Refúgio
Autor: Renato Santana
O enorme amor que por ti sinto
Foi forjado de um quilate intenso e puro
É um afeto muito mais do que profundo
De tamanho maior que o infinito
Mas nem tanta grandeza e extensão
Evitou aquele dia tão tristonho
De repente, encontrou seu coração
Que escravizou meu lindo amor como num sonho
Sua tristeza não lhe dá porque o prendes
Já que é isso seu destino, sua sina
Sua angústia vem do fato recorrente
Que o negas como sua companhia
Ó minha Musa, não lhe resta o que fazer
O Amor entende, mesmo algo assombroso
Chorarás então uma tarde de outono
E irá para longe e então morrer
Para o mais quieto e mortal de seus quilombos
Que é estar longe, muito longe de você.
23 de novembro de 2006
21 de novembro de 2006
Desabafos desvairados 2
Acredito que todos já saíram para beber com os amigos, se divertir e confraternizar. Imagino também, que todos já passaram por aquela situação em que um desses amigos bebeu um pouco mais do que o recomendável, não bebeu com parcimônia. Mas duvido que alguém já tenha visto um ser humano tão bêbado quanto o que eu vi há uns dias.
Ele estava muito bêbado, mas muito bêbado mesmo. É aquele tipo de cara que acha que álcool é oxigênio: se parar de beber, morre. Ainda bem que a gente saiu do bar de madrugada, porque se tivéssemos saído à luz do sol, o cara ia entrar em combustão instantânea com certeza, seria flambado em plena avenida. Sabe quando você vai num restaurante e pede de sobremesa frutas flambadas? Então, iria acontecer o mesmo com ele. Pelo menos seria um jeito elegante e sofisticado de ser queimado. Seria menos doloroso do que ter que ouvir o que ele provavelmente ouviu quando chegou em casa.
Bom, vai chegando o final do ano e conseqüentemente chega o tradicional amigo secreto, uma brincadeira divertida que serve para fortalecer amizades, mas que tem lá seus problemas eventuais. Já começa no sorteio que precisa ser feito, em média, entre 20 e 35 vezes. As probabilidades aumentam à medida que o grupo de participantes é maior. Sempre tem aquele que tira a si próprio, ou então alguém cisma que os papéis estão marcados. Isso acontece normalmente quando a pessoa tira alguém que ela não gostou. E o pior é que você sempre tira alguém que você não gosta, nunca conversa ou então nem conhece.
Passado o sorteio, vem a hora de comprar o presente que só não é pior do a hora de receber. Nessa hora vem um monte de dúvidas: você não sabe o que comprar, tudo o que você acha legal tem preço acima do limite, daí você não quer comprar presente acima do limite com medo de receber algo que pareça ter sido reciclado, etc.
Uma vez superada essa parte, vem a tão temida festa da entrega. Você já entra no local reparando no tamanho dos embrulhos, torcendo para que o seu não seja o menor. A essa altura o amigo já não é mais secreto, tudo mundo sabe quem tirou todo mundo e o que fulano vai da para ciclano. Chega a hora da pessoa que te tirou ir à frente e revelar quem é o amigo secreto dela. Descobrem que é você. Então você vai lá, dá um abraço na pessoa, abre o presente e aí que vem a bomba: você acabou de ganhar uma agenda! Quem, em sã consciência, dá uma agenda de presente? Que diabos eu vou fazer com uma agenda? Não é só porque é final de ano e o calendário vai mudar que eu quero uma maldita agenda. Uma agenda eu compro na banca jornal, no supermercado, eu acho na rua. Daí a pessoa fala “é simples, mas é de coração”. O cacete que é do coração! Aposto que o individuo participou de um outro amigo secreto anteriormente, ganhou a mesma agenda, e resolveu repassar o “presente de coração”.
Por essas e outras que amigo secreto é um jogo perigoso. Aliás, o amigo secreto já invadiu o ano todo né. Na Páscoa tem “amigo chocolate”, no Dia das Bruxas tem “inimigo secreto”. Não duvido nada que no Natal criem o “amigo partes do peru”, ou então, “amigo nozes, castanhas, frutas secas, pistache e semelhante”. Para não perder o embalo, emenda-se na virada do ano o “amigo lentilha e outros grãos”. Daí acaba o ano, os feriados, mas só até o Carnaval, que é quando acontece o “amigo confetes e serpentinas”. No meio do ano, em meio à Festa Junina, celebra-se o “amigo derivados do milho”.
É espantoso como o ser humano gosta de ganhar presentes, especialmente as mulheres. Elas têm o chá de bebê, o chá de panela e agora também o chá de lingerie. Tudo para ganharem presentes. Que interesseiras! Daí vão criar o “chá de laticínios” quando fizerem a primeira amamentação, quando entrarem na menopausa vai vir o “chá de toalhinha e antitérmicos”, e assim por diante.
Antes que eu me decepcione ainda mais com a raça humana, e comece a gostar mais do meu cachorro, ir-me-ei. Ah, que felicidade! Eu sempre quis usar mesóclise num texto, mas nunca tive a oportunidade; finalmente um sonho que se realiza.
Ele estava muito bêbado, mas muito bêbado mesmo. É aquele tipo de cara que acha que álcool é oxigênio: se parar de beber, morre. Ainda bem que a gente saiu do bar de madrugada, porque se tivéssemos saído à luz do sol, o cara ia entrar em combustão instantânea com certeza, seria flambado em plena avenida. Sabe quando você vai num restaurante e pede de sobremesa frutas flambadas? Então, iria acontecer o mesmo com ele. Pelo menos seria um jeito elegante e sofisticado de ser queimado. Seria menos doloroso do que ter que ouvir o que ele provavelmente ouviu quando chegou em casa.
Bom, vai chegando o final do ano e conseqüentemente chega o tradicional amigo secreto, uma brincadeira divertida que serve para fortalecer amizades, mas que tem lá seus problemas eventuais. Já começa no sorteio que precisa ser feito, em média, entre 20 e 35 vezes. As probabilidades aumentam à medida que o grupo de participantes é maior. Sempre tem aquele que tira a si próprio, ou então alguém cisma que os papéis estão marcados. Isso acontece normalmente quando a pessoa tira alguém que ela não gostou. E o pior é que você sempre tira alguém que você não gosta, nunca conversa ou então nem conhece.
Passado o sorteio, vem a hora de comprar o presente que só não é pior do a hora de receber. Nessa hora vem um monte de dúvidas: você não sabe o que comprar, tudo o que você acha legal tem preço acima do limite, daí você não quer comprar presente acima do limite com medo de receber algo que pareça ter sido reciclado, etc.
Uma vez superada essa parte, vem a tão temida festa da entrega. Você já entra no local reparando no tamanho dos embrulhos, torcendo para que o seu não seja o menor. A essa altura o amigo já não é mais secreto, tudo mundo sabe quem tirou todo mundo e o que fulano vai da para ciclano. Chega a hora da pessoa que te tirou ir à frente e revelar quem é o amigo secreto dela. Descobrem que é você. Então você vai lá, dá um abraço na pessoa, abre o presente e aí que vem a bomba: você acabou de ganhar uma agenda! Quem, em sã consciência, dá uma agenda de presente? Que diabos eu vou fazer com uma agenda? Não é só porque é final de ano e o calendário vai mudar que eu quero uma maldita agenda. Uma agenda eu compro na banca jornal, no supermercado, eu acho na rua. Daí a pessoa fala “é simples, mas é de coração”. O cacete que é do coração! Aposto que o individuo participou de um outro amigo secreto anteriormente, ganhou a mesma agenda, e resolveu repassar o “presente de coração”.
Por essas e outras que amigo secreto é um jogo perigoso. Aliás, o amigo secreto já invadiu o ano todo né. Na Páscoa tem “amigo chocolate”, no Dia das Bruxas tem “inimigo secreto”. Não duvido nada que no Natal criem o “amigo partes do peru”, ou então, “amigo nozes, castanhas, frutas secas, pistache e semelhante”. Para não perder o embalo, emenda-se na virada do ano o “amigo lentilha e outros grãos”. Daí acaba o ano, os feriados, mas só até o Carnaval, que é quando acontece o “amigo confetes e serpentinas”. No meio do ano, em meio à Festa Junina, celebra-se o “amigo derivados do milho”.
É espantoso como o ser humano gosta de ganhar presentes, especialmente as mulheres. Elas têm o chá de bebê, o chá de panela e agora também o chá de lingerie. Tudo para ganharem presentes. Que interesseiras! Daí vão criar o “chá de laticínios” quando fizerem a primeira amamentação, quando entrarem na menopausa vai vir o “chá de toalhinha e antitérmicos”, e assim por diante.
Antes que eu me decepcione ainda mais com a raça humana, e comece a gostar mais do meu cachorro, ir-me-ei. Ah, que felicidade! Eu sempre quis usar mesóclise num texto, mas nunca tive a oportunidade; finalmente um sonho que se realiza.
16 de novembro de 2006
Desabafos desvairados
Voltando para casa dia desses, eu vi de dentro do ônibus como os motoqueiros da cidade de São Paulo são irresponsáveis. Eles passam em meio aos carros sem nenhum tipo de cuidado. Não me entendam mal, eu não estou querendo culpá-los por nada, eles têm lá seus motivos, mas que é perigoso isso é. Sem contar uma outra parcela deles, que abusam ainda mais e depredam os carros conforme passam por entre eles. Eu sei que não é a maioria, mas que eles existem, existem.
Esses tipos de motoqueiros devem achar que São Paulo é alguma espécie de Playcenter gigante, onde a emoção e a adrenalina imperam. Ou então, eles devem sofrer algum tipo de disfunção mental, e acreditam que as ruas da cidade fazem parte do cenário de um jogo de realidade virtual, e eles, como personagens desse jogo, têm como objetivo coletar o maior número de espelhos retrovisores. Obviamente, ganha quem “acumular mais pontos”.
Outra coisa interessante que eu percebi, também dia desses, foi assistindo a um filme de ação que passou na Sessão da Tarde. Não me lembro que filme era, mas acredito que tenha sido Rambo 12 ou Rambo 13. Não é intrigante como os personagens sabem exatamente a hora que uma bomba vai explodir, e se jogam momentos antes para evitar que se machuquem? Seriam eles videntes? Repare. Todo filme com explosão é assim. O mocinho sempre pula segundos antes da bomba explodir. Mais um mistério para Padre Quevedo resolver.
Enquanto eu escrevia esse texto para você, caro leitor. Eu confesso que precisei relaxar um pouco, e parei por alguns minutos. Nesse meio tempo, aproveitei para ver algumas das minhas 78 contas de e-mail, e percebi algo (sim, sim! Hoje eu estou percebendo muitas coisas mesmo). É algo espantoso, o número de “spams” que eu recebo todo dia. São e-mails de toda a sorte, mas a grande maioria é constituída por anúncios de tratamento de aumento de pênis ou de Viagra. Eu não sei se eu tenho cara de impotente, ou sei lá, mas eu não sei porque eu recebo tantos e-mails desse tipo. Deve estar escrito a palavra “BROXA” na minha testa, só pode ser! Sabe, eu só tenho vinte anos, eu não preciso de Viagra. O que eu preciso é que esses malditos frustrados parem de me mandar e-mail insinuando que tenho pênis pequeno e arranjem logo uma namorada pra passar o tempo.
Falando em tempo, está chegando o dia da prova da Fuvest. Só tenho mais uma semana para estudar. Eu lembrei agora de uma historia engraçada. No dia que eu fui confirmar minha matrícula, quando já havia esperado aproximadamente uns quarenta minutos na fila e já estava chegando na entrada do prédio, um cidadão que estava à minha frente percebeu que havia esquecido seu RG, e acabou tendo que sair da fila, depois de ter esperado não sei quanto tempo. Bom, talvez a história não tenha sido tão engraçada, especialmente para esse cidadão. Mas o que eu queria dizer é como o brasileiro sempre deixa tudo para a última hora. Faz parte da nossa cultura. Veja a novela das oito, por exemplo, que horas ela começa? Às nove!!! No exato último momento em que o relógio termina a vigésima hora do dia, começa a novela das oito. Tecnicamente não está errado.
E como quem é refém do tempo, eu preciso ir. Espero poder ter um dedinho de prosa com você num a próxima. Até.
Esses tipos de motoqueiros devem achar que São Paulo é alguma espécie de Playcenter gigante, onde a emoção e a adrenalina imperam. Ou então, eles devem sofrer algum tipo de disfunção mental, e acreditam que as ruas da cidade fazem parte do cenário de um jogo de realidade virtual, e eles, como personagens desse jogo, têm como objetivo coletar o maior número de espelhos retrovisores. Obviamente, ganha quem “acumular mais pontos”.
Outra coisa interessante que eu percebi, também dia desses, foi assistindo a um filme de ação que passou na Sessão da Tarde. Não me lembro que filme era, mas acredito que tenha sido Rambo 12 ou Rambo 13. Não é intrigante como os personagens sabem exatamente a hora que uma bomba vai explodir, e se jogam momentos antes para evitar que se machuquem? Seriam eles videntes? Repare. Todo filme com explosão é assim. O mocinho sempre pula segundos antes da bomba explodir. Mais um mistério para Padre Quevedo resolver.
Enquanto eu escrevia esse texto para você, caro leitor. Eu confesso que precisei relaxar um pouco, e parei por alguns minutos. Nesse meio tempo, aproveitei para ver algumas das minhas 78 contas de e-mail, e percebi algo (sim, sim! Hoje eu estou percebendo muitas coisas mesmo). É algo espantoso, o número de “spams” que eu recebo todo dia. São e-mails de toda a sorte, mas a grande maioria é constituída por anúncios de tratamento de aumento de pênis ou de Viagra. Eu não sei se eu tenho cara de impotente, ou sei lá, mas eu não sei porque eu recebo tantos e-mails desse tipo. Deve estar escrito a palavra “BROXA” na minha testa, só pode ser! Sabe, eu só tenho vinte anos, eu não preciso de Viagra. O que eu preciso é que esses malditos frustrados parem de me mandar e-mail insinuando que tenho pênis pequeno e arranjem logo uma namorada pra passar o tempo.
Falando em tempo, está chegando o dia da prova da Fuvest. Só tenho mais uma semana para estudar. Eu lembrei agora de uma historia engraçada. No dia que eu fui confirmar minha matrícula, quando já havia esperado aproximadamente uns quarenta minutos na fila e já estava chegando na entrada do prédio, um cidadão que estava à minha frente percebeu que havia esquecido seu RG, e acabou tendo que sair da fila, depois de ter esperado não sei quanto tempo. Bom, talvez a história não tenha sido tão engraçada, especialmente para esse cidadão. Mas o que eu queria dizer é como o brasileiro sempre deixa tudo para a última hora. Faz parte da nossa cultura. Veja a novela das oito, por exemplo, que horas ela começa? Às nove!!! No exato último momento em que o relógio termina a vigésima hora do dia, começa a novela das oito. Tecnicamente não está errado.
E como quem é refém do tempo, eu preciso ir. Espero poder ter um dedinho de prosa com você num a próxima. Até.
14 de novembro de 2006
Indignação!
Uma das coisas mais indignantes do mundo é a subsistência humana. Digo isso ao passar pelas ruas de São Paulo e ver um morador de rua vasculhando vorazmente uma lata de lixo à procura de algo que lhe fosse útil.
Eu não imagino como pessoas assim sobrevivem. Porque mais do que viver, elas sobrevivem uma semi-vida. São indivíduos marginalizados pela sociedade. Sobras humanas que não parecem merecer outro lugar que não o dos restos: o lixo.
De certa forma, é até compreensível que tais seres humanos sejam vistos com desconfiança. Seria muito bom se cada um de nós adotássemos um morador de rua e lhe déssemos caminhos e chances para uma vida digna. Mas já estamos ocupados em tentar tornar a nossa vida digna, não sobra tempo para que assumamos compromisso com alguém desconhecido, que deixemos um estranho entrar em nossas casas. Afinal, por mais bem intencionados que sejam, eles não são cidadãos sob os olhos da lei, não têm identidade nem certidão, não têm um lar, um emprego, uma família, um sustento, porque não pagam imposto; mas nem têm dinheiro. São seres que não existem, são seres que não são.
Se viver do nosso jeito já é difícil, imagine viver como eles. Realmente me toca o coração ao ver seres humanos retrocedendo à mais bruta forma primitiva. Às vezes, as pessoas não compreendem que por trás daqueles olhos tristes e vazios, daquela pele dura, daquelas unhas sujas, daquele mau cheiro, sob aqueles panos encardidos, está um ser humano como qualquer outro, se não fosse o fato de ter sido esquecido por todos. São vistos como meros ornamentos indesejáveis das grandes metrópoles.
Faço questão de enfatizar que são seres humanos, seres pensantes, que pensam como eu e você, que sabem, como eu e você, que são vítimas de uma sociedade canibalista. Um deles poderia muito bem ser um pai de família, uma ex-executiva de sucesso, um brilhante estudante que por forças do destino acabou entregue a vontade do tempo. E você, pai de família, executiva bem sucedida, estudante exemplar, pode ser um deles amanhã. Sofrer o mesmo sofrimento. Passar o mesmo frio, a mesma fome. Sentir as mesmas dores.
E dores não faltam para eles. São desprezados diariamente. Tratados com indiferença. Tiveram seu orgulho destruído, sua honra sucumbida, sua moral trucidada, sua esperança estilhaçada, e sua alma quase morta, já se encontra demolida. São vistos como indigentes, não com gente.
Mas por que pensar assim? Por que tanto ódio, tanta raiva, tanto desprezo com quem nunca nos fez mal? Eles não bebem porque são bêbados, bebem porque têm frio. Não se drogam porque são viciados, se drogam porque são forte. Sim, fortes e não fracos. Pois agüentar todos esses tormentos e passar por tantos desgostos, chorar por todos os cantos, e mesmo assim continuar na luta pela própria vida os torna mais fortes do qualquer um. Só não são mais fortes porque são vítimas de uma força maior do qualquer outra: a inércia de quem tem o poder de mudar, a inação dos governantes.
A responsabilidade de poder mudar não é nada se a vontade de querer mudar não vem junto. Espero um dia em que eu possa, eu mesmo, mudar essa situação. Não sei se é só um sonho, mas como jornalista profissional espero conseguir mudar essas situação, fazer a diferença, mudar o que é ruim.
Eu não imagino como pessoas assim sobrevivem. Porque mais do que viver, elas sobrevivem uma semi-vida. São indivíduos marginalizados pela sociedade. Sobras humanas que não parecem merecer outro lugar que não o dos restos: o lixo.
De certa forma, é até compreensível que tais seres humanos sejam vistos com desconfiança. Seria muito bom se cada um de nós adotássemos um morador de rua e lhe déssemos caminhos e chances para uma vida digna. Mas já estamos ocupados em tentar tornar a nossa vida digna, não sobra tempo para que assumamos compromisso com alguém desconhecido, que deixemos um estranho entrar em nossas casas. Afinal, por mais bem intencionados que sejam, eles não são cidadãos sob os olhos da lei, não têm identidade nem certidão, não têm um lar, um emprego, uma família, um sustento, porque não pagam imposto; mas nem têm dinheiro. São seres que não existem, são seres que não são.
Se viver do nosso jeito já é difícil, imagine viver como eles. Realmente me toca o coração ao ver seres humanos retrocedendo à mais bruta forma primitiva. Às vezes, as pessoas não compreendem que por trás daqueles olhos tristes e vazios, daquela pele dura, daquelas unhas sujas, daquele mau cheiro, sob aqueles panos encardidos, está um ser humano como qualquer outro, se não fosse o fato de ter sido esquecido por todos. São vistos como meros ornamentos indesejáveis das grandes metrópoles.
Faço questão de enfatizar que são seres humanos, seres pensantes, que pensam como eu e você, que sabem, como eu e você, que são vítimas de uma sociedade canibalista. Um deles poderia muito bem ser um pai de família, uma ex-executiva de sucesso, um brilhante estudante que por forças do destino acabou entregue a vontade do tempo. E você, pai de família, executiva bem sucedida, estudante exemplar, pode ser um deles amanhã. Sofrer o mesmo sofrimento. Passar o mesmo frio, a mesma fome. Sentir as mesmas dores.
E dores não faltam para eles. São desprezados diariamente. Tratados com indiferença. Tiveram seu orgulho destruído, sua honra sucumbida, sua moral trucidada, sua esperança estilhaçada, e sua alma quase morta, já se encontra demolida. São vistos como indigentes, não com gente.
Mas por que pensar assim? Por que tanto ódio, tanta raiva, tanto desprezo com quem nunca nos fez mal? Eles não bebem porque são bêbados, bebem porque têm frio. Não se drogam porque são viciados, se drogam porque são forte. Sim, fortes e não fracos. Pois agüentar todos esses tormentos e passar por tantos desgostos, chorar por todos os cantos, e mesmo assim continuar na luta pela própria vida os torna mais fortes do qualquer um. Só não são mais fortes porque são vítimas de uma força maior do qualquer outra: a inércia de quem tem o poder de mudar, a inação dos governantes.
A responsabilidade de poder mudar não é nada se a vontade de querer mudar não vem junto. Espero um dia em que eu possa, eu mesmo, mudar essa situação. Não sei se é só um sonho, mas como jornalista profissional espero conseguir mudar essas situação, fazer a diferença, mudar o que é ruim.
12 de novembro de 2006
Diálogos do dia-a-dia
- Marta?
- Ritinha?
- Menina, quanto tempo! Nem acredito que é você.
- Pois é, sou eu.
- Nossa! Mas me diga, como você está?
- Ah! Mais ou menos viu Ritinha.
- Você parece abatida, é algo sério?
- Muito!
- O que é, me diga logo!
- Você não vai entender...
- Como não, Marta, eu sou sua amiga ou não sou? Vai, me diz o que aconteceu.
- Sabe o que é... o nível de sensualidade do meu Orkut caiu de 90% para 80%. Aí Ritinha, por que as pessoas precisam ser tão más?
- Você está falando sério, Marta?
- Me diz Ritinha, você acha que eu engordei.
- Claro que não, né. Você...
- Então por que, meu Deus, por quê?!
- Ah Marta, por favor, né.
- E tem mais ainda: eu estou com dois fãs a menos no meu círculo de amigos. Dá para acreditar nisso? Eu não sei quem foi, porque você sabe né, eu tenho tantos amigos que não dá pra controlar quem vira e quem “desvira” meu fã, mas eu sempre tratei meu 891 amigos com tanto carinho, cada um de maneira especial, não sei porque fizeram isso comigo.
- Crápulas!
- Já sei. Eu sabia que isso iria acontecer um dia. Não adianta quantas cirurgias plásticas você faça, os sinais da velhice acabam aparecendo um dia.
- Pelo amor de Deus, Marta, você tem apenas 27 anos. Você está na flor da idade amiga.
- Sim uma flor, uma flor que está murchando...
- Eu realmente não acredito que sua preocupação é apenas por causa disso.
- Aí viu. Eu sabia que você não iria entender. Você é uma mulher jovem, bonita, noiva até. Sua vida é perfeita. Praticamente vive a vida da Barbie.
- Primeiro que a minha idade é a mesma que a sua né, Marta. E segundo... bom, em segundo, eu não estou mais noiva.
- Não? Não brinca menina. Como foi isso?
- Ah, sabe a Raquel, amiga da prima da Bete, que eu vivia dizendo que dava em cima do Orlando? Então, ele me trocou por ela?
- Que vaca! Eu nunca confiei naquela biscate.
- E o pior é que eu já tava preparando todos os detalhes pro nosso casamento.
- Cachorro! Você sabe, né, que eu sempre desconfiei daquele traste.
- Ai, Marta que tristeza. Homens não servem para nada.
- Não mesmo amiga, quando eles não acabam com você, fugindo com outra mulher, eles te destroem, te deixando virtualmente menos sexy. Homens...
- Ritinha?
- Menina, quanto tempo! Nem acredito que é você.
- Pois é, sou eu.
- Nossa! Mas me diga, como você está?
- Ah! Mais ou menos viu Ritinha.
- Você parece abatida, é algo sério?
- Muito!
- O que é, me diga logo!
- Você não vai entender...
- Como não, Marta, eu sou sua amiga ou não sou? Vai, me diz o que aconteceu.
- Sabe o que é... o nível de sensualidade do meu Orkut caiu de 90% para 80%. Aí Ritinha, por que as pessoas precisam ser tão más?
- Você está falando sério, Marta?
- Me diz Ritinha, você acha que eu engordei.
- Claro que não, né. Você...
- Então por que, meu Deus, por quê?!
- Ah Marta, por favor, né.
- E tem mais ainda: eu estou com dois fãs a menos no meu círculo de amigos. Dá para acreditar nisso? Eu não sei quem foi, porque você sabe né, eu tenho tantos amigos que não dá pra controlar quem vira e quem “desvira” meu fã, mas eu sempre tratei meu 891 amigos com tanto carinho, cada um de maneira especial, não sei porque fizeram isso comigo.
- Crápulas!
- Já sei. Eu sabia que isso iria acontecer um dia. Não adianta quantas cirurgias plásticas você faça, os sinais da velhice acabam aparecendo um dia.
- Pelo amor de Deus, Marta, você tem apenas 27 anos. Você está na flor da idade amiga.
- Sim uma flor, uma flor que está murchando...
- Eu realmente não acredito que sua preocupação é apenas por causa disso.
- Aí viu. Eu sabia que você não iria entender. Você é uma mulher jovem, bonita, noiva até. Sua vida é perfeita. Praticamente vive a vida da Barbie.
- Primeiro que a minha idade é a mesma que a sua né, Marta. E segundo... bom, em segundo, eu não estou mais noiva.
- Não? Não brinca menina. Como foi isso?
- Ah, sabe a Raquel, amiga da prima da Bete, que eu vivia dizendo que dava em cima do Orlando? Então, ele me trocou por ela?
- Que vaca! Eu nunca confiei naquela biscate.
- E o pior é que eu já tava preparando todos os detalhes pro nosso casamento.
- Cachorro! Você sabe, né, que eu sempre desconfiei daquele traste.
- Ai, Marta que tristeza. Homens não servem para nada.
- Não mesmo amiga, quando eles não acabam com você, fugindo com outra mulher, eles te destroem, te deixando virtualmente menos sexy. Homens...
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