natal.
O cardápio do Ano Novo, vulgo Reveillon, não difere muito das iguarias natalinas. Inclua agora cem gramas de lentilha, cachos de uva, uma romã, nhoque e algumas garrafas de cidra. Nessa época do ano você só não vê mais comida do que formas de simpatias e gente vestindo branco.
Acabou o Ano Novo! Você agora está definitivamente de regime. Não há volta em relação a isso. É verão, todo mundo corre pelas ruas exibindo seus abdomens sarados, e você também quer fazer parte deste não tão seleto grupo.
Pouco mais de um mês fazendo trinta longos minutos de exercícios quase diários e tentando ao máximo não comer em excesso, você se surpreende mais uma vez: oleleô, lá vem o Carnaval. E pior: ainda tem aquele feriado prolongado.
Aí já viu, né? Litros e litros de cerveja, petiscos, frituras e mais cerveja se acumulando na sua e na nossa pança. Quando finalmente a folia acaba, vem o feriado prolongado. Sua empresa deixou os funcionários assistirem as apurações das escolas do Rio e de São Paulo. Você ficará em casa, então, segunda, terça e quarta. Três dias de nervosismo e ansiedade para saber se nesse ano sua escola finalmente vai levar o título. Agora, leitor, me diga: qual é o melhor jeito de curar a ansiedade? Exatamente... comendo! Mais cerveja, mais fritura e mais cerveja.
É, companheiro, seu começo de ano não foi dos melhores, mas agora está tudo sob controle... só que não sob o seu.
Já se passou pouco mais de um mês desde as suas últimas aventuras alimentícias. Você já até começou a notar um músculo ou outro que antes não via. Já está pensando nas férias de meio de ano e naquela viagem à praia onde você, finalmente, vai poder exibir seu peitoral recém-esculpido. Mas é como diz o ditado: felicidade de pobre dura pouco (porque se você fosse rico já teria feito uma lipoaspiração e terminado com tudo isso). Quem é que vem lá, pulando? O maldito coelhinho da Páscoa.
Cá entre nós, não há como resistir aos encantos da Páscoa; o que dirá, então, aos “encantos” do chocolate, ainda mais na forma de ovo, ou de coelho, ou de cenoura, ou de cigarro... Não há quem não goste de chocolate. Ele sim é o símbolo do pecado. Acredito até que Eva não mordeu uma maçã ao sucumbir às tentações mundanas, mas sim, a uma deliciosa barra de Prestígio ou quem sabe a um maravilhoso Kinder Ovo. Provavelmente isso nunca chegou ao conhecimento geral devido aos interesses imperialistas norte-americanos. Mas isso não vem ao caso agora. A questão é que um pedaço mínimo de chocolate possui um milhão e trezentas calorias. Então por menos que você coma, não há como fugir de dar adeus àqueles músculos. A Páscoa acaba e você imagina o que mais esta por vir, correto?
É hora da Festa Junina. Prepare-se para comer todo tipo de comida à base de milho, chimarrão, maçã doce, algodão doce, galinha na panela, galinhada, galinha ao forno, galinha doce e toda e qualquer forma que uma galinha puder ser cozida. Lá se vão suas férias. Não há como resistir a uma galinha.
Agora, só no final do ano... logo depois do Natal... É amigo, parece que o universo conspira contra você. Você até pode tirar suas férias e ir à praia, mas que sentido faz se não puder tirar a camiseta? Como pode, Deus, um homem viver assim? Assim, você passará dias, semanas e até meses se lamentado pelo triste fado que lhe corroera o futuro, e comendo essas lamentações.
Tudo isso sem contar outras datas com potencial de engorda como o aniversário, dia dos pais ou das mães e festas típicas e aniversários aos quais você será convidado.
Todavia, como dizia o sábio chinês... ou era árabe? Ou seria tibetano?... Enfim, como dizia o sábio do Oriente (talvez do Médio): tudo tem um lado bom. Imagine se você fosse uma criança de dez, doze ou catorze anos. Além de todas essas datas comemorativas, você ainda sofreria pesados ataques calóricos do Dia das Crianças e do Dia de São Cosme e Damião. Depois não sabem por que nossas crianças estão cada vez mais rechonchudas e viciadas em Coca-Cola.
Não sei a quem tanto interessa um mundo recheado de pessoas mais gordinhas. Só sei que precisamos agir, levantar da cadeira e fazer algo a respeito. Mas enquanto a gente não decide como tudo isso vai ser organizado... eu vou na cozinha preparar um lanchinho e já volto.
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